sexta-feira, 28 de abril de 2023

Tragédia, Crianças assassinadas à machadinha. Parte III

Tragédia, Crianças assassinadas à machadinha. Parte III Medo. Muito medo. Diante daquele pedido de ajuda, o que me acontece frequentemente, eu me senti pequena, impotente, tive muito medo. Mesmo acostumada com a maldade humana que venho aprendendo a detectar ao longo da minha já longa vida, me surpreendi com a resposta do meu corpo, da minha mente. Estava diante de prints que anunciavam massacres de Crianças, já imediata e devidamente encaminhados ao órgão competente. Discurso em defesa de premissas de extermínio por extermínio, ou por causa de pequenas diferenças, apelo por contribuição financeira para a execução de massacres. Pedido de dinheiro para financiar massacre de Crianças nas escolas. Diriam alguns, ou muitos, para desconsiderar porque deve ser alguém brincando. Brincando??? Muitos verbos tiveram sequestrados os seus significados. Brincar é um deles. Mentir, é outro. Fraudar, outro. É possível que esse perfil fosse apenas um individual componente virtual da onda de terror que se espalhou entre as Crianças, os pais, os trabalhadores da Educação Escolar. Percebe-se que há uma intenção de desestabilizar, de causar medo, de causar insegurança, de sentir, mesmo que secretamente, o gostinho de um Poder tirânico. Em meio à mobilização de inúmeras Reuniões sobre “Segurança Escolar”, alimentar a sensação de impotência me parece fazer parte da crueldade que é um dos combustíveis do fantasma de massacre de criancinhas. Mesmo sendo “fake”, esse perfil guarda o odor fétido da crueldade no desejo de atuar um ódio sem precedente, de se regozijar com tenebrosas imagens fantasiadas. Seriam verdadeiros? Ou, outra vez, fakes? Na dúvida, as providências devem ser buscadas. Já nos pesa o dito popular de que brasileiro só fecha a porta depois de roubado. É uma evidência de que a prevenção, em todos os campos, não faz parte de nossas Políticas Públicas, nem, individualmente, de nosso comportamento em nossas vidas diárias. Esse parece ser um traço muito comum entre nós que conduz à uma característica de improvisação, resolver problemas ao invés de evita-los, confundida muitas vezes com criatividade. Medo. Ele não me largou mais. Ninguém pode me garantir que não vai mais se repetir uma cena tão sub-animal como essa. Ninguém pode me trazer de volta a mínima segurança em que vivíamos. Mínima, porque há muito, com todas as balas de fuzil que mataram crianças, com todos os espancamentos que ceifaram vidas infantis, com todos os estupros diários que assassinaram corpo e alma de bebês, já estávamos funcionando no limite mínimo de segurança. Tristeza. O medo era triste, e continua triste. Quanta dor. A impotência dói. Quando a situação veio à tona, ela já convivia conosco deslizando por baixo da superfície, fraturou algo de maneira perene. E quebrou também o mito do brasileiro amável, alegre. A lenda falsa de que nós somos uma terra sem guerras. E o que vivemos nas cidades partidas? O apartheid das nossas capitais e das grandes cidades. As mais desenvolvidas são as que exibem as maiores desigualdades. E as mais violentas. Desânimo. Não. Por mais que seja enfadonho e decepcionante a repetição de tragédias contra Crianças, não podemos abandonar os pequenos já abandonados pela sociedade e pelo Poder Público. É preciso continuar. É preciso transformar o medo, a tristeza, a dor, o desânimo, a decepção, em força, em mais compromisso. Quando vemos que a irresponsabilidade de agentes públicos que numa canetada condenam várias Crianças à Privação Materna Judicial, em canetadas impulsivas traçadas por dogmas derivados de um pedófilo, seguido à risca, constatamos que o conceito de tragédia está capilarizado, inundando uma parcela grande de vulneráveis, vítimas de violências de muitas formas. Quando é conseguida uma Lei, 13.431/2017, que garante a dignidade da Criança por ocasião da Revelação de violências sofridas por ela, permitindo uma Escuta Protegida, e gravada, o que impede devaneios de laudos interpretativos, que acusam a Criança de ser mentirosa e não apresentam as provas, constatamos que há uma agente pública que está fazendo uma campanha pública para burlar essa Lei de Proteção. Aliás, essa atitude pode ser enquadrada no Art. 286 do código penal, porque incita ao crime de lesar nosso ordenamento legal, assim como viola também os Artigos que garantem os Direitos da Criança, escritos no ECA. A omissão e o silêncio que cala situações agressivas vistas são a conivência que protege o agressor. A recente Lei Henry Borel cobra a responsabilização de membros da família, vizinhos, professores, médicos, trouxe alguns episódios de “ninguém viu nada”, como no caso da bebê Quênia, 2 anos, assassinada sob a guarda do pai, com a companhia da madrasta. Eram 59 lesões visíveis no pequeno corpo que tinha menos de 70 cms. de altura. Ninguém viu nem ouviu nada. Nem um grito, nem um choro, nem um hematoma, nem uma lesão vaginal. Nem família extensa, nem vizinhos, nem creche. Leis, não faltam. Falta civilidade com honestidade. À machadinha, à faca, a fuzil, a socos e pontapés, à caneta, estamos assassinando nossas Crianças, com crueldade, em cenas que atestam uma perversidade inimaginável que se fez e faz realidade.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Tragédia: as Crianças assassinadas à machadinha. Parte II

Tragédia, crianças assassinadas à machadinha. Parte II Há nesse momento uma grande mobilização em torno do título “Segurança nas Escolas”. São comissões especiais, reuniões, muitos palpites, muitas proto-teses, quase todas baseadas no óbvio com a tonalidade de defesa por armamento, negligenciando-se o fato de um possível combate e abate de algum ou de alguns agressores que se insurgissem tentando adentrar uma escola. Com o testemunho das crianças, incluindo o risco das balas perdidas que já vêm encontrando corpos de crianças nos seus trajetos. Aceitamos afirmações sem critério, mas que seguem o gênero. Se, é homem e cometeu ato inaceitável, fala-se que ele “surtou”, e, circunscrito àquela situação, fica por conta de uma crise mental incontrolável. Se, é mulher, fala-se que é louca descredibilizando-a. Se, é uma menina de 6 anos, espancada por 3 meninos da mesma idade, a Escola abafa e passa pano, como se diz hoje. E, como nos casos de violência sexual que a culpa é da menina que estava com a saia curta, ou da mãe que rompeu o casamento, cansada de apanhar e é morta porque ele não se conformou com o término da relação, aparecem até também os comentários que defendem o predador: “essa menina foi jogar futebol com os meninos, então tinha que está preparada”. Preparada para ser espancada, ser jogada no chão, ser chutada até no rosto? Não raro, encontramos agressores de hoje que têm um curriculum extenso de violências cometidas contra crianças e mulheres. Muitas vezes violências levadas à autoridade policial, com o devido B.O., boletim de ocorrência, alguns com rápidas prisões, alguns em menor número, com condenações e penas afrouxadas, como manda a lei, por bom comportamento. E, esses indivíduos, seguem repetindo o comportamento agressivo que adoece crianças e mulheres, encarcerando-as, em prisão perpétua, no ciclo da opressão, no ciclo do medo. Se a machadinha, que reduziu crianças a pedaços de madeira, nos chocou e perturbou todo o país que se uniu em torno de saídas, é preciso pensar que também as crianças que foram, individualmente, torturadas e mortas por predadores perversos, comoveram, mas não mobilizaram o país para buscar uma saída. Por isso, se repetem os casos de crianças que serviram de objeto de perversidade, foram assassinadas sob longos períodos de tortura, desassistidas pelo Sistema de Justiça, desamparadas por toda a sociedade. Joanna Marcenal, Isabella Nardoni, Bernardo Boldrini, João Vitor, Andrei, os irmãos Lucas e Mariah, Henry Borel, mais recentemente Quênia, são apenas algumas das crianças que tiveram seus Direitos de Proteção Integral vilipendiados. Joanna, por exemplo, até hoje o suspeito não foi a júri. Ela foi morta com vários sinais de tortura em 2010. Além de não haver julgamento, há inúmeros casos em que o processo criminal é arquivado porque invertem-se as provas. No meio disso, há projétil que faz o trajeto inverso na cabeça da criança, ou seja, entra na fronte, abrindo o crânio e sai no alto da cabeça promovendo, na saída, uma queimadura do couro cabeludo, para se “concluir” que o menino cometeu suicídio, com o arranjo de uma pistola nas mãos, voltada para seu rosto. Como se fosse possível, considerando a Física, que depois de disparar a arma continuaria nas mãozinhas da Criança, não aconteceria o deslocamento pelo disparo. Mas, é esta “perícia” que é validada. Por outro lado, também é trágico quando, uma afirmação que consta em muitas perícias realizadas no I.M.L., atestando a conjunção carnal adversa, terminologia usada para descrever atos libidinosos sofridos por uma criança, é invertida, por profissional não médico, em lesão por masturbação anal em criança da 1ª infância. E esta interpretação do fato constatado pelo médico legista concursado, é aceita e validada. Essas são tragédias que não saem na mídia porque são protegidas pelo segredo de justiça. A criança não é protegida. Com base nesse tipo de crueldade profissional, resta a condenação da mãe por alienação parental, e a criança seviciada é entregue ao seu agressor em Guarda Unilateral. A perversidade de alguns, sentados em seus gabinetes, também tortura e mata crianças. Cada Criança importa. Uma Criança importa. O segredo de justiça lhe confere a invisibilidade, mas a tatuagem na alma desses invisibilizados está impressa, fermentando. Nenhum agressor de Criança veio de Marte. Eles cresceram aqui entre nós. Eles estão aqui. O Serial Keller da machadinha que invadiu a creche/escola, depois de matar 4 crianças e ferir mais 5, saiu, com os gritos nos ouvidos e sangue nas mãos, parou, tomou um copo de água e fumou um cigarro para, segundo ele, diminuir a adrenalina, e foi se entregar num quartel próximo. Surtado? Não. Penso que não sabemos explicar um comportamento desses. Nem o que pratica a tortura com seus filhos, dentro de casa. Não conseguimos sentir o que sentem. Talvez por isso tenhamos tanto medo e escolhemos negar. Negar que existe bem perto de nós. Negar a gravidade disso que não nos parece humano. Mas, essa perversidade é praticada por humanos e, muitas vezes, humanos que amamos

Tragédia: o assassinato de Crianças à machadinha. Parte I

Tragédia: o assassinato de Crianças à machadinha. Parte I. É difícil botar o dedo numa ferida social desta dimensão. Confesso que, apesar dos meus 50 anos de trabalho com crianças e adolescentes, as palavras não chegam, as palavras são pequenas para dizer o enorme tamanho do horror. No entanto, não posso deixar de analisar a questão do massacre de 4 crianças, e ferimento em mais 5, pelo viés fenomenológico. Um homem invade uma creche/escola pulando o muro. Munido de uma machadinha ataca as crianças que encontra pela frente, com vários golpes em cada uma delas. Em seguida, foge e vai se entregar, espontaneamente, num quartel ali perto. A morte dessas crianças e os ferimentos das outras nessas circunstâncias promovem uma comoção em mistura de horror, ódio, rejeição pelo agressor, dor, empatia pelas crianças, por suas mães, seus pais, suas famílias, sentimentos em caldo de impotência. Pressa na solução imediata que sempre tende à linha do armamento, da agressividade contra-atacada. Seguranças armados, detector de metais, e psicólogos, tudo imediato. No momento crítico, chama os psicólogos. Como se um psicólogo, e só um psicólogo, fosse capaz de “resolver” um trauma de uma dada comunidade. Esse é um equívoco que coloca esse profissional como um salvador, que não é. O trabalho psicológico, não importa a linha teórica seguida, acontece em um tempo peculiar a cada pessoa traumatizada. Não há mágica. O estresse pós-traumático se instala de várias maneiras, em diferentes tempos. Uma professora que socorreu as Crianças na creche, sofreu um infarto e precisou ser operada, alguns dias depois. Enquanto reuniões e comissões são prementes, a Escola agoniza em sua função de formação sócio-epistemológica. Faltam professores e, às vezes, telhado, nas Públicas, e sobram preconceitos e episódios de bullying nas privadas, que são minimizados. Sua função está em franca falência. Por outro lado, a escola é o grande concentrado de vulneráveis. Não à toa, ela é locadora de pessoas com grandes defeitos ou com ausência de caráter. E, a vulnerabilidade, é o maior dos atrativos para os que não têm caráter porque esses buscam o Poder sobre os outros. A Escola é um alvo de uma sociedade que desce a ladeira de um pretenso progresso. Ataques de alunos que surgem em seu seio, ou de adultos invasores, tanto faz, à faca, a tiros, e, agora, à machadinha, evidenciam nossa sociedade cenográfica, de papelão, uma sociedade de faz de conta. Faz de conta que temos leis, faz de conta que fomentamos o conhecimento, faz de conta que cuidamos da formação da pessoa do amanhã. Menina de 9 anos morre com um tiro de fuzil no Rio de Janeiro, indo para a escola. No dia anterior, menina de 8 anos, voltando da escola, morre com um tiro na cabeça, em Minas Gerais. Aluno esfaqueia colega na escola no Amazonas. Há algumas semanas, uma professora foi assassinada por um aluno, no Rio de Janeiro, tentando impedi-lo de fazer uso da arma contra os colegas. Em Santa Catarina, na pacata e elogiada Blumenau pela qualidade de vida, 4 Crianças são assassinadas e 5 feridas, à machadinha. Indo, vindo ou dentro da escola, as Crianças estão sendo assassinadas. Se há hoje uma mudança na abordagem da notícia desse tipo de crime, acordada pelos veículos de informação, não publicitar o nome de criminoso para diminuir o efeito “ibope” que incentiva outros criminosos, continuamos a ver pessoas que repostam vídeos de atrocidades cometidas contra crianças, sob a ilusória alegação de que é para prender o agressor. Não pensam que estão publicitando um crime e expondo a Criança em situação vexatória. Existe o caminho curto de fazer chegar à polícia, ao Ministério Público. Vale ressaltar que repostar para “pegar” o agressor é crime. Facilmente, se lança mão da justificação de que esses autores dessas tragédias estavam em surto. Ou que tinham sofrido bullying e mataram em busca de vingança. Bem semelhante ao calo social de dar como motivo para os Feminicídios a frase “não se conformou com o término do relacionamento”. Mas, como coadunar a sequência de comportamentos de alguém em surto psicótico matando crianças em série e logo a seguir, recobrando sua lucidez, magicamente, ao se dirigir a um quartel e se entregar? Analisando o comportamento praticado, com muita dificuldade, nos deparamos com alguém que repete um gesto violento várias vezes, tirando a vida de pequenos, com as próprias mãos, pequenos que eram facilmente dominados e que nada lhe tinham feito. A machadinha retrocede a ação repetitiva ao mais primitivo dos primórdios da necessidade de sobrevivência, há milênios. Não há nenhum rastro de lógica nesse comportamento que não foi instantâneo, durou alguns minutos, sem que nenhum rastro de humanidade o detivesse. Nem o olhar suplicante de suas vítimas. E, então, sai da cena dos crimes hediondos que tinha cometido e caminha para se entregar a figuras de autoridade num quartel. Isso não tem nenhum sentido. Temos tantos bons pesquisadores e pensadores sociais, por que não convoca-los para pensar junto a etiologia da violência crescente em nossa sociedade? Por que não nobilizar a sociedade para refletir sobre suas ações violentas e suas omissões protagonizadas pela impunidade reinante de todos os tipos de crime que cometemos, todos? A impunidade estrutural está matando nossos filhos. A não reflexão leva ao erro por repetição piorada.

segunda-feira, 3 de abril de 2023

Alienação parental, pedofilia, violência, barbarismo, a perversidade. Parte V

Alienação Parental, pedofilia, violência, barbarismo, a perversidade. Parte V Um Juiz de Direito que estupra, espanca, xinga, carimba a pele de mulheres, como se gado fossem, e incluindo sua própria mulher na execução dessas várias violências. Um Promotor de Justiça que estrangula a namorada e simula uma crise alérgica para sua morte. Um Relatório da Anistia Internacional e um Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que nos confere o vergonhoso 4º lugar no ranking mundial de assassinatos de Defensores de Direitos Humanos e o 5º lugar em Feminicídio. E, quantas juízas e juízes, quantas promotoras e promotores, quantas peritas e peritos de avaliações psicológicas, desdenharam de Crianças, e desqualificaram suas mães, que foram assassinadas, Crianças e Mães/Mulheres, em seguida, pelos seus predadores defendidos por preconceitos e dogmas? Alguns, apenas alguns, em geral, quando ocorre o assassinato da Criança, executado pelo pai, caem em depressão, se entregam ao alcoolismo, finalizam a carreira por autofalência. Afinal, não é fácil carregar a culpa de uma Joanna, de um Bernardo, e de tantos outros. É fácil alegar que todas as Mães que denunciaram violência doméstica ou abuso sexual intrafamiliar são loucas. Gardner, aquele médico americano que defendia a pedofilia como benéfica para a Criança, e ganhou notoriedade fornecendo laudos inocentando pais abusadores, instruiu as pessoas do sistema judiciário a fazer o que ele chamou de “terapia da ameaça”. Ele afirma em seu livro “True and falses accusations of child sex abuse” que nenhuma Criança consegue sustentar a descrição dos episódios de abuso intrafamiliar quando é levada a repetir o relato à exaustão, e que ameaçar a Mãe com a perda da guarda e afastamento total do filho ou filha. Essa é uma estratégia proposta por Gardner em seu livro, e que é seguida à risca porquanto, muito eficiente. É uma mordaça que paralisa a Mãe pelo medo da perda do filho ou filha. Mumificada, alvo de violência patrimonial, a Mãe passa a aceitar “acordos” que ferem os artigos do ECA, da Constituição Federal, assim como Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário. Há ainda uma diferença de Gênero que é escancarada nas audiências de acusação às Mães “loucas” e “alienadoras”. Gritos, e o famoso “cala a boca” são dirigidos com frequência às Mães. Enquanto isso, uma alegação de alienação não necessita de nenhuma comprovação, sendo suficiente apenas o timbre grave da voz masculina que acusa. Como na campanha de Igualdade de Gênero, quando estamos assistindo o esforço de uma tentativa de Política Pública que seja justa quanto aos salários de homens e mulheres exercendo a mesma função numa empresa, precisamos de uma Política Pública, consistente e efetiva, que garanta a igualdade na justiça entre voz de timbre feminino e de timbre masculino, atualmente tão díspares. Na lenda urbana da única situação em que há possibilidade de prisão diante de não pagamento de pensão alimentícia, a validade dessa lenda é dirigida apenas para as Mulheres/Mães. O pai da Quênia se negou para o Juiz a pagar a pensão da filha, e acabou ganhando a menina com 3 meses em guarda unilateral, o que obriga a mãe a pagar pensão para o pai. Esta pensão quando recai sobre a Mãe taxada de “alienadora”, é, rigorosamente, cobrada. E aí a lenda urbana masculina é cobrada com prisão quando não é cumprida. Há algum tempo, tivemos mais uma Mãe presa por atraso na pensão alimentícia da filha que há anos não lhe é permitido ver. Desempregada, usando a Defensoria Pública, foi presa em casa por um grupo de policiais, sem a presença do Oficial de Justiça, e levada da cidade em que mora para uma carceragem numa Delegacia de Homicídios de outra cidade. Uma “vaquinha virtual” levantou a soma em atraso e alguns dias depois, essa Mãe foi solta. Mesmo tendo a garantia de poder ter Prisão Domiciliar, essa Mãe foi retirada de sua filha bebê, o que o Marco Legal da 1ª Infância deveria lhe garantir. Ferir a lei? É comum. Proibida de abrir a boca, vai seguir até o próximo atraso de pagamento da pensão que foi condenada pela Privação Materna Judicial promovida pela Lei de alienação parental. O Direito de ter Mãe foi ceifado para aquelas Crianças que um dia acreditaram que poderiam reclamar por serem abusadas pelo pai. Isso não pode. Para todo lado, fala-se de denúncia. Denuncie. Denuncie. Denuncie. Mas, para que? Para perder a Mãe e ser entregue a seu agressor? E ainda se crê que a Criança poderá escolher aos 12 anos. Outra lenda urbana. Só quem não conhece a Criança e a dinâmica de manipulação de um abusador incestuoso pode se iludir com essa lenda. Uma vez que a Criança é entregue ao seu agressor, ela escolhe ficar com ele. É uma questão de lógica, ele é mais forte e poderoso e ela não irá confrontá-lo, nunca. A Violência Institucional é desastrosa porque aniquila a possibilidade de formar uma Criança Cidadã. E se replica como uma onda. Um tsunami que tudo arrasa. No entanto, existe Mãe que contraria a regra da mumificação judicial. A Reclamação Disciplinar/Criminal, que aponta os crimes cometidos por agentes que deveriam proteger e obedecer às Leis e Tratados Internacionais, ao ECA e à Constituição Federal, mesmo que arrastados, existem. O Abuso de Autoridade é corriqueiro, pode ser punido. É difícil, mas não é impossível. No próximo artigo, traremos um exemplo de Mãe que luta, criminalmente, contra os maus profissionais nomeados e nominados para proteger a Criança, executando a Lei. Há que se fundar uma Cultura de Responsabilização. Porque há JUSTOS na Justiça.

Alienação parental, pedofilia, violência e barbarismo, a perversidade. Parte IV

Alienação parental, pedofilia, violência e barbarismo, a perversidade. Parte IV Negligência, Imperícia e Imprudência. Esses 3 fatores usados com frequência como parâmetros para apontar um erro médico, ou um erro de cálculo estrutural, também se aplicam aos erros sentenciais nas Varas de Família, cometidos por indução de técnicos em laudos, como me afirmou a Comissionada Esmeralda Arrosemena da CIDH da OEA, ou por desvio de propósito do próprio operador de justiça, seguidor do dogma da falácia da alienação parental. Quando uma denúncia de abuso sexual intrafamiliar e/ou de violência doméstica chega ao Ministério Público, a instrução de todos os advogados do agressor, em conjunto com os operadores de justiça, é a acusação na Vara de Família, que já acreditam no preconceito, no prejulgamento, na sentença de que é a mãe que é louca e, por ressentimento pelo fim do casamento, faz a Criança decorar as cenas dos abusos. O que ninguém explica é como uma Criança relata por palavras, por desenhos, por encenações de brincadeiras. Todas essas modalidades de comunicação vêm banhadas de emoção, de mudanças súbitas, de expressão de medo, de recolhimento, de agitação psicomotora, enfim, comportamentos que evidenciam a ansiedade e angústia do Estresse Pós-traumático. Não é razoável que uma questão traumática, agressão física e/ou abuso sexual, as duas violências específicas, classificadas como sendo a Exposição ao Extremo Estresse, já estudado por pesquisadores que encontraram uma correlação entre essas violências continuadas, praticadas por pessoa que a Criança ama e obedece, sejam evaporadas quando chegam aos caminhos torturantes judiciais. Existem coisas ininteligíveis nessa saga, que anunciam desastres, de repetidas “crônicas de uma morte anunciada”. Mas, são muitas mortes. Crianças pedem ajuda, se constrangem para relatar as torturas sexuais ou de espancamento a que são submetidas, e se deparam com aberrações sem nenhum senso crítico, e menos ainda técnico, que tem como objetivo retirar a mãe da vida da Criança. Caminhamos para a contabilização das nefastas sequelas de Crianças, que são amputadas em seu desenvolvimento psicológico, sem volta. É paradoxal a ambivalência do Conselho Nacional de Justiça que comemora cada turma “especializada” em alienação parental, e firma posição do lugar essencial da mãe na 1ª Infância da Criança. Ou seja, o reconhecimento da importância da mãe habita o mesmo espaço das tarjas pretas de mãe alienadora de bebês que ainda estavam sendo amamentados, promovendo o Desmame Traumático e a Privação Materna Judicial. Só lembrando que esse termo “alienação parental” é uma invenção da pseudociência, sem comprovação científica. Mas exerce uma atração mágica, como se dogmática fosse. As incongruências não param por aí. Quando nos deparamos com o caso do menino de 12 anos que é obrigado pela psicóloga judicial a uma acareação com seu abusador, desrespeitando o estado emocional que o acomete ao ver a figura de seu genitor agressor na tela do computador. Ao escutar o relato pormenorizado das atrocidades sexuais a que era submetido pelo pai, a Douta Psicóloga o repreende, dizendo que essas são coisas normais que os homens fazem entre si. E que ele fez errado quando contava para a mãe, isso é que ele não podia deixar acontecer. Os abusos sexuais aberrantes, não. No laudo frauda a descrição de um relacionamento ótimo entre pai e filho que teria presenciado ali, durante a entrevista. Nem reparou que o menino teve afrouxamento esfincteriano pela presença do pai na sala e que sequer olhou para ele. Medo. Pânico. Mas isso parece não ser importante para a “profissional de notório saber”. Por que desqualificar a voz da Criança? Por que não considerar a materialidade da voz da Criança? Uma sentença foi dada entregando a Guarda Unilateral da pequena Quênia ai pai e à madrasta, quando ela tinha 3 meses de idade. Lactente. Não teve o Direito ao Aleitamento Materno. Motivo: o pai se negou a pagar a Pensão alimentícia para a bebê. Aos 2 anos, 1 ano e 9 meses depois disso, Quênia é assassinada com mais de 50 lesões de maus tratos pelo seu pequeno corpo, incluindo lesões de estupro sexual. Qual seria a sustentação dessa decisão judicial? Uma lactente de 3 meses retirada da mãe por causa da negação de pagamento de sua pensão, garantida por lei. Por que? Qual o real motivo? Esta semana fomos inundados pela notícia de uma menina de 12 anos que havia desaparecido no Rio de Janeiro, na Baixada Fluminense, e foi encontrada e resgatada em S. Luiz do Maranhão. Um aliciamento que durava uns 2 anos pela internet. O rapaz pagou R$4.000,00 num carro de aplicativo para leva-los do Rio a São Luiz. Ele, 25 anos, trabalha num açougue. Chegou com documentos falsos para ela, já tinha o carro ou deu sorte e pediu na hora um carro de aplicativo para a viagem até o Maranhão. Mas, veio de avião até o Rio. Um apartamento quarto e sala os esperava. Era o cativeiro. Confiscou o celular dela e lhe entregou um aparelho bem simples que ele controlava. Temos aí crimes em série: aliciamento, corrupção de menor, sequestro, cárcere privado, tortura psicológica, estupro de vulnerável. Mas não é possível se esconder atrás da ingenuidade de pensar que os crimes terminam aí. Esse rapaz, açougueiro, 25 anos, tinha o sonho de guardar essa princesa só para ele no seu castelo? O incompreensível é que esse suspeito (?) de tantos crimes tenha sido levado à delegacia, prestado depoimento e liberado com a justificativa que “não oferece perigo” (sic). Liberado. Recebi há algum tempo um Certificado de Jornalismo Investigativo, pela Associação Nacional e Internacional de Imprensa, ANI. Com meus preliminares conhecimentos, e longa experiência na investigação da Psiquê Humana, já perdi minha ingenuidade. Quem pagou o avião, quem pagou o carro, quem pagou o apartamento, quem treinou o rapaz, e, somando esses gastos, que não são todos, qual o valor programado que a menina renderia? Qual a organização por trás? É óbvio que não daria para essa farra toda um salário de açougueiro, mesmo que fosse o dono do açougue. Mas a pergunta é: por que afirmar que ele não oferece perigo? Isso tudo que ele fez não foram perigos executados? Os exemplos são infinitos. A Negligência, a Imperícia e a Imprudência estão nesses atos que garantem o pai abusador visto pelo magistrado como ilibado, a fama de certos “peritos” que interpretam abusos sexuais atrozes como “coisas normais entre homens” (sic). Ou quando afirmam que uma pessoa que cometeu uma sequência de crimes, muito bem planejados, “não oferece perigo” (sic).