quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O Umbigo, a marca dada pela Mulher/Mãe, e só por ela. Parte III

O Umbigo, marca dada pela Mulher/Mãe, e só por ela. Parte III Uma mãe, sentada, com seu bebê ao colo, sendo amamentado, num espaço rural. Uma cena natural. Não. Não vimos tudo ainda. Horrores brotam a toda hora. A produção de atrocidade é infinita, mesclada, sempre, com uma "lei" para induzir a sensação de legitimidade. A falsificação está cada vez mais em alta. A verdade foi fragmentada e relativizada. Perdeu a importância. Fala-se muito mais em "lados" do que se reconhece um fato. Fui criada em ambiente em que a palavra de honra era o que valia para meus pais, que nunca nos bateram, apesar da naturalidade desse método, tido como disciplinador à época. Uma mãe sentada amamentando seu bebê, que começa a chorar e a demonstrar medo, pavor. Ela tenta acalmá-lo, mas ao levantar com ele, é acossada pelos 3 homens e uma mulher, que a cercam. E ouve-se: estou lhe dando a opção de ir por bem ou por mal. Onde estava essa opção de ir por bem? Não se vê. A mãe vai ficando aflita, e as ameaças continuam: se você vai aloprar a gente vai aloprar também. Ela não tinha nenhuma arma. Já estava tudo armado. Foi espancada, teve o cotovelo fraturado, os dois joelhos atacados, técnica de derrubar bandido perigoso, ataque às articulações que acabam por causar consequência de comprometimento da mobilidade e da defesa. Muita dor. agarrada pelo braço quebrado, foi algemada. Jogada num camburão e jogado o bebê de 3 anos, portador de necessidades especiais. Muita dor. Muitas dores de vários tipos, em vários lugares no corpo e na alma. A maior das dores que segue desesperando essa Mulher/Mãe é não ter visto mais seu filho. Nenhuma notícia. Ele foi subtraído pelo Estado. Não eram meliantes. Eram agentes. Não daria para dizer que as lesões constatadas pelo Instituto Médico Legal foram consequência de ato de defesa dos agentes diante da ferocidade de uma mulher com uma Criança no colo, e 4 adultos treinados, sendo três, homens. Se assim fosse teríamos perdido algumas medalhas de ouro em lutas nas Olimpíadas que acontecem. Além das Olimpíadas que ocupam nossos desejos de "ganhar do outro", com regras claras e respeitosas da dignidade humana, temos um outro ponto a ser destacado. O aniversário de 18 anos da Lei Maria da Penha. Essa é outra Mulher/Mãe que foi muito espancada por anos, na frente de suas três filhas, como aconteceu com essa Criança que viu sua mãe ser espancada por alguém que se auto intitulou aloprado. É, no mínimo, vergonhoso que no aniversário de 18 anos da Lei que combate a Violência contra a Mulher, sejamos obrigados a assistir cenas tão deploráveis de Violência contra a Mulher, sob os auspícios do Estado. É uma exceção das exceções? Não. Conheço vários episódios quase iguais, e muitas variações dessa Violência Institucional e dessa Violência Vicária. Precisamos falar mais desse tipo. O Estado será responsabilizado pelo dano irreversível causado a essa Criança? Que desespero desorganizador está sofrendo esse menino, arrancado de sua Mãe, a pessoa que lhe dá sustentação para aguentar o que lhe é tão adverso. É o vínculo afetivo e de sobrevivência para ele. Para que ter leis tão bonitas se não as cumprimos? Nem nós, sociedade leiga, nem os agentes pagos para mantê-las e imprimi-las? A quem serve este estado de coisas às avessas? Alguém, está no comando desse avesso. Ou, alguéns. Um aloprado não está sozinho para cometer tanta insensatez. A Lei Maria da Penha aos 18 anos está apenas engatinhando. A Cultura da Violência contra a Mulher é estrutural. Infelizmente, demoraremos décadas para reverter os números coletados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública: uma Mulher é estuprada a cada 6 minutos, em 2023; o Feminicídio bateu recorde no mesmo período; uma Medida Protetiva é concedida a cada 1 minuto, no 1º semestre de 2024; Mas uma Lei não consegue mudar o comportamento do que é auspiciado, impunimente, por autoridades. Todas essas vítimas de violência deram umbigos a seus filhos. Todas tiveram o tempo da relação mais plena que existe, deixando o umbigo como a marca indelével. O Poder da Maternidade, garantida pelo útero feminino, parece ser insuportável a mentes primitivas. Se Freud, naquele tempo ainda mais machista, intuiu uma inveja do pênis, precisamos refletir sobre a inveja do útero, com tantas evidências exibidas. Mas negadas. Talvez estejamos diante da necessidade de reformar as invejas. A descrita por Freud é caracterizada por um sentimento de "inferioridade", de falta, como ele apontou. Gostaria de chamar a atenção para a outra inveja. Ela mata. Ela faz dor. Ela massacra. Só para ter um flash de um Poder esmagador que renega o acolhimento, a relação afetiva plena necessária a todos nós. Não vou me furtar à interpretação psicanalítica mais simples e evidente do agente que acossou a Mulher/Mãe desse vídeo que já foi retirado do ar. Claro. Essa foi uma demonstração explícita do insuportável daquele menino no colo da sua Mãe, recebendo seu alimento, a nutrição e o afeto. Uma dependência absoluta cuidada pela Mãe. Ficou insuportável. E o rompimento daquele elo de afeto foi destruído pela ira da inveja. Uma barbárie.

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