quinta-feira, 17 de novembro de 2016

À Deputada Federal pelo Paraná Maria Victória:
Carta Aberta.
Prezada Sra. Deputada,
Tomei conhecimento de possível relatoria a seu encargo para P.L. ou o P.L. é de sua autoria, que pretende instituir um Dia Comemorativo da falácia da alienação parental. Como trabalho nesta área há mais de 40 anos, e, sobretudo, pela experiência que venho aprendendo com os sobreviventes do incesto, ou seja, com as vítimas crianças envelhecidas do abuso sexual intrafamiliar, portadores todos de sequelas profundas e permanentes, me senti tocada por, mais uma vez, constatar que existe uma intenção de distorcer fatos e falar 1000 vezes uma mentira para que ela se torne verdade, como afirmava o marqueteiro de Hittler, Joseph Goebbels.
       Vamos por partes:
1 – Não existe SAP, Síndrome de Alienação Parental. A nomenclatura não pode ser usada porque nenhuma Sociedade de Medicina Internacional reconheceu este enunciado, portanto não é síndrome. Por não ter fundamento científico, segundo estas Sociedades a que um grupo interessado na solidificação de conceito desta fraude, segundo expõe amplamente a Jurista da Suprema Corte Portuguesa, Maria Clara Sottomayor, este comportamento temporário, justificado ou injustificado, quando patológico, não foi considerado doença pelo CID 10.
2 – Richard Gardner não era psiquiatra. Era médico sem especialização em psiquiatria. Mas, se auto intitulou.
3 – Richard Gardner não era professor da Universidade de Columbia, mas, se auto intitulou, ele prestava serviço voluntário naquela Universidade, e aproveitou uma demanda de pais agressores/abusadores sexuais de seus filhos que lhe pediram ajuda para se livrarem dos processos a que estavam respondendo.
3 – Richard Gardner era ligado ao Instituto Kinsey, onde Adolf Kinsey fazia pesquisa por experiência de manipulação dos órgãos genitais de meninos e meninas, ao vivo em bebês e crianças, com o propósito de provar que bebês e crianças têm orgasmos múltiplos por hora. Vide Escala Kinsey da Sexualidade Humana.
Richard Gardner foi denunciado muitas vezes como pedófilo, e, quando o FBI decidiu investiga-lo, ele fez uma primeira tentativa de suicídio com uma overdose de heroína, mas na segunda tentativa com objeto cortante na jugular, obteve êxito. É dele: “as atividades sexuais entre adultos e crianças são parte do repertório natural da atividade sexual humana, uma prática positiva para a procriação, porque a pedofilia estimula sexualmente a criança, torna-a muito sexualizada e a faz ansiar por experiências sexuais que redundarão num aumento da procriação”, in “True and False Accusations of Child Sex Abuse”, pág. 24- 25. Este é o pensamento de Gardner que é o fundador da alienação parental. Claro que com outros propósitos.
4 – Os estragos psicológicos propagados por um grupo interessado em amordaçar as mães, aliás, fora da moda ser mãe e exercer sua inerente à função protetora, não tem base científica. Não existem dados estudados e comprovados que possam atribuir, como tem sido falado, comportamentos depressivos, fragilizados ou suicidas, a um comportamento de demanda de restrição de convívio, justificada ou injustificada, porque o filho/a entende que há um litígio entre os pais, ele não é violado como no abuso sexual intrafamiliar que tem ficado escondido e disfarçado nesta engenhoca jurídica, que prevê pela cartilha de Gardner, inversão de guarda, afastamento parcial com visita monitorada da mãe à criança, afastamento total com perda do poder familiar da mãe. Vale ressaltar que Joanna Marcenal, caso emblemático, hoje em meio a centenas, foi torturada e morta aos 05 anos, enquanto os autos seguiam à risca esta cartilha. A justificativa judicial era alienação parental da mãe. O pai, que teve atendida com o afastamento total a sua falsa alegação de alienação parental da mãe, e a e a madrasta, os suspeitos, esperam o processo em liberdade, Ele, processo parado não se sabe o motivo, depois do assassinato da Joanna, já prestou concurso 2 vezes para ser Juiz. (Vide página “taxi em movimento”). Foi tudo como prescreve a fraude do conceito de alienação parental instituída por Gardner. Há 06 anos Joanna morreu exibindo em seu pequeno corpo sinais de todo tipo de tortura. E a Alienação Parental?
Estes comportamentos ditos consequentes da tal alienação parental, parece que foram copiados dos estudos sobre abuso sexual intrafamiliar, tamanha a semelhança nos itens. Ressalto que no que tange os danos perpetrados pelo abuso sexual intrafamiliar, acrescente-se as automutilações e, agora, os grupos de suicidas adolescentes. Lembro ainda que a Corte Holandesa autorizou uma Eutanásia de uma vítima de abuso dos 05 aos 15 anos, por considerar a dor psíquica deste dano equivalente à dor neoplásica, já consagrada como critério para estas autorizações.
5 – Dia Comemorativo? Comemorar as novas fogueiras sociais das novas Joannas D’Arc/Mães? Comemorar a violação dos artigos 3º, 5º, 7º, 13, 98, 245do E.C.A., entre outros, a violação do novo Estatuto da Primeira Infância, os 1000 dias de proteção especial que estão sendo executados em PRIVAÇÃO MATERNA, o artigo 227 da C.F., também violado, porque não se  impõe qualquer convívio familiar, é o CONVÍVIO SAUDÁVEL que é necessário para o bom desenvolvimento da criança.
Crianças, aos milhares, estão sendo arrancadas do colo de suas mães, por coincidência, sempre na calada da noite.
6 – É, no mínimo, muita coincidência que a data 25 de abril que é o Dia do Orgulho Pedófilo, Dia Internacional da Pedofilia, outra denominação para a data comemorativa, seja, oficialmente, travestido em Dia do Orgulho do Combate à Alienação Parental. Coincidência? Qual Orgulho será comemorado mesmo?
7 – É, no mínimo, legítimo que uma mãe que escuta um relato de seu filho/a sobre práticas sexuais atribuídas ao pai/padrasto, relato incompatível com sua faixa etária, e que sempre se sucede à saída daquele pai de casa, claro, ou alguém tem dúvida sobre o medo do agressor sob o mesmo teto, até quando se é adulto, procure o Estado, que incentiva buscar ajuda nos órgãos, que se esperam, competentes.
8 - É, no mínimo, óbvio que crianças tenham que, repetindo em acareação e com convívio mantido por ordem judicial, usem a retratação como meio de salvação delas e de suas mães, sobre quem paira a clássica ameaça de morte feita e sustentada pelo abusador intrafamiliar.
9 – As mulheres “histéricas”, como bem diagnosticou Freud, já se foram. A mulher, Sra. Deputada, conquistou espaços e direito a sua sexualidade saudável. Mas, hoje, histéricas, são todas as mães que buscam ajuda para proteger um filho/a. Alias conceito também usado equivocadamente. A histeria é uma patologia que acomete homens e mulheres. Segundo a cartilha do Gardner, este adjetivo pejorativo, que faz parte do pacote misógino devastação, é o veículo para a desqualificação da mulher/mãe, travestindo o abuso sexual intrafamiliar denunciado pela criança em falsa acusação de alienação parental, absolutamente acreditada sem investigação nenhuma pelas Varas de Família.
O desespero de ser obrigada pela justiça a entregar um filho/a pequeno, um vulnerável pela lei, a um perverso manipulador, que seja abusador, agressor, negligente, irresponsável tem sido interpretado como obstrução de convívio. Quem não teria preocupação, e não se desesperaria em entregar uma criança de 04 anos, INDEFESO, a um pai alcoólatra, a um pai cocainômano, a um pai abusador sexual?
10 – Infelizmente, Sra. Deputada Maria Victória, hoje, temos o direito ao convívio, qualquer convívio porque estes acima listados estão todos contemplados, esmagando e punindo o DEVER DA PROTEÇÃO DA CRIANÇA, que além da mãe, TODOS TEMOS COMPROMISSO.


       Colocando-me à disposição para os esclarecimentos que se fizerem necessários, Ana Maria  Iencarelli. Psicanalista de Crianças e Adolescentes, e de Sobreviventes do Incesto.

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