quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Constelação Familiar. Logo, animais são estrelas. Parte III

Constelação Familiar. Logo, animais são estrelas. Parte III Falamos do cavalo, animal, que foi introduzido na sala onde se passam as constelações familiares. Falamos do “cavalo” na Umbanda, aquele que permite que o espírito se comunique através do corpo/cavalo de alguém. Lembrei, num desses dias, do “Incitatus”, em latim, que quer dizer Impetuoso, o cavalo de Calígula. Trazido da Hispânia, era um belíssimo cavalo de corrida. O 3º Imperador de Roma, que reinou entre 37 – 41 d.C., nutria um amor tão profundo por seu cavalo preferido que o nomeou Senador de Roma. A mim me parece que o constelador tem essa função de “cavalo” do espírito do antepassado da linhagem da mulher da família. Os ancestrais predadores, seja pela via da violência física, seja pela via sexual, advêm sempre da família da mãe atual, aquela que fez uma denúncia. Assim, a alegação fácil de “alienação parental da mãe” é o que mais alimenta o fluxo de constelação no judiciário. É reservado também lugar de alta frequência para a violência doméstica, também reduzida a conflito, deixando de ser crime. Mulheres do “olho roxo” sendo “convidadas pelo juiz’ que desrespeita a Medida Protetiva, Instituto Jurídico da Lei Maria da Penha, para estar junto com seu agressor e ser obrigada a cumprir o ritual do “perdão” a ele, ao que o constelador recomenda que seja pedido de joelhos. Afinal, a humilhação à Mulher é bem delineada desde as palavras do inventor dessa ficção científica, que afirmava que a família deve ser patriarcal, e o homem é o chefe absoluto da família. A incoerência entre o descrédito na voz da Criança e da Mulher, acrescido da exigência de materialidade, sabidamente ausente na grande maioria dos casos, posto que beijo na boca de uma Criança não pode ser provado, sexo oral não deixa marcas, penetração digital anal não deixa vestígios, masturbação não pode ser provada, e tantas outras formas perversas de ter um prazer de Poder Absoluto sobre um ser vulnerável, e a crença no retorno dos mortos, parece ser aberrante. Não se acredita na Criança, nem na Mulher, mas se acredita que uma pessoa, o “constelador”, descobre o verdadeiro culpado das violações ocorridas. E, mais estarrecedor, que esse constelador, sem nenhuma formação psicológica, é capaz de, mexendo na posição física dos atores da encenação das dores emocionais das vítimas, “receber” a informação de quem era o causador daquele comportamento violento. Isto é, absolutamente, crível? Entendemos que o ato de julgar é muito difícil e doloroso para o julgador. Se por um lado o julgador experimenta uma sensação de onipotência muito grande, por outro a responsabilidade no julgar lhe deixa, muitas vezes, um saldo de dúvida, que leva à impotência. Desse caminho, pode vir a culpa por um erro. Mas, se esse julgamento é terceirizado, é passado por procuração ao constelador que fala por um morto, toda essa angústia pode ser evaporada no momento, como num passe de mágica. Porque é mágico esse pensamento que está contido nessa ficção de comunicação direta com os mortos, mexendo nos corpos dos vivos que estão em posições aleatórias, mas vistas como transmissoras dessas falas. É também, no mínimo, curioso que a indução a sensações catárticas sejam resultantes de frases ditadas pelo constelador que são repetidas pelos atores improvisados para fazer de conta que estão vivendo a dor do outro. Aqui, tocamos na grave violação do Princípio da Confidencialidade. Cláusula Pétrea para os Profissionais da Psicologia. Mas, como o constelador não precisa de formação nenhuma, claro que isto não é uma questão. É falado que não se deve falar lá fora sobre o que se passou na constelação. Será? Se não é respeitada uma Medida Protetiva Escrita, como exigir que se siga essa regra falada. As dores emocionais são reservas de propriedade absoluta de quem as sente. Não podemos desconsiderar um ponto a ser refletido: o medo dos mortos. Eles nos assombram quando somos Crianças. Alguns continuam com medo deles. A magia de se aproximar deles, de ver alguém, o constelador, receber informações deles e ficar tão solto mexendo em pessoas paradas em lugares por ele determinados, repetindo as frases que ele manda repetir, para ao final, ter o veredito que tudo foi esclarecido, falta só a Mulher pedir perdão ao homem, é de grande alívio em se tratando de sessão que invoca mortos desconhecidos. Minimizar o crime, torná-lo um conflito de autoria da Mulher porque não acolheu o criminoso, seja o que a espanca, seja o que estupra seu filho ou sua filha, é a consagração da Desresponsabilização. É mais uma forma de violência contra a Mulher e a Criança. O auge da encenação fictícia, o pedido de perdão vem envolto em ameaças de vingança daquele ancestral criminoso. A Retaliação já foi iniciada com as violações praticadas, e continuará se o criminoso não for completamente acolhido pela sua vítima. Afinal, as Mulheres são loucas, as Crianças, mentirosas, e a Verdade está em desuso. Isso tudo é chamado de Justiça Humanizada. Julgamentos têm sido baseados mais no “campo” do que nos autos. Dito por um Operador de Justiça. “Campo” quer dizer o “território demarcado pelo constelador para que cheguem as vibrações morfogenéticas dos espíritos de décadas ou séculos passados. Com as constelações familiares a pesada leitura dos enormes processos não se faz mais necessária. No entanto, se é pesada e séria, é também indispensável. Naqueles volumes estão as dores de pessoas, e a esperança de um futuro saudável. Incitatus vive.

domingo, 21 de novembro de 2021

Constelação Familiar. Logo, animais são estrelas. Parte II

Constelação Familiar. Logo, animais são estrelas. Parte II Ursos são estrelas. A proposta da seita da Constelação Familiar está acomodada num espírito que busca retaliação por gerações e gerações. “Espírito” aqui referido diz respeito ao vocábulo que é sinônimo de alma, mas também traz seu significado de envolvimento. São os espíritos dos ancestrais mortos que são invocados para “solucionar” magicamente crimes intrafamiliares que são minimizados e classificados como “conflitos” familiares. O incesto, claro, está sempre presente nesses crimes. Mas, não tem mais espaço para ser pensado nem punido. Afinal, onde ficou o incesto do tetravô que foi um estuprador em vida, por volta de 1810? Incesto? Mas o fato do pai praticar atos libidinosos com o filho em 2019, como é denominado? Nesse ponto, entramos numa zona cinzenta. Há um cavalo trazido pelo constelador, na sala onde vão ser encenadas as constelações familiares de várias famílias. Todas juntas. O constelador fará uma breve introdução, explicando, resumidamente, o que acontecerá, e pede um compromisso de sigilo. Compromisso de sigilo? Para pessoas que não se conhecem e que ele não tem a menor ideia de seus potenciais destrutivos. Mas um cavalo de verdade, de raça pura, um lindo espécime, surge na sala com algumas dezenas de pessoas que sofrem com crimes, aqui chamados de conflitos. Cavalo? Sim, o animal cavalo. Talvez, seguindo a linha da religião da Umbanda, conseguiremos ter um pouco de luz sobre essa tese mística, que se tornou a menina dos olhos de muitos operadores de justiça. Na Umbanda, é chamado de “cavalo” o corpo de quem incorpora o espírito, ou seja, o Pai ou Mãe de Santo recebe o espírito que, através de seu corpo, materializa comportamentos que ele, o espírito, quer comunicar aos vivos que vem buscar informações sobre ele. O “cavalo” tem livre arbítrio para dar limites ao espírito atormentado, sedento por vingança e crueldade. No caso da constelação familiar, a incorporação do espírito é substituída pela recepção das vibrações morfogenéticas no delineado campo magnético. Concepções a cargo do constelador, assim como a escolha aleatória das pessoas que atuarão no caso do outro grupo familiar que está passando o “conflito” que o levou a buscar a Justiça. O cavalo, o animal, parece, ter a representação de mais fidedignidade quanto às vibrações morfogenéticas, sendo também mais “puro” em seus movimentos. Esses movimentos espontâneos dos “atores” que encenam o “conflito” da outra família, são traduzidos por interpretações feitas pelo constelador. No caso da participação do cavalo, essa possível movimentação no campo magnético, parece inspirar mais pureza para as interpretações do constelador. Nessa linha da melhor comunicação pelas vibrações morfogenéticas, já surgiu uma variante que prega o “todo mundo nu”, por facilitar esse processo de conexão. Essa modalidade tem sido seguida por consteladores privados. O dinheiro público patrocina práticas na justiça, no SUS, em Delegacias de Polícia e em Escolas. Em todos os 4 lugares, deixa claro o desvio de propósito. Julgar, tratar, investigar e ensinar. Sei que não está muito fácil de acompanhar. Essa semana, várias pessoas me procuraram para que eu explicasse o que é constelação familiar. O artigo da semana passada mostrou a muitos que há algo acontecendo dentro dos processos judiciais de família que carece de lógica, de bom senso, de coerência. A própria tese concebida por Hellinger, que afirmava que cada família tem uma única alma para todos os seus membros, mas que seus seguidores resistem e refutam a ideia de misticismo da tese, insiste em se pretender identificada com a Física Quântica. Na Constelação Familiar o argumento que “explica” um estupro incestuoso de vulnerável é que o tetravô estuprador teve as leis do amor quebradas, portanto ele segue por gerações em busca de retaliação. Mas essa atitude de retaliação contrasta com a exigência do perdão. Amor e Perdão indispensáveis e contínuos misturados à sede insaciável de vingança. Os vivos têm que ter amor infinito, mas os mortos voltam cheios de ódio, em busca de retaliação. Sabemos que a angústia de morte é a única certeza e a única pergunta sem resposta que incomoda a mente humana. A impotência diante da morte incógnita sempre, é, por vezes, insuportável. Os mortos, onde ficam? O que fazem? E os que nos conheceram, são mais assustadores ainda. A crença na magia de um suposto controle dos mortos, traz um alívio para essa enorme impotência. Essa situação emocional, medo, impotência e curiosidade pelo desconhecido mundo dos mortos, certamente, habita a mente de magistrados que lançam mão de uma tese mística. Na superstição de que os mortos têm razões “justas” para buscar a retaliação junto aos vivos, juízes têm declarado que, com a constelação familiar, eles julgam mais pelo campo magnético do que por fatos contidos nos processos, acreditando que essa tese é facilitadora porque traz para o claro as forças ocultas das relações familiares. Razões ocultas são ouvidas e consideradas no julgamento, contrastando, frontalmente, com a não escuta, pelos mesmos consteladores, da Voz de Criança, e da Voz da Mulher, essa a culpada de tudo por não ter acolhido e amado seu agressor, ou o estuprador de seu filho/a. Penso que o peso da ação de julgar, a complexidade e responsabilidade de um julgamento, são tão difíceis que passar uma procuração para o constelador que se comunica com os mortos, alivia essa dor do medo do erro. Afinal, se foi dito pelo morto, não tem possibilidade de estar errado. Quem irá contradizer um morto? O julgamento vicário parece ser uma realidade para amenizar a responsabilização. E, sendo o morto o culpado, o autor do crime intrafamiliar é desresponsabilizado da culpa. Dolo?

sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Constelação Familiar: Logo, animais são estrelas! Parte I

Constelação Familiar: Logo, animais são estrelas! Parte I Ursa Maior é uma constelação, Constelação é um grupo de estrelas, Logo, animais são estrelas. O Pensamento Mágico de Sofismas nas Instituições tem sido observado em proporções que só aconteciam na Idade Média. Seitas e ficção científica fazem parte, entre nós, do cotidiano do Direito, o alcunhado Direito Sistêmico, da Justiça, em 16 Estados da Federação, e do Sistema Único de Saúde, SUS, autorizado pelo Ministério da Saúde. Ciência? Ética? Validação Científica? Atribuição de Competência? Responsabilidade Profissional? Respeito à Dor Emocional? Respeito ao Princípio da Confidencialidade? Essa técnica de ficção científica, mais uma nessa área dos crimes intrafamiliares, não tem nenhum resquício de nenhuma dessas coisas. Sua Etiologia aponta para mais uma expressão de xenofilia. Nós reverenciamos muito tudo que vem do “estrangeiro”. Inventada por um alemão que foi padre, observou tribos zulus, estudou Teologia, Filosofia e Educação, abandonou o sacerdócio, mas manteve fortes ligações com rituais de religiosidade. Inventou essa teatralização de crimes intrafamiliares, que em sua Seita, são minimizados para a categoria de conflitos. Foi agraciado, ou se auto agraciou, fundador de uma psicoterapia, sem nunca ter tido contato científico com a Ciência da Psicologia. Em sua crença, Hellinger, este inventor, diz que toda família é constituída por uma única “alma” que abrange todo o grupo. E que esse sistema, a família, é regido por 3 “leis”, chamadas por ele de “ordens do amor”. Com essa base, fica determinado também, sem se saber quais os critérios usados, que todo “conflito”, leia-se crime intrafamiliar, é motivado pela quebra de uma dessas “leis”, de uma dessas “ordens do amor”. Ou seja, quando alguém pratica uma violência intrafamiliar, física ou sexual, esse membro da família não pode ser afastado do grupo, porque isso significa romper um “elo da cadeia do amor”, o que passaria a ser transmitido por “vibrações morfogenéticas” a gerações e gerações de descendentes. O autor da violência atual, estaria apenas cumprindo a retaliação pelo antepassado que seria o “verdadeiro autor” do crime, chamado de conflito nessa técnica, pretensamente, psicológica. Como pode acontecer tamanha aceitação de uma tese pelo sistema judiciário onde é exigida materialidade de provas em prática de abuso sexual ou em violência física, pois a voz da Criança e da Mulher não tem credibilidade? Uma é mentirosa, e a outra é louca. Encontramos, em posts de psicóloga que defende abusador, um nariz de Pinóquio colocado numa figura de Criança para satirizar. Pessoa de notório saber, segundo o Conselho Regional de Psicologia. Espantoso o desconhecimento sobre o desenvolvimento infantil cognitivo e afetivo que tantos profissionais exibem, chancelados pelo Conselho da Classe. Não saber que à Criança falta, justamente, o filtro social para dizer verdades que se tornam, muitas vezes, inconvenientes, deixa uma ponta de dúvida quanto a boa ou má intenção profissional. A tese da Constelação Familiar é protagonizada por um objetivo vingativo, de retaliação. Toda a recomendação é voltada para o medo dessa vingança e a punição pelo não acolhimento irrestrito do agressor. Assim, precisamos considerar que os mortos sempre nos deixam um certo desconforto, quando lhes são atribuídas atividades vivas. Esse caldo de medo atinge a todos, leigos, requerentes, requeridos, operadores de Justiça, incluindo os Juízes, que tanto apreciam as cenas cênicas, que, movidas à magia, executam, muito frequentemente, um clima catártico de grande intensidade. Muito choro, abraços, beijos, toques, e uma solução mágica com a sensacional descoberta do verdadeiro culpado. Aquele tataravô que era estuprador, ou aquele tio tetravô que era violento. Como o constelador descobriu? Pelas vibrações morfogenéticas por ele recebidas no campo magnético que ele demarcou na sala, compartilhada por diversas famílias. O Princípio Pétreo da Confidencialidade é reduzido a um compromisso assinado de não se falar sobre o ocorrido naquela catarse para outras pessoas. Compromisso num papel. Garantia de confidencialidade? Mas como exigir que pessoas vindas de diversos campos, que fazem um cursinho de algumas horas, onde não há nenhum pré-requisito para se tornar um constelador, tenham alguma noção da importância da garantia do sigilo? Interessante o contraste com o ritual jurídico, que pune, ferozmente, quem “viola o segredo de justiça”. Para se tornar um constelador, aquele que tem o dom mágico de receber comunicação de mortos, incluindo a confissão de crimes que nem mesmo a família tinha conhecimento, pode ter uma formação universitária qualquer, ou nem isso. E essa pessoa, com o título auferido por um grupo que ministra esse “curso” de constelador, traz a “solução” do incesto, da violência contra a Mulher, em formato de Julgador Vicário. O Julgamento, tarefa penosa e sofrida exercida por um Juiz, é entregue, por procuração, ao constelador. E é o legítimo Operador do Julgamento que desqualifica o instituto da Medida Protetiva, Lei 11.340/2006, daquelas “Mulheres do olho roxo”, convidando-as a “constelarem” com os seus agressores, desrespeitando, assim, a distância estabelecida pela também Justiça, para que seja cumprido o ritual do perdão aos infratores, de preferência de joelhos. Constelação, substantivo coletivo que se refere a um grupo de estrelas, pode ser uma ilusão de ótica. Talvez as estrelas que vemos juntas formando um desenho de uma figura, estejam a milhares de anos-luz umas das outras. Mas a constelação familiar, ficção científica alimentada por uma superstição sobre os mortos, legitima a desresponsabilização. O tataravô não pode ser punido. No entanto, o medo de contrariá-lo alimenta a extinção do dolo e abençoa o crime intrafamiliar, travestido em simples conflito.

domingo, 7 de novembro de 2021

Injustiça e Ecolalia, Jeferson, Lúcia, Regina. Prá não dizer que não falei de flores... Parte V

Injustiça e Ecolalia, Jeferson, Lúcia, Regina. Prá não dizer que não falei de flores... Parte V Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais... Não. Não somos todos iguais. A música diz, mas não somos. E, não é apenas uma questão entre os que comem filé e os que comem osso retirado do lixo. Somos diferentes, mas a língua é a mesma, até quando se tem posições antagônicas. As palavras são usadas em vetores contrários de sentido, como se fossem um eco. É uma espécie de reedição da Torre de Babel, mas sem nenhuma diversidade linguística. Uma mesma palavra é usada para o seu contraditório. Essa, me parece, é uma maneira de estilo cupim que “resolve”, autoritariamente, as diferenças. Aliás, nunca fomos tão intolerantes com as diferenças que escapam do cupinzeiro social. Numa sociedade cenográfica, onde tudo é erguido de papelão, há muitas leis, lindas, mas não há obediência cidadã a essas lindas leis. O Feminicídio, por exemplo, nunca esteve tão em alta como agora, apesar da Lei Maria da Penha, avançada, vigorar desde 2006. “Não aguentou o fim do relacionamento” é a motivação mais apontada nos casos dessa violência familiar, que, em sua maioria de casos, ocorre dentro de casa e na presença de filhos pequenos. A Juíza Viviane, é emblemática. Assassinada com 16 facadas pelo ex-marido na frente das 3 filhas pequenas. Na noite de Natal. Também na festa de Reveillon de 2017, um pai, sobre quem pesava a acusação de abuso sexual, matou a ex-mulher e mais as mulheres da família dela que ele alcançou, matou o filho e se suicidou. Queria ter a guarda desse único filho. Não somos todos iguais porque a violência contra vulneráveis, mulheres, Crianças e idosos, tem um “Quê” de inimputabilidade garantida. Agora existe o “estupro culposo”, o abuso sexual intrafamiliar de Criança que vira alienação da mãe, existe a Privação Materna Judicial imposta pelo Estado, existe a prisão por engano que pode ter a desculpa de semelhança daquela fotinho 3x4 aos 14 anos ou por ter um pai que tem nome homônimo de um criminoso. Ou, simplesmente, porque é um jovem tipo PPP. A inimputabilidade também é garantida para Operadores de Justiça que cometem falhas Éticas, como aquela que justificou as práticas de estupro do pai, dizendo para o filho que aqueles comportamentos eram naturais entre homens. Ou quando gritam e usam o clássico “cala a boca” porque uma mulher tenta se defender de uma distorção litigante e cruel que lhe é atribuída, durante uma audiência. São muitos os papelões da cenografia social. Mas, parece que há uma convergência nisso tudo: a desresponsabilização. Entrou na moda uma estratégia para diminuir a pilha. Em algumas mesas ela está mais alta do que a pessoa sentada ali atrás dela. Fala-se em 150 milhões de processos. Já ouvi uma estimativa bem maior. Em nome de uma “humanização”, uma troca de crime por conflito ilude. Parece que diminuindo a gravidade existente, as pessoas investem nessa mágica. Restaurativa. Não vi o reconhecimento, a mea culpa, dos autoritarismos, dos exageros, das maldades praticadas. Porque só se humaniza o que é desumano. Só se restaura o que está em ruínas. “Justiça Restaurativa”? Regina foi condenada a passar 1 dia por semana trabalhando, com cadastramento de moradores de rua, das 8 às 17horas. Lembrando, ela foi acusada de “facilitar” o sequestro do neto, que suplicou para não ser capturado por Ordem Judicial e entregue ao pai de quem queixava de comportamentos libidinosos. Alguém escutou o menino? Hoje, arrastando uma série de sequelas, com quadro de estresse pós-traumático. E, alguém olhou a condição de saúde de Regina? Alguém quis ver seu laudo? Não foi lido, nem considerado. O preconceito dogmático da alienação da mãe, a crença de que é mentira dela, afinal ela é uma alienadora/sequestradora de criança associada à filha, uma atribuição, sem nenhum comprometimento com a verdade, que a acusa de conivência. Restaura o que em alguém da terceira idade ficar em pé por 9 horas seguidas? Será que vai restaurar o seu cisto, já operado, que voltou a crescer? Condenada sem ter cometido nenhum crime. Ou é crime agora proteger Criança de um abusador? É isso a Justiça humanizada? Mulheres são loucas. Crianças são mentirosas. E, a perita flagrada banalizando e justificando as práticas masturbatórias e anais que aquele pai obrigava sob espancamento ao filho, é considerada pessoa de “notório saber”. Não há como responsabilizar essa gravíssima falta Ética. É a encenação do romance. “O Processo” de Kafka faz parte da sociedade cenográfica. E o pensamento mágico, que traz os mortos como os verdadeiros autores dos crimes intrafamiliares, toma o lugar da razoabilidade e da Ciência. Não demora, vamos ter uma receita de um “Bolo Quântico”. Mas as partículas de dimensões nano dos ingredientes, não transformam uma receita de bolo em evidência de Bolo Quântico.