sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Vulnerabilidade na Criança, suas diversas formas. Parte IV

Vulnerabilidade na Criança, suas diversas formas. Parte IV Já falamos de várias maneiras de entendimento do conceito de Vulnerabilidade e de seus resultados quando um “maior”, sob algum aspecto objetivo e/ou subjetivo, se aproveita dessa condição para experimentar o prazer do Pequeno Poder. Se, a vulnerabilidade é uma característica da infância, representada, principalmente, pela força física e pela dependência na supremacia intelectual do adulto cuidador, aquela crença de que ele tem toda razão, ele sabe, ele pode, essa característica de fragilidade pode se estender, em algumas pessoas, até a vida adulta. Mulheres que são espancadas pelos seus companheiros e ex-companheiros guardam essa característica infantil localizada, também, na crença de confiança no outro que é o algoz. Entram nesse imbróglio também a ilusão de que vão “salvar” o agressor, que só agrediu outras mulheres porque elas não souberam “salvá-lo”. Novamente a crença na confiança no afeto, a dependência afetiva, garantem a manipulação e o subjugo exercidos pelo agressor. Isto é vulnerabilidade. Fomos atropelados por notícia ontem que parecia notícia requentada de uma anterior recente. Mais um médico, anestesista, foi preso por estupro de vulnerável. Ele, como o anterior, estuprava pacientes anestesiadas. Mas havia um complemento. O médico anestesista colecionava mais de 20 mil arquivos de meninas de 9 e 10 anos, nuas em seu celular. Ele logo se “defendeu” dizendo que nunca tinha abusado de nenhuma delas. Será? Mas, mesmo que mais de 20 mil arquivos fossem ligados ao voyeurismo, ele cometeu mais de 20 mil estupros de vulneráveis. Todo ato libidinoso, por produção, mesmo que à distância, ou armazenamento, é tipificado como Estupro de Vulnerável. Assim é a lei. Por outro lado, não posso me furtar a expor meu entendimento, enquanto psicanalista, ao tomar conhecimento de um ato sexual realizado contra alguém inerte. A Necrofilia está no cerne da questão. Parece uma figura juntada por 3 cabeças em um único corpo: a Zoofilia, a Necrofilia, e a Pedofilia. Animais, mortos e Crianças, não conseguem dizer Não ao Estupro de Vulnerável, de qualquer tipo, perpetrado por um adulto agressor e dissimulado. Quem conhece um praticante da Zoofilia, da Necrofilia e da Pedofilia? As respostas serão “não conheço nenhum”. Este é um engano. Talvez conheça até mais de um. Eles estão entre nós, e são numerosos. A atração por um corpo inerte e obediente, que não oferece nenhuma resistência em cada uma dessas modalidades de prazer, precisa ser entendida pelo viés da busca pela sensação de Poder e Posse Absolutas. Este é o prazer. Não importa o prazer sexual, ele é secundário. Este outro médico anestesista usava a mesma tática quando do procedimento. Aumentava a quantidade da sedação e da anestesia, fazendo com que as pacientes permanecessem por um longo tempo sedadas. Escolher o momento oportuno para o estupro em local não reservado, excitação que proporciona a sensação de onipotência, a sensação de enorme superioridade sobre todos que circulam no Centro Cirúrgico, são muitos. A Vulnerabilidade atinge seu nível máximo. Todas essas características de exploração da condição de vulnerabilidade apontam para um indivíduo que aparentemente, e apenas, aparentemente, é um profissional, é um pai de família, é um marido, é um amigo, é capaz de aparentar uma vida social e cidadã dentro do que se costuma dizer como “normal”. Até ser desmascarado, ninguém suspeitava de seu comportamento cruel. Se os anestesistas têm essa arma para praticar sua perversidade, sabemos que pais abusadores sexuais de meninas e meninos recorrem à deep web, a internet obscura, para buscar orientação sobre sedação de Crianças. Existem vários grupos de pais estupradores nessas profundezas perversas que dão todas as instruções sobre medicações “inocentes”, os antialérgicos, por exemplo, com toda a posologia por idade e peso, as opções de substâncias vendidas sem prescrição, ou como conseguir uma receita, para serem administrados às Crianças. Sem deixar nenhum rastro. Em um só grupo de pais médicos que estupram seus filhos meninos, há algum tempo atrás, haviam 70 mil seguidores. As “vantagens” vão desde a quebra de alguma resistência, até a incômoda possibilidade da Criança contar para a mãe. Assim, não precisa nem acionar o fraudulento argumento das falsas memórias. As imagens mnêmicas são canceladas, e se alguma sensação desagradável ou dolorida acontecer, será empurrada para um “sonho”, um “pesadelo”. É mesmo um verdadeiro pesadelo constatar toda essa estrutura de perversidade e barbarismo perpetrada por um humano contra sua cria. E o pesadelo cresce sem nunca chegar ao final quando esses agressores manipulam Operadores de Justiça que seguem a doutrina da mãe louca, da mãe alienadora. Mas, é um pesadelo acordado. Voltando ao conceito de Vulnerabilidade, talvez seja necessário reconhecer a nossa Vulnerabilidade, de toda a Sociedade que permitiu a instalação dessa barbárie silenciosa, “é segredo de justiça”, que vem mutilando nossas Crianças e Adolescentes. Que tipo de Código de Ética eles vão conseguir rasurar na idade adulta?

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