sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Como cresce uma Criança? Parte XIII

Como cresce uma Criança? Parte XIII Vimos como se dá o crescimento da Criança. E, quando ela adquire as devidas habilidades motoras, cognitivas, linguísticas, eis que se inicia uma verdadeira revolução: a chegada da adolescência. Precedida pela puberdade, período intermediário quando o intenso movimento interno do corpo faz demolir a autoimagem para que uma reconstrução seja edificada, a Criança de ontem parece se perder do momento presente. Ela acorda um dia “grande”, mas no outro, acorda “pequena”, numa oscilação em velocidade difícil de acompanhar. Essa montanha russa leva ao momento de se apartar da infância. Entre nós psicanalistas, é comum se ouvir que o adolescente precisa matar os pais da infância, para que possa ser fundada uma relação nova, de menos dependência afetiva, menos dependência de aprovação. Isso, geralmente, é vivido pelo adolescente como uma necessidade de contestação de tudo. Para se desprender da condição de dependência que atribui ao pai e à mãe um status de onipotência, de perfeição, o adolescente precisa demolir esse pedestal dos pais. Para quebrar esse conforto afetivo infantil, o adolescente passa a ser contra tudo. Todos estão errados, ele está sempre certo, não aceita mais os modelos que seguia até então. Anda em tribos que se vestem igual e têm uma língua customizada, assim como os comportamentos e as roupas do grupo. Ou se isola de todos. Acredita que suas ideias vão salvar o mundo. Mas seu desenvolvimento cognitivo ainda lhe prega peças. Está apenas iniciando a capacidade de operar pensamentos por raciocínio abstrato, prescindindo do dado concreto, aquele que lhe chegou por toda a infância através de seu sistema perceptivo de mundo. Essa mudança, do raciocínio concreto para o início das operações em raciocínio abstrato, amplia a capacidade de pensar, a visão de mundo começa a crescer e ganhar qualidade em seu conteúdo. O adolescente vai adquirindo, gradativamente, a possibilidade de operar com muitas variáveis, seu pensamento científico vai se consolidando. Até os 25 anos, para além da adolescência, o desenvolvimento cognitivo se completará. Grandes decisões, filhos, casamento, vida no crime, identidade de gênero, por exemplo, tomadas antes do desenvolvimento cognitivo pleno, podem ser, parcialmente, prejudicadas em alguma coisa por essa incompletude. No entanto, isso não quer dizer que não possa haver, posteriormente, uma boa adaptação àquela falta no momento da decisão tomada precocemente. Afinal, os erros nos ensinam muito, também. Guardamos a impressão equivocada que o desenvolvimento termina com o crescimento da estatura, mas ele começa antes, os hormônios têm sua produção iniciada aos 2 anos, e nós não vemos, e termina depois, quando já estamos, por aparência na idade adulta. As aquisições estão contidas na faixa etária que vai de zero a 18 anos, mas a cognição plena precisa se edificar por mais algum tempo, até os 25 anos, mais ou menos. Ver faz parte da égide do pensamento concreto. Muita coisa acontece sem ser vista concretamente. As aquisições estão contidas na faixa etária que vai de zero a 18 anos, e podem ser constatadas por simples observação. Mas a cognição plena precisa se edificar por mais algum tempo, até os 25 anos, mais ou menos. Ver com os olhos faz parte da égide do pensamento concreto. Contudo, muita coisa acontece sem ser vista concretamente. O crescimento motor, o cognitivo o linguístico, o afetivo que perpassa a todos os setores, o desenvolvimento do sistema nervoso, no seu aspecto fisiológico e no aspecto funcional das estruturas neuronais, foram objeto de nossas reflexões. Olhamos para o Impacto de Extremo Estresse, tendo a repetição de práticas abjetas como fator cumulativo de trauma permanente, com as sequelas de atrofias físicas e disfunções de estruturas cerebrais que humanizam e socializam o ser humano. O corpo é nosso único bem inalienável que possuímos. É concreto. Mas necessita ter a sua representação em imagem mental. Faz-se necessário que ele esteja funcionando em relativa harmonia, o corpo real e o corpo mental, numa relação estruturada, íntima e querida, sem estranhamentos causados por violações. Um corpo violado é também uma mente violada. É sentido como estranho, com um pedaço do violador presente e dominando, como sujo e vexaminoso. Não é reconhecido como pertencido nem pertencente, quebrando assim a formação da identidade em curso misturada ao desenvolvimento. Freud afirmou que há 3 tarefas de realização completa impossível. Educar, governar e psicanalisar. Ajudar a crescer é mesmo muito difícil. Os bebês chegam sem manual de instrução, cada filho é único, demandando sempre prontas respostas, quaisquer que sejam. Ajudá-los para terem capacidade responsiva, ajudá-los a construir códigos de Ética, e Moral, abrir caminhos para que busquem um começo de empatia, estimulá-los à civilidade, para se humanizarem é tarefa árdua e única a cada vez. Uma Criança cresce como se fosse uma orquestra a tocar todos os instrumentos musicais para executar várias partituras e peças. Mas uma orquestra onde os músicos nunca se viram, não se conheciam antes, e, é tocando que passam a se conhecer. Porque a vida não tem ensaio.

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