sábado, 23 de julho de 2016

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO AFETIVO MATERNO-INFANTIL

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MATERNO-INFANTIL
       Freud e o complexo de Édipo aos 4 anos, Melanie Klein e o seio bom e o seio mau, Anna Freud e os mecanismos de defesa do ego, Winnicott e a necessidade da mãe suficientemente boa, Lacan e a importância do vínculo mãe-bebê, Spitz e o hospitalismo, Margarth Mahler e a dependência absoluta e relativa do bebê, Bion, Piaget e o desenvolvimento cognitivo, Margarth Ribblee o abandono da mãe, Harlowe a necessidade de aconchego da mãe, Bowlby e a teoria do apego, Racamier e a relação mãe-bebê, Soulé e a psicopatologia do bebê, são apenas alguns dos autores consagrados pela competência e pelo pensamento científico. Todos aqui citados, psicanalistas, em sua maioria, fisiologista, psicólogo, todos estes e mais inúmeros outros, estudaram e escreveram sobre a relação mãe-bebê e o processo da formação do primeiro vínculo afetivo humano, o vínculo essencial. Seria enfadonho descrever todas as teorias. A razão é bastante óbvia. A criança quando nasce já tem uma sintonia com o corpo que se alimentou e habitou por nove meses. Assim os estudos ultrassonográficos mostram a maneira do bebê tentar conhecer os estímulos externos, como a posição do conforto seguro, a calma que assegura do carinho da mão da mãe. São muitos os vídeos familiares em que se pode observar o momento em que o bebê, ao nascer, é colocado em cima da mãe, minutos depois do nascimento, como param de chorar e como mostram resistência em sair do contato com ela. Alguns chegam a “pedir” para não serem retirados do aconchego do corpo da mãe. O único conhecimento que já temos ao nascer é o corpo da mãe.
       O mundo todo novo e hostil se não houver o bom filtro feito pela mãe, é assustador. Mas, é a mãe que percebe primeiro a vulnerabilidade, a fragilidade, a dependência daquele ser, e se oferece para cuidar dele. É a mãe que desenvolve o primeiro vínculo afetivo, essencial durante toda a infância. Este vínculo afetivo, mãe-bebê, garante a sobrevivência do bebê. Os bebês humanos nascem com necessidade dos dois alimentos que não lhe deixam morrer: o nutriente, o leite materno, e o afeto.
       Harlow demonstrou esta importância do afeto/aconchego com uma experiência com chipanzés órfãos, que chegavam a contrariar a lei natural da preservação da espécie, e se recusavam a se alimentar numa mamadeira encaixada em uma armação/mãe de arame, para permanecer no colo aconchegante da armação lãs e trapos/ mãe.
       Spitz, médico pediatra, observou que as crianças internadas em sua enfermaria num Hospital de Paris, cujas mães os abandonavam, entravam num quadro físico de ausência, de desprendimento pelos estímulos externos, perdiam a fala, perdiam as aquisições motoras, recusavam o alimento, e finalmente, entravam num quadro de caquexia, tendo alguns sido levados à morte, apesar de estarem dentro de um Hospital. A falta da mãe matava. Spitz experimentou, e teve sucesso, destacar uma única enfermeira para cuidar e conversar com carinho com as crianças que iniciavam este quadro que ele definiu como Hospitalismo. A substituição da mãe por uma outra mulher que lhe fava uma atenção especial, um afeto, passou a salvar as crianças que eram abandonadas pela mãe.
       Hoje, o que me espanta, depois de 43 anos de profissão, é ver a função da mãe ser desqualificada. Há uma pressão, talvez mesmo uma distorção desta evidência. Sem este vínculo mãe-bebê, que se estende por toda até a segunda infância, nenhum de nós, nem mulheres/mães, nem homens/pais, estaríamos tentando ser mãe, ser pai, função importante, mas, sinto muito, complementar.
       Mas, o pai hoje é visto como tão essencial que uma criança não sobrevive sem o convívio com ele. De onde veio esta teoria? Em que estudos científicos está baseada? E, o mais curioso, é que só os pais que tiveram algum tipo de acusação de violação de Direitos da Criança, no caso filho ou filha, que reivindicam este convívio, querendo inverter com uma falsa acusação à mãe que transforma o cuidado e a proteção dela em Alienação Parental.

       A imagem, emblemática deste vínculo afetivo, nos mostra olhar, o olho do bebê que é recebido e reinvestido no olho da mãe. O olhar no olho da mãe é a semente da capacitação de empatia. Faz parte do vínculo mãe-bebê, que se desenvolverá e se ampliará por toda a infância.       

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