quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

A VIOLÊNCIA DA CONIVÊNCIA
       A câmera do metrô de São Paulo nos mostrou mais uma vez um comportamento subanimal. Um homem é morto a pontapés e socos na cabeça por dois homens jovens. A barbárie, novamente, se faz em toda a sua crueldade.
       A cena é, infelizmente, emblemática da, igualmente, crueldade da indiferença com o outro. Temos ali um homem que foi espancado até a morte por ter sido cidadão, por ter sido solidário ao pedir para que os dois rapazes não maltratassem uma pessoa. Atitude que, em meio ao mar de indiferença, se torna heroica. Tornou-se heroísmo dar limite da regra social de convivência, com direito à condenação sumária sob torturante espancamento. O que mias me choca é a plateia. Diriam alguns, é o medo. Sim, o medo. Diria eu, é a banalização da violência. A sociedade só reage diante do carro de polícia com os criminosos presos lá dentro. Neste momento que tem a polícia para contê-la, entra em fúria. São as mesmas pessoas que foram testemunhas silenciosas e apáticas do crime de violência brutal.
       Quero fazer aqui uma afirmação de grande gravidade: é assim também no bullying, no ciberbullying e no abuso sexual intrafamiliar. Testemunhas são inúmeras, mas silenciosas, porquanto, coniventes com o crime contra a criança. São alunos-testemunhas nas escolas, são virtuais amigos-testemunhas, e o pior, são familiares –testemunhas que escolhem a cegueira deliberada, e são coniventes com o crime continuado.

       Por que nos tornamos tão violentos? A conivência silenciosa é uma violência praticada pela família, pelos Operadores de Justiça, pela sociedade de faz de conta que somos. 

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