terça-feira, 21 de novembro de 2023

A Responsabilidade dos pais com os filhos, observando passarinhos e humanos. Parte II

A responsabilidade dos pais com os filhos, observando passarinhos e humanos. Parte II. Nos raros momentos em que a mamãe passarinho voa para se alimentar, já é possível ver que os ovinhos, 2 ou 3, já deram início aos filhotes. Ainda sem plumagem, estátuas, aconchegados um ao outro, ou aos outros, não dá para saber se são dois ou três, apenas um, hoje, conseguiu abrir os olhos. Mas, imóveis, recebiam a cobertor da mãe imóvel também, por quase todo o tempo. Estou descrevendo o que venho acompanhando no ninho de passarinhos que foi construído, magistralmente, no jardim do meu trabalho. E, enquanto testemunho, um privilégio, as leis da Natureza serem seguidas, mesmo que intemperes do clima, chuvas fortes, rajadas de ventos, calor acima da média, tenham assolado aquela aparente frágil moradia, nada mudou o curso daqueles filhotes e pais passarinhos. Pais que assumiram a responsabilidade da proteção de seus filhos. Enquanto isso, nossos filhos são assassinados em mais uma estúpida guerra. São 19 guerras que acontecem no mundo hoje. A quem interessa? As narrativas buscam “justificativas” torpes como sendo por um deus, ou por um território, como se algum deus se interessasse por uma supremacia que pisa em cadáveres. E agora, preferencialmente, em cadáveres de Crianças. Não é desumano matar, mutilar e soterrar Crianças. Estamos diante e vivendo uma crise de barbarismo que mesmo os quadrúpedes ou pássaros não promovem. Essa é uma barbárie sub-animal. Imagens grotescas circulam com atrocidades contra Crianças. Fake News? Pode ser, mas só o fato de montar a atrocidade fake, já é uma barbárie pela intenção de uma manipulação em massa, usando a imagem de uma Criança. Mas, para além da mentira, que venceu a verdade relativizada nos nossos dias, as Crianças estão sendo alvo de uma violência nunca antes vista depois da história de Herodes. Desarruma a mente assistir um vídeo de um grupo de Crianças, com um porta-voz que lê um papel pedindo para viver. Talvez pudéssemos substituir aquele porta-voz palestino/israelense, por uma Criança ucraniana, ou por uma Criança Yanomami, ou por uma Criança de uma favela do Rio de Janeiro, ou por uma Criança da Etiópia ou da Somália. Essas outras Crianças, atualmente, não têm Voz. A mídia escolhe um só grupo. Talvez porque nossa mente não esteja preparada para suportar todas essas dores dos sofrimentos de Crianças. E, ainda, se incluirmos a violência sexual e a violência física, ambas do âmbito familiar, o excesso faz com que os agressores sejam beneficiados porque ficam subnotificadas e subfaladas. A Vulnerabilidade do Ser Criança parece funcionar como um ímã para os gananciosos por Poder. Criança não consegue se defender de violências ferozes, sendo, portanto, presa fácil para quem busca o prazer do triunfo pela opressão de um frágil. É da nossa Responsabilidade a Proteção Integral de TODAS as Crianças. Enquanto sociedade, somos pai e mãe não só de nossos filhos biológicos e afetivos, como de cada Criança que está nessa guerra alimentada por ódios mútuos seculares e injustificáveis, que são patrocinados por interesses financeiros, e resultando em no eixo opressor x oprimido. Medir força e Poder usando Crianças é, além de tudo, vergonhoso. Ou deveria ser. Lamentavelmente, as Crianças abatidas parecem se tornar uma espécie de medida de Força e Poder: pequenos cadáveres a metro. Pela sua condição de Vulnerabilidade, Criança não pode ser soldado nem escudo, Criança não pode ser a medida que atribui o vencedor de uma guerra, Criança não pode ser explorada para o trabalho lícito, menos ainda para o ilícito, Criança não pode ser explorada sexualmente, Criança não pode ser mãe. Criança não pode ser torturada. E a guerra é um estado de tortura continuada. Criança não pode participar da morte da família por causa de uma bomba, assim como não pode assistir o espancamento ou o Feminicídio da mãe pelo genitor. Criança não pode dar uma coletiva de imprensa pedindo para que seja permitida a vida para ela. Onde estamos? Por que os passarinhos conseguem proteger seus filhotes e nós, humanos, não conseguimos. Se avançamos em conhecimento, não melhoramos no que deveria ser a nossa humanicidade. E seguimos destruindo até mesmo os nossos próprios avanços de saberes diversos. Recentemente, um grupo de meninos, alunos de um colégio conceituado em ensino e valores religiosos, fez uso de uma ferramenta da inteligência artificial para exibir o machismo, a misoginia, o preconceito, a depredação de meninas, colegas, sem nenhum limite de alguma razoabilidade. Gostaria de voltar a esse tema na próxima semana porque discordo da culpabilização dos pais dos infratores. Sabemos que muitos não tomam conta da vida tecnológica paralela de seus filhos, dá muito trabalho, mas precisamos refletir sobre a nossa falha enquanto pais de todos, enquanto sociedade que já não cultiva a verdade, as regras e os valores sociais, os compromissos afetivos. Somos todos responsáveis por mais esse desastre da humanicidade.

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