quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

O Direito da Criança ao MEDO Parte III

O Direito da Criança ao MEDO. Parte III E outro amigo, esse de velha data, também portador de rara capacidade intelectual, meus amigos são especiais para mim, me indagou sobre uma recomendação que encontrou: “as Crianças não devem sentar no colo do Papai Noel”. E acrescentou a pergunta: Não é um exagero, Ana? Ao que respondi que, lamentavelmente, não é exagero. É muito difícil atribuir ao “bom velhinho” a suspeita de um comportamento deplorável com a Criança. Infelizmente, são numerosos os relatos de adultos que tiveram uma experiência marcada pelo Medo e pela Repulsa daquele “bom velhinho”, que habitava o imaginário infantil. Na lenda ele passava o ano todo fabricando os brinquedos para distribuir no Natal. Um ser de bondade, uma figura paterna que aparece uma vez por ano para dar presentes, concentra a maior fantasia de acolhimento e generosidade. Como pode ser mau? Faz-se necessário esclarecer um pouco o “colo” de alguns Papais Noés. Precisamos ter um olhar mais ingênuo, infantil, de pensar que a roupa faz a pessoa. Alguns homens se aproveitam, exatamente, da roupa para esconder sua perversão e no meio daquela calça larga ocorre uma ereção que toca a Criança. Também ao segurar a Criança, as mãos por baixo e por trás das roupinhas dela tocam partes que não são permitidas aos toques. Essas manobras são vividas por esses homens como um triunfo enorme, porque é o prazer do Poder o que mais os atrai. Ou seja, conseguir em meio à multidão tocar o corpo da Criança, mesmo que seja por segundos, ou ter uma ereção que consegue camuflar na roupa, deixa para ele uma sensação de Absoluto Poder, que é seu maior prazer. Foi a partir da constatação de que esse era um lugar de sonho transformado por alguns em pesadelo para a Criança, que se chegou à determinação para as lojas de um lugar físico para a Criança sentar. Uma poltrona mais larga que deixa o espaço suficiente para a Criança ficar ao lado do bom velhinho, ou o banquinho da Criança, colocado ao lado dele. A prevenção é a proteção para a Criança. Não é todo Papai Noel que é um abusador. Do mesmo jeito que sempre repetimos que não é todo pai que abusa dos seus filhos. Longe disso. Há homens exemplares em suas funções, de pai ou de Papai Noel. Não é o Papai Noel que é mau. É um homem mau que se camufla de Papai Noel. Assim como o homem mau se camufla de treinador de natação, ou de ginástica olímpica, de futebol, de professor, de tio, de avô, de padrasto, de pai. São máscaras que servem de esconderijo para seu desvio de caráter. Quantas vezes nós pais insistimos e até forçamos uma Criança pequena a dar um beijinho, ou sentar no colo de um adulto a quem ela está rejeitando? Em nome de uma pretensa sociabilidade, obrigamos a Criança a ter um contato próximo quando ela, firmemente, se recusa. Não respeitamos a razão da Criança, e, com facilidade, ainda a qualificamos de “bicho do mato”. Algumas Crianças, principalmente, as menores, têm medo da figura do Papai Noel. Choram e tentam se esquivar, mas nem sempre conseguem. Sob o equívoco de que o MEDO tem que ser enfrentado para acabar com ele, com argumentos do tipo “para de ser frouxo, ele é bonzinho”, comete-se o mesmo erro da ordem do “engole o choro”. Crianças são obrigadas por adultos familiares e, depois, por agentes de justiça a conviverem de perto com alguém que lhes causa medo. Precisamos resgatar as boas lembranças da nossa infância, protege-las para que escorram pelo ralo dos malvados, e mantê-las para os pequenos de hoje. O Natal do Papai Noel, da confraternização das famílias, mesmo que haja uma briguinha aqui e outra ali, é a celebração do Amor. Minha irmã, Lúcia, me enviou um vídeo da decoração das ruas e praças de Recife. Lindo! Milhares e milhares de luzinhas, fazendo desenhos, Crianças e adultos por entre aqueles pontos brilhantes em alegria que transborda. E, além de me emocionar, me trouxe as imagens que guardo para sempre da Noite de Natal. Depois das cartinhas para o Papai Noel, entregues em mãos numa loja de departamento, chegava finalmente o grande momento. Éramos 4 filhos e mais o pai e a mãe, só nós morávamos lá. À noite, vestíamos roupas novas, costuradas pela nossa mãe e saíamos para ver as árvores de Natal nas águas dos dois rios que cortam a cidade. Comecei a prestar atenção que sempre acontecia da minha mãe dizer para o meu pai que achava que tinha esquecido alguma janela aberta, pedindo para ele verificar. Ela nos mantinha no portão da casa enquanto ele entrava por alguns minutos e logo voltava. Mesmo feita por lâmpadas comuns, era lindo! Todas aquelas cores brilhando na água dos rios, eu sempre ficava intrigada como não dava choque nos homens que as armavam. As pessoas desconhecidas e alegres desejando Feliz Natal. Depois de algum tempo de passeio, voltávamos. E lá estavam nossos presentes que o nosso Papai Noel deixou no pé de nossa árvore. Cada Criança tem o seu Papai Noel. Ceávamos, e depois fazíamos a música. Minha irmã no piano, minha mãe no violino, meus irmãos e eu cantávamos, meu pai escutava. Músicas de Natal. A todos que me leem, um Feliz Natal de Criança com o compromisso de proporcionar um bom Natal com mais cuidado com os pequenos.

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