domingo, 1 de setembro de 2024

Onde está aquele menino?

Onde está aquele menino? Adiamos o tema referente à paternagem de qualidade porque um menino sumiu de sua mãe, em situação de violência física praticada por Agentes do Estado. Esta arbitrariedade cruel habita minha mente há mais de 3 semanas. Onde ele está? Qual menino? Não podemos falar. São muitos meninos. O manto da invisibilidade apoiada no Segredo de Justiça impede que saibamos os números e as histórias dessas Crianças. Com o ilusório argumento de que esse segredo vai proteger a Criança. No entanto, todo o entorno dela fica sabendo. Os coleguinhas na escola perguntam se ele tem mãe, se ela morreu, ela nunca aparece, ele mora com o genitor, ela não vai aos aniversários dele. Porque ela é uma “alienadora”. É como se ela tivesse uma doença altamente contagiosa, ou uma violência de alta periculosidade. Por isso, a “alienadora” é “alienada’ pela justiça. E, isso pode? Se faz mal afastar o genitor, por que faz bem afastar a Mãe que estava buscando proteção para sua cria? A Privação Materna Judicial é danosa. Muito. Este menino, emblemático caso, tem um quadro psicopatológico, acompanhado por diversos profissionais de várias áreas. Tem apenas 3 anos e estava mamando no peito de sua Mãe quando foi arrancado de sua segurança, de seu refúgio. Assistiu ao espancamento da mãe, fratura, luxações, hematomas, e teve um desmame traumático e de grande dimensão. Seu mundo é muito restrito em consequência da sua patologia. Mas, nada disso foi considerado. Esse menino não tem condição emocional e nem organização cognitiva para entender o que foi feito com ele. Ele é duplamente vulnerável. É de extremo estrago mental obrigar uma Criança tão pequena, portadora de uma deficiência de compreensão de mundo, ser esmagada por uma situação incompreensível até para um adulto em plena capacidade cognitiva e social. Ele foi empurrado num abismo sem fundo. Não possui recursos para sofrer essa dor. Ele está sendo espancado em continuidade. Se Crianças bem socializadas suportam mal mudanças bruscas, perdas de referências, não é difícil imaginar o sofrimento dessa Criança. E não se vê nenhuma preocupação com a sobrevivência psíquica do menino. Não vou entrar pela dor da Mãe, machucada no corpo e na alma. Agora com as complicações decorrentes do desmame abrupto traumático, precisando de atendimento hospitalar por causa do “leite empedrado”, como se diz no popular. A angústia beira o insuportável. Não come, não dorme, não para de chorar. Sabe bem como deve estar o desespero de seu filho. Não vou também trazer motivos, fatos, porque não é permitido. A quem serve esse segredo? A Criança e a Mãe se tornam alvos de severos preconceitos e estigmas sociais, e não conseguem explicar nada, porque são proibidas de falar. E, mãe e filho, seguem sendo mortos socialmente. Não raro, acontecem mortes fisiológicas também. Quantos meninos e meninas estão mortos de suas mães. Quantos meninos e meninas morreram completamente. As Milícias Psicológicas se encarregam de justificar o injustificável. Não há justificativa possível que explique tamanha crueldade cometida pelo Estado Brasileiro. Os Agentes “aloprados”, como se auto denominaram, estavam cumprindo uma ordem que não tinha sido registrada em nenhum papel, em nenhum cartório. É assim quando se é fora da lei. A Lei da Natureza deixa claro que não se faz isso com uma Criança de 3 anos que tem uma síndrome do Espectro Autista. Nem com Crianças de diversos perfis. Com nenhuma Criança. Não se arranca uma Criança do seio da Mãe. É inumano. É sub-animal. Tenho ouvido muitos que perguntam como essas pessoas que executam essa cascata de barbaridades, deitam a cabeça no travesseiro e dormem, tranquilamente. Sim. Dormem sim. Não sentem culpa, não se responsabilizam pelo sofrimento que causaram à Criança, esta e tantas outras, não sentem nada porque são humanos atípicos. Muito atípicos. Quantos meninos como esse José. Quantos Bernardos, quantos Henrys, quantas Joannas, quantas Isabellas, quantas Mariahs, quantos Ians, quantos Pedros, quantos Josés? Quantos? São muitos. E não temos possibilidade de tomar conhecimento, de saber suas verdadeiras histórias. A Mãe que ousa denunciar o homem genitor, cumprindo o Artigo do ECA, é louca, ressentida, inconformada com o término do relacionamento, interesseira. A Criança que, aos prantos, relata as práticas sexuais sofridas, para a agente que se diz especializada, consta na Ata como tendo reproduzido um discurso sugestionado por “terceiros”. É a desqualificação de praxe da palavra da Criança e da Adolescente. Depois que são entregues aos seus predadores sexuais, ou agressores físicos, pela justiça, apoiada na lei de alienação parental, termo inventado por um médico americano pedófilo, há uma sucumbência psíquica. A desistência se instala nessas Crianças e Adolescentes. E a justiça não se importa mais com o que ele está passando. Não há nenhuma notícia, nenhum relatório psicológico, nada. Foi entregue a um homem. Parece que isso basta. Quando o juiz “deixar” a Mãe ver o filho, de 15/15 dias, vigiada, os relatórios reaparecem apontando “inadequação” da mãe porque ela deu um beijo a mais no filho. É a vigia que determina quantos beijos pode. E o juiz obedece à indução da vigia suspendendo a precária convivência quinzenal. E o Princípio do Melhor Interesse da Criança? Existe? Escrito ele é muito bonito. Onde ficou nesse caso emblemático do bebê autista de 3 anos que foi, literalmente, arrancado do seu mamar? E desaparecido da Mãe. E, onde está esse menino? Como ele está agora? O que ele está sentindo? Foi contemplado com o Princípio do Melhor Interesse da Criança? De novo a mesma coisa se repete. Só que um pouco piorada. Fico com a sensação que estou me repetindo. Mas é a barbárie que se repete.