sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Constelação Familiar: Logo, animais são estrelas! Parte I

Constelação Familiar: Logo, animais são estrelas! Parte I Ursa Maior é uma constelação, Constelação é um grupo de estrelas, Logo, animais são estrelas. O Pensamento Mágico de Sofismas nas Instituições tem sido observado em proporções que só aconteciam na Idade Média. Seitas e ficção científica fazem parte, entre nós, do cotidiano do Direito, o alcunhado Direito Sistêmico, da Justiça, em 16 Estados da Federação, e do Sistema Único de Saúde, SUS, autorizado pelo Ministério da Saúde. Ciência? Ética? Validação Científica? Atribuição de Competência? Responsabilidade Profissional? Respeito à Dor Emocional? Respeito ao Princípio da Confidencialidade? Essa técnica de ficção científica, mais uma nessa área dos crimes intrafamiliares, não tem nenhum resquício de nenhuma dessas coisas. Sua Etiologia aponta para mais uma expressão de xenofilia. Nós reverenciamos muito tudo que vem do “estrangeiro”. Inventada por um alemão que foi padre, observou tribos zulus, estudou Teologia, Filosofia e Educação, abandonou o sacerdócio, mas manteve fortes ligações com rituais de religiosidade. Inventou essa teatralização de crimes intrafamiliares, que em sua Seita, são minimizados para a categoria de conflitos. Foi agraciado, ou se auto agraciou, fundador de uma psicoterapia, sem nunca ter tido contato científico com a Ciência da Psicologia. Em sua crença, Hellinger, este inventor, diz que toda família é constituída por uma única “alma” que abrange todo o grupo. E que esse sistema, a família, é regido por 3 “leis”, chamadas por ele de “ordens do amor”. Com essa base, fica determinado também, sem se saber quais os critérios usados, que todo “conflito”, leia-se crime intrafamiliar, é motivado pela quebra de uma dessas “leis”, de uma dessas “ordens do amor”. Ou seja, quando alguém pratica uma violência intrafamiliar, física ou sexual, esse membro da família não pode ser afastado do grupo, porque isso significa romper um “elo da cadeia do amor”, o que passaria a ser transmitido por “vibrações morfogenéticas” a gerações e gerações de descendentes. O autor da violência atual, estaria apenas cumprindo a retaliação pelo antepassado que seria o “verdadeiro autor” do crime, chamado de conflito nessa técnica, pretensamente, psicológica. Como pode acontecer tamanha aceitação de uma tese pelo sistema judiciário onde é exigida materialidade de provas em prática de abuso sexual ou em violência física, pois a voz da Criança e da Mulher não tem credibilidade? Uma é mentirosa, e a outra é louca. Encontramos, em posts de psicóloga que defende abusador, um nariz de Pinóquio colocado numa figura de Criança para satirizar. Pessoa de notório saber, segundo o Conselho Regional de Psicologia. Espantoso o desconhecimento sobre o desenvolvimento infantil cognitivo e afetivo que tantos profissionais exibem, chancelados pelo Conselho da Classe. Não saber que à Criança falta, justamente, o filtro social para dizer verdades que se tornam, muitas vezes, inconvenientes, deixa uma ponta de dúvida quanto a boa ou má intenção profissional. A tese da Constelação Familiar é protagonizada por um objetivo vingativo, de retaliação. Toda a recomendação é voltada para o medo dessa vingança e a punição pelo não acolhimento irrestrito do agressor. Assim, precisamos considerar que os mortos sempre nos deixam um certo desconforto, quando lhes são atribuídas atividades vivas. Esse caldo de medo atinge a todos, leigos, requerentes, requeridos, operadores de Justiça, incluindo os Juízes, que tanto apreciam as cenas cênicas, que, movidas à magia, executam, muito frequentemente, um clima catártico de grande intensidade. Muito choro, abraços, beijos, toques, e uma solução mágica com a sensacional descoberta do verdadeiro culpado. Aquele tataravô que era estuprador, ou aquele tio tetravô que era violento. Como o constelador descobriu? Pelas vibrações morfogenéticas por ele recebidas no campo magnético que ele demarcou na sala, compartilhada por diversas famílias. O Princípio Pétreo da Confidencialidade é reduzido a um compromisso assinado de não se falar sobre o ocorrido naquela catarse para outras pessoas. Compromisso num papel. Garantia de confidencialidade? Mas como exigir que pessoas vindas de diversos campos, que fazem um cursinho de algumas horas, onde não há nenhum pré-requisito para se tornar um constelador, tenham alguma noção da importância da garantia do sigilo? Interessante o contraste com o ritual jurídico, que pune, ferozmente, quem “viola o segredo de justiça”. Para se tornar um constelador, aquele que tem o dom mágico de receber comunicação de mortos, incluindo a confissão de crimes que nem mesmo a família tinha conhecimento, pode ter uma formação universitária qualquer, ou nem isso. E essa pessoa, com o título auferido por um grupo que ministra esse “curso” de constelador, traz a “solução” do incesto, da violência contra a Mulher, em formato de Julgador Vicário. O Julgamento, tarefa penosa e sofrida exercida por um Juiz, é entregue, por procuração, ao constelador. E é o legítimo Operador do Julgamento que desqualifica o instituto da Medida Protetiva, Lei 11.340/2006, daquelas “Mulheres do olho roxo”, convidando-as a “constelarem” com os seus agressores, desrespeitando, assim, a distância estabelecida pela também Justiça, para que seja cumprido o ritual do perdão aos infratores, de preferência de joelhos. Constelação, substantivo coletivo que se refere a um grupo de estrelas, pode ser uma ilusão de ótica. Talvez as estrelas que vemos juntas formando um desenho de uma figura, estejam a milhares de anos-luz umas das outras. Mas a constelação familiar, ficção científica alimentada por uma superstição sobre os mortos, legitima a desresponsabilização. O tataravô não pode ser punido. No entanto, o medo de contrariá-lo alimenta a extinção do dolo e abençoa o crime intrafamiliar, travestido em simples conflito.

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