sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Constelações Familiares, uma seita nos Processos de Família. Parte IV

Constelações Familiares, uma seita nos Processos de Família Parte IV Uma invenção que se arvorou como pretensa psicoterapia, sem nenhuma fundamentação científica, saída diretamente do mundo da magia. Mas, para dar um ar de pseudociência, termos são jogados para confundir o que é puro obscurantismo. Termos psicanalíticos e termos da Física Quântica. As posições que os atores da constelação tomam no espaço são lidos seguindo os significados interpretativos numa perspectiva da Psicanálise. Sabemos, e a Psicanálise trouxe isso mais fortemente, que existem linguagens corporais, gestuais, faciais, mas não podemos aferir esse tipo de “significação” dogmática. Quando se está numa sala grande com pessoas desconhecidas para encenar suas dores com essas pessoas que não conhecem seu sofrimento, sob a direção de um “constelador” que está, segundo a tese, em conexão com seus antepassados mortos há muitos anos, os quais nem foram vistos em vida, num espaço que é designado pelo “constelador” como quântico porque recebe as vibrações morfogenéticas desses mortos. Difícil pensar que esse imbróglio possa convencer alguém que dedicou muitos e muitos anos da vida acadêmica ao estudo, com seus critérios de questionamentos a serem comprovados. Como comprovamos que isso acontece? O curioso é que aceitamos sem nenhuma comprovação que houve um antepassado da família da mãe, sempre da mãe, há muitos anos atrás, décadas, que foi predador, e que ele, por ter sido rejeitado pela família da época, “promoveu” um predador atual para vinga-lo. Mas não se fala de vingança e, sim, de refazer o elo do amor que foi quebrado quando o criminoso não foi acolhido no seio da família da época. E esse elo do amor partido será recomposto pelo pedido de perdão que a vítima deve ao agressor atual. Se isso não for realizado, os infortúnios/crimes continuarão. Entendo como vingança, intimidação, ameaça. Uma reedição das pragas da idade média que buscavam pela ameaça de severa punição catastrófica, o controle social, que justificavam jogar as mulheres na fogueira por serem bruxas. Hoje temos fogueiras sem visibilidade, mas que queimam mulheres que ousam denunciar homens agressores. Uma sessão de constelação familiar, publicitando uma dor de vergonha e humilhação que compõe o crime do abuso sexual intrafamiliar, em momento tão sofrido e devastador, equivale a uma fogueira onde a mãe é queimada. Não precisa de comprovação de que os ancestrais estão ali falando pelas posições assumidas pelos atores, ou pelos cavalos mordicando a orelha de sua proprietária consteladora. Assim como não precisa provar os tais “atos de alienação parental” cometidos pela mãe, apenas uma interpretação rasa de uma perita é o suficiente para afastar uma mãe de seu filho, e violar o Direito do filho de ter sua mãe. No entanto, quando se fala de abuso sexual onde, na maioria dos casos, temos apenas a palavra da Criança e a palavra do abusador, são exigidas provas materiais, que estão sempre fora do escopo do abusador. E, mesmo quando há positividade no Exame de Corpo de Delito para conjunção carnal adversa, termos técnicos da linguagem pericial, é preferido atribuir os doutrinários “atos de alienação parental” à mãe, e fazer a sugestão coercitiva da constelação familiar. Trazida para nosso país por um juiz da Bahia que se encantou com “solução mágica” dogmática da descoberta do “verdadeiro” autor das violências físicas e das violências sexuais dentro da família, essa manobra alcunhada de “técnica psicoterápica”, o que nunca o foi, as constelações familiares contaminaram facilmente outras comarcas. Fonte volumosa de ganho fácil, essa tese conseguiu a autorização para seu uso junto ao Conselho Nacional de Justiça, e seu uso foi estendido ao SUS e às Escolas. O juiz que introduziu essa tese infundada, recentemente, pediu exoneração do seu cargo de magistrado. Imagino que vai se dedicar, inteiramente, à consolidação dessa seita para tratar crimes, desresponsabilizando os autores. Evidentemente, que as pilhas de processos de família diminuem, uma vez que cada sessão de constelação já “soluciona” muitos processos na mesma sala, só trocando de atores, a cada nova constelação proposta. Um mutirão de dores e angústias que são passadas para a “solução definitiva” com a descoberta da história oculta de cada família exposta. E, paralelamente, a pontuação de desempenho atribuída aos operadores de justiça. Hoje, há um PL, Projeto de Lei no Congresso Nacional para que seja regularizada a Profissão de “Constelador”. Sim, a regulamentação de uma “profissão” que não tem nenhum compromisso com a Ciência, mas, que faz intervenções na vida de milhares de pessoas vulneráveis que tiveram seus Direitos Fundamentais violados, está em curso, sob um forte e competente lobby. Teremos, se regularizada for essa “profissão”, leigos julgando e sentenciando crimes cometidos entre quatro paredes, crimes difíceis e indeléveis, crimes quase perfeitos. Desresponsabilizar o autor e culpabilizar e penalizar a pessoa que tentou proteger. Será que os operadores de justiça têm o conhecimento da realidade a que eles estão sendo induzidos? Sabem o que estão cometendo com o Princípio do Melhor Interesse da Criança? Onde encontrar material sobre a violação do Direito à Maternidade, alienação parental, falsas memórias, constelação familiar: - Rádio Escafandro, episódio 66 e episódio 77. - Instituto Summum Iuris: live sobre constelações familiares. - Física e afins: lives da Dra. em Física Quântica, Gabriela Bailas. - Texto sobre Constelação Familiar do Psicanalista Luis Hornstein, facebook: “Constelaciones familiares: la peligrosa pseudoterapia creada por um nazi se cuela em la universidad pública”. Um Natal Feliz para as Crianças que são protegidas. Um Natal menos doloroso para as Crianças que sofrem.

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