sábado, 12 de março de 2022

Precisamos falar de Moïse e Henry Parte IV

Precisamos falar de Moïse e Henry. Parte IV Os conflitos são saudáveis e acrescentam maturidade pela sua vivência e escolha entre duas opções que se apresentam. Muitas vezes o conflito se desenha por um antagonismo de duas opções de escolha. Outras vezes, por uma diferença entre uma opção boa e uma opção melhor. Ou, entre uma opção ruim e a outra pior. A dúvida no escolher diz respeito à capacidade de observação, de avaliação e ao amadurecimento. Mas falo do conceito correto de conflito, e não da deturpação que foi atribuída ao termo dentro do contexto jurídico. Encontramos em processos de Vara de Família a “definição” de conflito para um crime denunciado. A redução no Mérito da questão abre as portas para a minimização e a desqualificação das vozes da Criança e da Mulher/Mãe, deixando o caminho para o estereótipo da “histeria”. O termo técnico que se refere à patologia classificada pela CID, desde sempre, e inscrita nos Tratados de Psiquiatria, foi vulgarizado para adjetivar a Mulher que está desesperada por algum motivo real. A patologia existe, e mesmo que sua nomenclatura tenha vindo da derivação do latim “uterus”, da raiz grega “hystera”, a doença, o distúrbio, ou os traços de histeria, existem em homens também. Não é um distúrbio feminino, como fazem força para que seja, porque nos primórdios assim era pensado, que seriam instabilidades emocionais das mulheres, portadoras de útero. A Ciência avançou. Mas, a manipulação na nomenclatura tem produzido Sofismas aberrantes. Mentiras intelectuais que causam grandes estragos às Crianças, principalmente, por serem ataques às suas mães. Estamos com dificuldade de admitir o racismo estrutural que habita em todos nós. A cor da pele dele foi o veredicto que fez um sargento, seu vizinho, dar um tiro de longe e, depois, dois de perto. Foi abatido. Foi abatido Moïse, como se fosse um saco de farinha. Pelo mesmo Racismo Estrutural Misógino, quando não importa a cor da pele, foi abatida também a Juíza que estava, por intimidação da ameaça de ser acusada de “alienadora”, entregando suas 3 filhas, fora do que tinha sido combinado, mas obedecendo o ex-marido. Ele a matou com 16 facadas, na frente das 3 filhas de menos de 9 anos. Ela era togada, mas ele era homem. Foi assassinado o Henry, frágil nos seus 4 anos, o que lhe conferia ainda maior vulnerabilidade, em decorrência de 23 lesões que apontavam para a violência, e que foram “explicadas” por ter caído da cama. 23 lesões. Onde estamos? O que aconteceu com a humanidade? Já havia escrito essa primeira parte, e a avalanche desceu, atropelando tudo. E veio da Câmara Federal o nascedouro de mais uma fábrica de lama. Foi aprovado o texto base da legalização das casas de jogos. Com afirmações distorcidas, aumento de arrecadação que seria investida em saúde, educação, e segurança pública, incremento do turismo, aumento de empregos. Sabemos todos, ou quase todos, que os cassinos servem para lavagem de dinheiro, para a prostituição, para tráfico de pessoas. Verba para educação, saúde e segurança? Não há registro de jogadores/apostadores que viajam para jogar e fazer turismo. Qual o jogador que vai sair da mesa de pôquer ou da roleta para conhecer as praias da cidade, ou, no Rio de Janeiro, ir conhecer o Pão de Açúcar ou o Corcovado? Viajando sozinhos, sem a família, que, raramente, conseguem ter, pela dificuldade de convivência de familiares com o vício, são os encontros sexuais com novinhas e novinhos que podem, eventualmente, acontecer, de preferência dentro das mesmas instalações. Por esse motivo, os cassinos modernos são localizados em hotéis de muitas estrelas. Não é considerada a degradação da dependência. Os jogos de azar são diagnosticados como adicção, ao lado do alcoolismo, da dependência por cocaína, e por drogas sintéticas. Logo virá a diminuição da maioridade com a manipulação que é uma necessidade pelos índices de criminalidade dos adolescentes de 16, 17 anos. Ocorre que essa faixa etária é responsável por cerca de 5% do total da criminalidade. Essa cortina de fumaça vem para servir à diminuição da maioridade para o trabalho em cassinos, e a facilitação para a exploração sexual de novinhas e novinhos de 16 e 17 anos. E da facilitação para o intercâmbio internacional desses explorados. Essa é uma Barbárie Vicária. Transparente. De difícil detecção. O discurso é redondinho. A linguagem parece ter se transformado numa verdadeira arma. Degradada, permeada por uma violência trazida por todos os demônios internos que foram, totalmente, liberados. A tão falada liberdade de expressão é a licença para a violência verbal. Se alguém pisa o pé do outro, antes de terminar o pedido de desculpas, pode ser chamado de canalha. Por que não? Paradoxalmente, vivemos uma ladainha de positividade tóxica. Tudo tem que ser perdoado, tudo vai dar certo. Um estímulo permanente ao narcisismo sem consistência, um “eu me amo”, e, se quero eu posso, e vou conseguir. Qualquer emoção compatível com a situação real que não estiver dentro desse repertório de positividade, deve ser banida. A saudável raiva coerente, foi abolida. Mas, uma outra avalanche desceu atropelando. A guerra. Crianças chorando. Crianças morrendo. Crianças que se tornaram órfãs. Violação de Direitos Fundamentais dos vulneráveis. A barbárie da guerra. Mas aqui também vivemos uma guerra. São duas guerras, a de lá, e a de cá. As duas causam mortes e flagelos humanitários. Falaremos na próxima semana.

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