sexta-feira, 5 de maio de 2023

Tragédia, massacre de Crianças assassinadas a machadinha Parte IV

Tragédia, massacre de Crianças assassinadas a machadinha. Parte IV É preciso sempre lembrar que a tragédia está no que é midiático e no que resta reservado ou, até, sombrio. Uma única Criança que é tratada com crueldade, importa. Ter a vida interrompida durante a infância é uma tragédia. Já abordamos a barbárie com as Crianças Ianomânis, assassinadas por fome e malária. Temos abordado a morte hedionda das Crianças de Blumenau, e os grupos que planejam essas crueldades, pedindo até financiamento pela internet. Estamos nos tornando, infelizmente, uma sociedade de crimes e polícia. A Cultura da Violência em todas as suas formas assalta nossas mentes todos os dias. O noticiário policial predomina na mídia, deixando pouco espaço para outros temas que deveriam aerar nosso pensamento. Dedicamos muito tempo com segurança, da virtual à urbana. Mas, não adianta muito. Crianças têm sido assassinadas por balas que ganharam a alcunha de “perdidas”, balas de fuzil que tem a trajetória certeira. De onde vem tanto fuzil? Estamos em guerra, estilo 1ª guerra mundial e não nos avisaram? Rafaelly, Ester e Larrain, crianças de 10 e 11 anos, de janeiro a abril, encontraram as suas balas perdidas. Aqui no Rio de Janeiro temos o costume de consultar os aplicativos que avisam onde há balas perdidas. O “fogo cruzado”, o “onde tem tiroteio”, entre outros, são aplicativos que prestam um serviço essencial para a população antes de sair de casa. Mas, por vezes, são tantas e tantas as balas perdidas que elas aparecem onde não há confronto entre traficantes e policiais, traficantes e traficantes, entre milicianos e traficantes, entre milicianos e policiais. Ou dentro de casa, na escola, no parquinho, na praia, ou caem do céu nos tiros comemorativos dados para o alto, porque elas sobem e depois descem em queda livre. São muitas as possibilidades de tiroteios e das balas “autônomas”. A tragédia de perder um filho para uma bala de fuzil deveria ser levada a sério. A dor é inimaginável. Toda morte de Criança dói para sempre. Por que estamos desprotegendo tanto nossas Crianças? Se por um lado temos um arsenal bélico do tamanho necessário a uma guerra, por outro temos perversos que com armas brancas, facas e machadinhas, incluindo os socos e pontapés, que praticam o gozo das perversidades contra seres vulneráveis. É incompreensível constatar que um homem tortura uma criança de 3/4 anos, deitada de bruços, quase como uma estátua a receber socos sucessivos no ouvido e na cabeça. A tortura é para proibi-la de chorar, é para ela aguentar calada, o que ela consegue, por mais impossível que isso pareça. E que seja. Nessa faixa etária, as Crianças choram por qualquer dor. Mas, aquela menina se mantém silenciosa como seu torturador ordena. A perversidade institucional foi mostrada essa semana pela matéria do The Intercept Brasil. A juíza realizando uma oitiva com a psicóloga de uma Criança, vítima de abuso sexual perpetrado pelo pai, desconsidera esse crime e, deliberadamente, distorce as respostas da profissional para incriminar a mãe do menino por alienação parental. A magistrada vai dirigindo seu roteiro para sentenciar ao final a inversão de guarda, o afastamento da mãe, Privação Materna Judicial, e a entrega do menino em guarda unilateral ao pai, aquele que abusa sexualmente do filho. Sua justificação foi a de que não era abuso sexual, era um banho arrojado. As lesões no ânus do menino eram pela higienização. O incrível é que já tinha ouvido outros magistrados cometerem esse mesmo erro, e, recentemente, também me deparei com uma negação judicial da realidade com o mesmo argumento: é uma questão de higiene. Assim como na bala autônoma de fuzil, na machadinha, na fome extrema, me é difícil de compreender cognitivamente, uma higiene que causa fissuras anais. Parece que, para os cometedores de perversidade contra vulneráveis, o tão almejado Poder lhes confere uma ilusória certeza de que são capazes de enganar a todos, de que todos são deficitários cognitivos, e seguem diminuindo qualquer traço de preocupação com a lógica que deveria reger as situações que criam em busca desse prazer de que são dependentes. Precisamos sempre lembrar que os cometedores de perversidade são meticulosos e armam o cenário para efetivar a busca pelo prazer da opressão do mais fraco de maneira que seja favorável a eles, que seja difícil a comprovação, que a vítima seja descredibilizada, para afundar mais ainda na vulnerabilidade. Os massacres mais torturantes são os cometidos intramuros, no calor da intitulada família. Não à toa a figura que oferece a maior resistência aos cometedores de perversidades, são as mães protetoras que, guiadas pelo seu vínculo visceral com o filho, a filha, se agigantam. Mas têm sido engolidas pela escalada da violência, da impunidade, da desresponsabilização, como a da juíza que falamos. A Natureza determinou que mulheres fossem mães: gerassem, parissem, amamentassem, defendessem. São 4 verbos de muito esforço e, muitas vezes, dolorosos. Por que tanta raiva de mãe?

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