sexta-feira, 11 de junho de 2021

Violência contra a Mulher e a Criança. As várias formas cada vez mais naturalizadas. Parte XI

 

Violência contra a Mulher e a Criança. As várias formas cada vez mais naturalizadas.

Parte XI

     Temos uma sensação de proteção introjetada na nossa mente que aparece quando pensamos ou buscamos as Instituições denominadas nesse propósito. Mais ainda quando imaginamos uma psicóloga que está incumbida, judicialmente, de fazer um laudo. No gênero feminino, assim escrito, deliberadamente, é ampla maioria.

     No entanto, há uma sequência de procedimentos abusivos que são praticados. Laudos são feitos à distância. À distância completa. Não por causa da pandemia. Aparecem nos autos, laudos chamados de psicossociais, escritos sem que a psicóloga nuca tenha visto ou falado com a mãe ou a criança. Outros, onde a mãe “ganha” mais dois filhos, por exemplo, com nomes e idades, quando ela tem um filho único. Outros ainda que trazem a descrição fraudada de uma entrevista. A Criança relata que o pai a obrigava a masturbá-lo e enfiava o dedo ensaboado em seu ânus, ao que a psicóloga responde que “isso é coisa normal entre homens, você não pode é contar para sua mãe”, (sic). Mas no laudo a psicóloga nada relata, dizendo que a criança interagiu muito bem com o pai, que conversou e quer voltar a conviver com o pai. Claro, que essas entrevistas são realizadas em acareação, e é demandado à criança que ela faça uma sustentação do que ela falou para a mãe dela. Mas, muitas vezes é pedido que ela mostre ao vivo, não vale por cima da roupa, deve enfiar a mãozinha por dentro da roupa para mostrar bem a queixa que fez apontando o pai como o autor. Isso tudo em acareação. Tortura?

     A lei 13.431/2017, Lei da Escuta Especial, é descumprida, sumariamente. Continua a ser praticada a inquirição com acareação, que duvida e tenta pegar a Criança em contradição, sem nenhum respeito pelo estado emocional dela. Este é um ponto importante. O estado emocional. Espera-se que psicólogas saibam que emoções traumáticas, como é o abuso sexual incestuoso, nem sempre são visíveis, palpáveis ou concretas. Mas se a Criança não chora e berra ao ver o pai suspeito do abuso, ou da violência física, logo aparece um Sofisma: então não houve abuso ou violência. Desconhecem as Doutas Psicólogas que o pai é alguém que a criança ama e obedece, e que ela, a Criança, não tem ainda um sistema Moral ou de Ética que cause, sequer, algum constrangimento. Somente, medo.   

     Além desse comportamento inquiridor, que persegue toda a fala da Criança, querendo provar uma mentira, a psicóloga perita judicial, muitas vezes, ao iniciar a entrevista, tira a roupa da Criança, que tem que permanecer de calcinha ou cueca apenas. Ela procura gravadores ocultos. Essa tem sido uma maneira de provar o que se passou dentro da sala. A Voz da Criança não tem nenhum crédito. Então ela precisa inutilizar uma possível gravação, como ocorreu a referida acima. Como se sente uma Criança que é despida por uma estranha, e assim tem que permanecer, considerando-se ainda que ela relata um abuso sexual sofrido?

     Assim como as palavras, também os desenhos quando são indicativos de abuso, são jogados na cestinha de lixo pela psicóloga. Sonegar palavras, desenhos, brincadeiras, encenações, tudo em nome da reafirmação de que tudo faz parte da tese, acientífica, da implantação de falsas memórias, feita pela mãe para como os tais atos de alienação parental contra o genitor. É corrente publicitar que a Criança é mentirosa. Intrigante ver que falsas memórias e mentiras só existem nos casos de abuso sexual intrafamiliar. Quando o abusador é alguém da escola, do transporte ou um vizinho, o relato da Criança é acreditado. Seria diferente?

     A gana pela desqualificação da voz da Criança é tamanha que há poucos dias vimos uma famosa “perita” ilustrando sua aula em Curso de “capacitação” para psicólogos se tornarem peritos judiciais, debochando ao apresentar as figuras de Crianças com um enorme nariz de Pinóquio, enquanto afirmava que “Criança mente, mente, mente”.

     São violações em cascata. Quando a Psicologia é usada como uma arma, ela mutila a Criança. E esta mutilação é, na maioria das vezes, permanente, posto que a Criança está em desenvolvimento, sua credulidade nos adultos é inerente à sua condição de vulnerabilidade. Portanto, manipular, distorcer, fraudar, uma dor tão doída, imprime uma sequela afetiva e social devastadora.

     A Teoria e a Técnica são pervertidas e, de proposta de tratamento, passam ao propósito do adoecimento psíquico. Em momento de Extremo Estresse, alguém pratica perversidades na invisibilidade garantida pela legalidade. Muitas leis não são uma questão de Justiça. São uma questão de Poder. Basta um grupo de interessados e um bom lobby, e está pronta a cobertura judicial de um comportamento inaceitável. A Exploração pela Colonização era legal. O Comércio Internacional de Escravos, era legal. O Apartheid era legal. O Holocausto era legal. E, afinal, temos a lei de alienação parental, neologismo cunhado por um médico pedófilo que defendia a pedofilia, por escrito, lei que pune com a retirada da Guarda e a consequente Privação Materna Judicial a Mulher/Mãe que ousar denunciar um Homem por crimes contra a Criança. 

     Tirar a roupa de uma Criança para retirar possíveis pontos de gravação, que deveriam ser obrigatórios para que fossem comprováveis as afirmações dos laudos, é uma violação à integridade física e psicológica da Criança. Como reza a Lei 13.431/2017, descumprida, traz uma mudança de paradigma: da inquirição para a Escuta, o acolhimento à Criança vítima. Interessante ver que conhecidas psicólogas, totalmente, aderidas à acareação com inquirição, ao sentirem o vento da Revogação da lei de alienação parental deformante em seu propósito, já começam a se intitular experts na Escuta Especial.       

     Lamentável, muito, que tenhamos perdido a honestidade profissional, trocada pela comercialização de favores. Não consigo mais ter a ingenuidade de pensar que é por despreparo, por desconhecimento, que não há compaixão com Crianças, bebês, púberes, adolescentes. Eles comunicam o que sofrem, e são, severamente, punidos sendo entregues a seus abusadores.

     O Estado que abriga esses profissionais intocáveis é responsável por este desastre humano. Nós todos, também.   

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