sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Desenvolvimento Cognitivo da Criança e do Adolescente

 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
       Faz-se necessário pensar no desenvolvimento cognitivo humano porquanto alvo de tantos equívocos. A inteligência é um conceito muito complexo que tem de um lado os estudiosos que a entendem como tendo um caráter genérico (fator g de Spearman), e de outro, os estudiosos que lhe atribuem um caráter pessoal em sua definição. (Thurstone).
       A criança nasce com seu desenvolvimento muito incompleto. Um mamífero superior é capaz de se por de pé e começar a andar e procurar seu alimento, o leite materno, em 20 minutos. Nós humanos necessitamos dos cuidados especiais, os cuidados maternos nos primeiros anos de vida, A mãe é a figura de referência para a criança até os 7/8 anos, mais ou menos, porque a ligação mãe-bebê é visceral. Concebido em seu útero, sua primeira morada por 09 meses, alimentado em seu seio para lhe garantir sustento de nutriente e afeto, o bebê é capaz de reconhecer a voz da mãe nas primeiras semanas e de se acalmar ao ser colocado contra seu corpo sentindo e reconhecendo, organicamente, a pulsação de seu batimento cardíaco. Esta condição biológica favorece a intimidade entre mãe e filho. Por isto, é a mãe sua figura de referencial.
       A teoria de J. Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo é a mais elaborada que se tem. Em torno dos 2/3 meses o bebê tem muitos espasmos psicomotores. Ao mexer suas mãos de modo descoordenado, ele acaba por esbarrar em algum objeto, é comum que seja um brinquedo colocado ali no seu berço ou carrinho para fazer barulho e distraí-lo. Este barulho produzido por acaso será ouvido por ele, que passa a querer repetir a ação. Diz-se então que este é o nascimento da inteligência: a intencionalidade.
       Por ensaio e erro o bebê vai aprimorando seus movimentos e conseguindo cada vez mais o resultado que deseja. A experiência é a base de todo o desenvolvimento cognitivo.
       A primeira fase é o período sensório-motor, de 0 a 18 meses, o funcionamento é puramente empírico, as aquisições se sucedem por repetição e depois por combinação de movimentos. É a intencionalidade experimentada nos movimentos, originalmente, espasmódicos que atesta o nascimento da inteligência. Repetir o movimento para obter determinada sensação, tátil, auditiva ou visual.
       O período pré-operatório, dos 18 meses aos 07 anos, quando o raciocínio é pré-lógico, quando a verdade concreta não é capaz de considerar duas variantes ao mesmo tempo. Neste período as crianças seguem ao pé da letra o que seus sentidos lhe fornecem de informações, não conseguem ponderar ou flexionar, pau é pau e pedra é pedra.
       O período Operatório, segundo Piaget, está dividido em estágio das Operações Concretas, dos 6/7 anos aos 12 anos, e estágio das Operações formais, a partir dos 12 anos, conseguindo atingir o pensamento lógico com o raciocínio hipotético- dedutivo em torno dos 14 anos.
       Portanto, a criança passa sua infância até os 12 anos funcionando em raciocínio concreto. O que lhe é dito só se torna um conhecimento se for experimentado por ela.  A partir desta idade ela começa a ser capaz de prescindir do concreto e ingressa, gradualmente, no período das Operações Abstratas. para completar seu desenvolvimento cognitivo em torno dos 15/16 anos, quando está capacitada a ter um pensamento lógico, a realizar um raciocínio hipotético dedutivo com metodologia cognitiva.               

Sobre o desenvolvimento da capacidade de memória:
       A memória segue, assim como a aquisição da linguagem, o desenvolvimento cognitivo. A memória, e a linguagem, são baseadas no funcionamento do pensamento concreto. Não se retém por muito tempo na infância um discurso decorado, porque ele carece da lógica concreta.
       A memória é outro conceito também complexo porque ela não se refere ao simples armazenamento das informações. Ela faz parte desta grande engrenagem, e permeia, e é permeada pelos elementos cognitivos e linguísticos, em parcerias inseparáveis, em ambiência de afeto. E seu desenvolvimento, nutrido pelo afeto, depende do cognitivo e do linguístico, ocorrendo de par com estes dois outros vetores. É este desenvolvimento conjunto que vai lhe conferir maior quantidade e melhor qualidade de acervo. Ela, a memória, está submetida às emoções e aos afetos, tanto no seu armazenamento quanto no seu resgate.
       Assim ela pode sofrer variações em função dos mecanismos de defesa do ego, sendo o seu principal, o recalcamento. Este mecanismo, o recalcamento, é amplamente usado pela mente da criança nas situações traumáticas, para garantir a sobrevivência da mente.
   A memória tem um funcionamento que vai adquirindo organização ao longo da infância. Nos primeiros anos, dos 03 aos 10/12 anos, as operações mnêmicas vão se tornando cada vez mais precisas. Para isso a organização no armazenamento/resgate precisa ser repetida à exaustão. Durante toda a infância este processo é prioritário porque é preciso adquirir uma boa memória para as exigências da aprendizagem escolar e a aprendizagem experiencial para a vida. Por isso, as falsas memórias na infância não têm também como se instalar se não há um conhecimento experimental.
             O esquecimento, sob a forma de recalcamento, mecanismo de defesa do ego, entra em ação para evitar a morte psíquica quando o trauma é muito intenso. O esquecimento/recalcamento é grave, e muito comum quando a criança não é acreditada e permanece sofrendo um trauma cumulativo (continuado). 
       A criança é competente na distinção entre fantasia e realidade. Ela não tem vergonha de brincar com a fantasia, tem muita facilidade em entrar no seu mundo imaginário, mas sabe exatamente porque está sob seu comando, mas, diferencia sem nenhuma dificuldade o que é real e o que é fantasia.


       Esta oficina articulada, que usa ferramentas e sistemas linguísticos, mnêmicos, nutridos em solução afetiva, irá completar seu desenvolvimento cognitivo em torno dos 15/16 anos, quando está capacitada a ter um pensamento lógico, a realizar um raciocínio hipotético dedutivo com metodologia. Hipóteses de qualquer destes campos humanos podem ser pensadas e respondidas, até com o não sei consciente.               

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