sexta-feira, 16 de agosto de 2024

O Umbigo, a marca dada pela Mulher-Mãe, e só por ela. Parte IV

O Umbigo, a marca dada pela Mulher/Mãe, e só por ela. Parte IV Umbigo, marca banal, mas universal. Todas as etnias, todas as nacionalidades, todos os tipos de corpos, mesmo que cada corpo seja único. A marca da vida, a marca da primeira relação que alimentou para aquela célula germinada se multiplique e se desdobre em vários tipos de sistemas diferenciados. Tudo patrocinado pelo que corre no cordão umbilical que deixará sua marca permanente. Essa conexão visceral constrói um afeto. É um fato da Natureza, que ocorre também entre animais, principalmente, entre os da categoria dos mamíferos. Esse espaço de tempo entre o embrionário e o fetal, seguido do bebê, acontece entre Mulher/Mãe e criatura que vai chegar à luz do mundo. Quando estamos nos debruçando sobre a origem do umbigo, sobre a primeira relação física-afetiva do bebê com sua Mãe, não estamos sacralizando a Maternidade. Sabemos que a Maternidade não é compulsória, não deveria ser exercida por algumas mulheres, muito pelo contrário, temos pleno conhecimento de que existem mulheres que teria uma contraindicação redonda para exercê-la. São pessoas que não têm vocação para essa experiência afetiva. Estamos buscando uma reflexão para encontrar indícios primários da dificuldade de reconhecer o Direito a essa experiência, pela inveja da capacidade criativa do útero. Parece-nos que há um gotejamento de incômodo em mentes que negam que já estiveram nesse lugar do bebê atual, que já foram contempladas pela plenitude dessa experiência. A Misoginia, tanto de homens quanto de mulheres, tem raízes muito profundas, que circulam entre nós sem ser percebida facilmente. O Machismo estrutural também. Tem consistência de água que vai escorrendo sem ser vista, como as infiltrações nas paredes de nossas residências. Quando aparecem, já estragaram muita coisa por dentro. Apontamos a Misoginia quando ela surge já banhada de violência, como a mancha na parede que solta o reboco, deixando à mostra, o que há muito acontecia por baixo da aparente tinta. Precisamos pensar na sua etiologia, onde está a fonte de tamanha violência que se torna, por vezes, assassinato. A violência sexual é a forma mais esmagadora, talvez. Os números dos casos notificados, que são apenas uma parte dos casos existentes, são assombrosos. Um estupro a cada 8 minutos. Contra as Crianças, Meninas e meninos, incluindo os bebês, a estatística é ainda maior. E fica como estatística mesmo. A Lei de alienação parental, termo inventado por um médico pedófilo, venerado em nosso país, garante a invisibilidade dos criminosos intrafamiliares, e a inversão dos vetores. A vítima e sua Mãe é que são punidas. E cada vez mais nos aproximamos da criminalização da Mulher/Mãe que ousa denunciar o “pobre violador”, que é auspiciado pelo Estado no lugar de vítima, ganhando de bônus a Guarda Unilateral da Criança que é violentada por ele. Muito nos inquieta a insistência desse termo, alienação parental, que aniquila o exercício da Maternidade. Sua eficácia é tão grande que tem arrebatado também situações de mágoas e ressentimentos em pais que não são violentos, mas que têm seguido ass instruções de advogados que consagraram essa lei. Juntam-se a eles, os profissionais de psicologia que emitem laudos sentenciais, sem nenhuma fundamentação nem de bom senso, onde decidem até o regime de Guarda e usam a lei como vingança contra Mães para destilar sua Misoginia. Do mesmo jeito que existem mulheres que não deveriam nunca se tornar mães, pela incapacidade de empatia e de compartilhamento de seu corpo, existem homens que não deveriam se tornar pais porque não estão habilitados pela responsabilidade e pelo respeito à relação plena entre mãe e filho. Esses homens costumam atacar essa conexão, exibindo um “Poder opressor”, na busca de um acalento para a frustração, profundamente, sentida, na busca de um pequeno prazer embebido de dominação. Não estamos nos referindo aos elementos que têm desvio de caráter e exibem seu segredo social, a violência física e a violência sexual contra a Criança, o que atinge, diretamente a mãe. O Estupro de Vulnerável é predatório. Também na situação inversa, ou seja, um homem que é um péssimo marido, que espanca a mulher, é um péssimo pai. Quando o homem bate na mãe, ele bate na família toda, em todos os filhos porque dói em cada criança, mesmo que ela não seja tocada. É falta de cognição adequada e é um atestado de misoginia, afirmar que um péssimo marido pode ser um ótimo pai. Falta um bom número de sinapses nesse cérebro. Mas também encontramos homens que aprendem a exercer a paternidade de maneira saudável, mostrando que é possível respeitar e, até admirar uma Mulher/Mãe, respaldando sua função de maternar a cria deles, sem atrapalhar. Dar uma retaguarda para a Mãe é a pedra fundamental para edificar a boa relação Pai/Filho. A Paternidade, no entanto, não recebe nenhuma condição da Natureza. Ela é uma construção difícil, que precisa lidar com preconceitos, estereótipos, marcadores sociais que aprisionam o homem em figurações que acumulam obstáculos. Toda a desvalorização do cuidado, atribuído, socialmente há séculos à Mulher, recai sobre o Homem. Sintonizar com um bebê, com sua linguagem corporal confusa, mas expressiva quando bem olhado, é tarefa desestimulada aos homens. Assim como há Justos na Justiça, há Bons Pais entre os Homens. Continuaremos esse tema no próximo artigo.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

O Umbigo, a marca dada pela Mulher/Mãe, e só por ela. Parte III

O Umbigo, marca dada pela Mulher/Mãe, e só por ela. Parte III Uma mãe, sentada, com seu bebê ao colo, sendo amamentado, num espaço rural. Uma cena natural. Não. Não vimos tudo ainda. Horrores brotam a toda hora. A produção de atrocidade é infinita, mesclada, sempre, com uma "lei" para induzir a sensação de legitimidade. A falsificação está cada vez mais em alta. A verdade foi fragmentada e relativizada. Perdeu a importância. Fala-se muito mais em "lados" do que se reconhece um fato. Fui criada em ambiente em que a palavra de honra era o que valia para meus pais, que nunca nos bateram, apesar da naturalidade desse método, tido como disciplinador à época. Uma mãe sentada amamentando seu bebê, que começa a chorar e a demonstrar medo, pavor. Ela tenta acalmá-lo, mas ao levantar com ele, é acossada pelos 3 homens e uma mulher, que a cercam. E ouve-se: estou lhe dando a opção de ir por bem ou por mal. Onde estava essa opção de ir por bem? Não se vê. A mãe vai ficando aflita, e as ameaças continuam: se você vai aloprar a gente vai aloprar também. Ela não tinha nenhuma arma. Já estava tudo armado. Foi espancada, teve o cotovelo fraturado, os dois joelhos atacados, técnica de derrubar bandido perigoso, ataque às articulações que acabam por causar consequência de comprometimento da mobilidade e da defesa. Muita dor. agarrada pelo braço quebrado, foi algemada. Jogada num camburão e jogado o bebê de 3 anos, portador de necessidades especiais. Muita dor. Muitas dores de vários tipos, em vários lugares no corpo e na alma. A maior das dores que segue desesperando essa Mulher/Mãe é não ter visto mais seu filho. Nenhuma notícia. Ele foi subtraído pelo Estado. Não eram meliantes. Eram agentes. Não daria para dizer que as lesões constatadas pelo Instituto Médico Legal foram consequência de ato de defesa dos agentes diante da ferocidade de uma mulher com uma Criança no colo, e 4 adultos treinados, sendo três, homens. Se assim fosse teríamos perdido algumas medalhas de ouro em lutas nas Olimpíadas que acontecem. Além das Olimpíadas que ocupam nossos desejos de "ganhar do outro", com regras claras e respeitosas da dignidade humana, temos um outro ponto a ser destacado. O aniversário de 18 anos da Lei Maria da Penha. Essa é outra Mulher/Mãe que foi muito espancada por anos, na frente de suas três filhas, como aconteceu com essa Criança que viu sua mãe ser espancada por alguém que se auto intitulou aloprado. É, no mínimo, vergonhoso que no aniversário de 18 anos da Lei que combate a Violência contra a Mulher, sejamos obrigados a assistir cenas tão deploráveis de Violência contra a Mulher, sob os auspícios do Estado. É uma exceção das exceções? Não. Conheço vários episódios quase iguais, e muitas variações dessa Violência Institucional e dessa Violência Vicária. Precisamos falar mais desse tipo. O Estado será responsabilizado pelo dano irreversível causado a essa Criança? Que desespero desorganizador está sofrendo esse menino, arrancado de sua Mãe, a pessoa que lhe dá sustentação para aguentar o que lhe é tão adverso. É o vínculo afetivo e de sobrevivência para ele. Para que ter leis tão bonitas se não as cumprimos? Nem nós, sociedade leiga, nem os agentes pagos para mantê-las e imprimi-las? A quem serve este estado de coisas às avessas? Alguém, está no comando desse avesso. Ou, alguéns. Um aloprado não está sozinho para cometer tanta insensatez. A Lei Maria da Penha aos 18 anos está apenas engatinhando. A Cultura da Violência contra a Mulher é estrutural. Infelizmente, demoraremos décadas para reverter os números coletados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública: uma Mulher é estuprada a cada 6 minutos, em 2023; o Feminicídio bateu recorde no mesmo período; uma Medida Protetiva é concedida a cada 1 minuto, no 1º semestre de 2024; Mas uma Lei não consegue mudar o comportamento do que é auspiciado, impunimente, por autoridades. Todas essas vítimas de violência deram umbigos a seus filhos. Todas tiveram o tempo da relação mais plena que existe, deixando o umbigo como a marca indelével. O Poder da Maternidade, garantida pelo útero feminino, parece ser insuportável a mentes primitivas. Se Freud, naquele tempo ainda mais machista, intuiu uma inveja do pênis, precisamos refletir sobre a inveja do útero, com tantas evidências exibidas. Mas negadas. Talvez estejamos diante da necessidade de reformar as invejas. A descrita por Freud é caracterizada por um sentimento de "inferioridade", de falta, como ele apontou. Gostaria de chamar a atenção para a outra inveja. Ela mata. Ela faz dor. Ela massacra. Só para ter um flash de um Poder esmagador que renega o acolhimento, a relação afetiva plena necessária a todos nós. Não vou me furtar à interpretação psicanalítica mais simples e evidente do agente que acossou a Mulher/Mãe desse vídeo que já foi retirado do ar. Claro. Essa foi uma demonstração explícita do insuportável daquele menino no colo da sua Mãe, recebendo seu alimento, a nutrição e o afeto. Uma dependência absoluta cuidada pela Mãe. Ficou insuportável. E o rompimento daquele elo de afeto foi destruído pela ira da inveja. Uma barbárie.

O Umbigo, a marca dada pela MulherMãe, e só por ela. Parte II

O Umbigo, a marca dada pela MulherMãe, e só por ela. Parte II Banal. Invisibilizado. Mas ninguém pode não possuir o seu. No entanto, ele é diferente quando está no corpo de um homem ou no corpo de uma mulher. Nos corpos masculinos eles são invisibilizados por completo. Já nos corpos femininos eles adquirem uma conotação de sensualidade, são um ponto de referência na moda das roupas, para aparecer, ou para ser somente insinuado, ele ganha um charme sexualizado. Uma espécie de atrativo, chegando até a interpretação acusatória de que a mulher está pedindo para ser estuprada quando o deixa à mostra. Será que essa diferença de olhares, diferença de significados para a mesma parte biológica do corpo humano de todos os humanos, umbigo masculino e umbigo feminino, expressam alguma coisa? Por que? Para que? Homens, mulheres, e todas as legítimas variações destas duas matrizes, são diferentes em seus agrupamentos, e dentro dos próprios grupos. Todos somos únicos. Mas todos vivem, iguais, absolutamente, a experiência umbilical. A relação de vínculo visceral que tem grande chance de se construir no afeto recíproco. Não estou afirmando amor eterno e celestial. Esse mito desse amor é um cárcere social que obstaculiza a liberdade afetiva. Estou me referindo a afeto. e o amor é um elemento do afeto que deve ser fruto de decisão. O afeto se refere à responsabilidade, ao cuidado, em relação ao ser indefeso, vulnerável, em formação por muitos anos. Uma MulherMãe não deveria se sentir condenada ao amor, assim como um filho também não deve ser condenado ao ao amor a quem detém o título mas não exerce a função de mãe. Pode parecer estranho falar de amor como uma condenação. Tão bonito e enaltecido ser mãe... Mas precisamos entender que não é mãe é mãe, ou pai é pai, títulos de cartório, que exercem a difícil missão do cuidado responsável afetuoso pela cria vulnerável. O Umbigo, esse ponto tão significativo no corpo de todos os humanos, não recebeu nenhuma homenagem. Os monumentos desde o Egito antigo exibem a forma fálica que aponta para o céu. Os egípcios diziam que os obeliscos homenageavam o deus do sol, Rá, pedindo proteção a ele. Uma outra interpretação fala que o obelisco traz uma união de masculino , na forma, falo, e feminino na base, que não se vê. Não encontramos representações do feminino nos monumentos ao longo de nossa história. Falos estão por toda parte. Parece que para lembrar o Poder masculino, dizem, que contra os inimigos, os invasores. Mas o falo é um invasor por excelência. Mulheres se tornaram Arte, sim. Mas, não raro, em expressões de profundo sofrimento. La Pietá é emblemática. Não nos furtaremos de fazer uma interpretação psicanalítica, afinal, é minha profissão, sobre esses falos espalhados em muitos, muitos lugares. Parece-me que eles imprimem, subliminarmente, uma sensação de opressão sexual sobre as Mulheres. Uma imagem de possível violência, uma intimidação velada. Queremos analisar um pouco a motivação da sistemático alvejamento da Mulher, e, principalmente, da MulherMãe. Pensar sobre essa necessidade de um grande número de homens de desvalorizar a MulherMãe, o caminho escalonado do Feminicídio. Por que matar a Mãe? O que o Umbigo tem a ver com o Feminicídio?

O Umbigo, a marca dada pela Mulher/Mãe, e, só por ela. Parte I

O Umbigo, a marca dada pela Mulher/Mãe, e, só por ela. Parte I O Umbigo. Impressão concreta e incontestável da Humanidade. Sem nenhuma função depois que cicatriza. Sem nenhuma importância após a gestação daquela Mulher que começa a ser mãe através do cordão umbilical do filho. Não o conhece, nunca o viu, mas empresta, compulsoriamente, vida para ele. É a Mulher que marca todos os corpos. Absolutamente, todos, mulheres, homens e todas as variações possíveis. Mesmo em se considerando que esse processo de construção de uma nova pessoa veio de uma conjunção homem-mulher, este é o sinal universal, e único, de que uma Mulher sustentou cada um de nós, para nos dar à luz. Interessante essa expressão: dar à luz. Saímos de um escuro, de uma subtração quase total de som e luz, que dura o tempo, pelo menos mínimo, para que possamos, com muito esforço, responder às luzes do mundo, que são muitas para um ser ainda tão precário, imerso em muitas incompletudes. A dependência absoluta é um fato. A única comunicação para a sobrevivência durante esse primeiro tempo de crescimento intrauterino, era a nutrição ininterrupta pelo cordão. As demais condições que proporcionavam uma segurança eram mantidas estáveis ou, quando se alteravam, os processos adaptativos iam se desdobrando. Os demais estímulos, advindos das condições da gestante, medo, alteração de pressão arterial, falta de nutrição suficiente, também acionavam esses processos adaptativos. O medo sentido pela gestante é um patrocinador de instabilidades diversas do ser em formação. Esta é a primeira relação afetiva com o outro que temos. E é assentada na sobrevivência, na vida ou na morte. Relação de conexão direta, anterior à linguagem porque tem uma linguagem intrínseca. Uma linguagem orgânica que só é compreendida pela dupla, de maneira não consciente, mas que concretiza as necessidades de cada momento. A intimidade entre essas duas pessoas é de grau máximo. Não existirá na vida nem de uma, nem da outra, uma experiência de proximidade similar. E menos ainda, uma proximidade maior com outra situação relacional. Dialogar sem falar, disponibilizar as melhores energias corporais para trocar com o ser em formação que retribuirá em progressos adquiridos. No entanto, mesmo que a Ciência traga imagens, medidas precisas feitas através do ventre da Mulher, essas coisas inexplicáveis, diria, que beiram mistérios, não são alcançados. É, essencialmente, uma experiência secreta. Para a gestante, que se volta para dentro de sua barriga, o mundo perde um pouco a luminosidade, o interesse. Ficar alisando a barriga é bem melhor. Para o ser em formação é uma vivência que se perde em seu inconsciente corporal, seus registros são irrecuperáveis, porque não há sinapses em funcionamento que proporcionem um mínimo armazenamento resgatável. Arrisco dizer, entretanto, que devem estar lá. Por que deformamos esta que é a experiência prima por excelência de comunhão para designar o egoísmo? Essa é uma experiência, totalmente, a dois. Denominamos pessoas extremamente egoístas como aquelas que “só olham para o próprio umbigo”. Quando, na verdade, estamos nos referindo a uma experiência de comunhão extensa entre duas pessoas. O Umbigo é o começo e a sedimentação do dois, não do um. Olhar para o próprio umbigo é se remeter a essa experiência de diálogo direto, silencioso, mas contínuo e profundo. Entendo que esse desvio de rota está apoiado no que falaremos na próxima semana, na raiva, na inveja, no sentimento de exclusão daquela dupla, por ser esse um ponto inalcançável às pessoas não mulheres, a particularidade única que antecede a vivência da maternidade. Caracterizar essa grandeza da Natureza como uma coisa desvalorizante, um ponto negativo, desqualificante, o egoísmo, aponta para o negacionismo da experiência única, e universal construída pelo cordão umbilical. Ele é a ligação, a mais forte e resistente, que permite dar à luz um novo Ser. Sabemos que nem sempre é suportável, principalmente, para alguns, tomarmos consciência dessa união única. E apenas admirarmos. Também tivemos. Ao olharmos para nosso próprio Umbigo deveríamos nos encher de bem estar pelo período em que ele tinha a função de nos manter vivos, deveríamos tentar imaginar a comunhão vivida de sermos dois, permitida pela capacidade de doação de uma Mulher.