quarta-feira, 24 de julho de 2024

A Madrasta repaginada Parte II

A Madrasta repaginada. Parte II Nesse emaranhado de emoções e sentimentos em curso, um ponto muito importante também passa negado. a competitividade entre as mulheres. Do olhar aos gestos, passando pelas palavras ácidas, as mulheres têm muita dificuldade de sentir empatia pela outra. A sororidade fica nas campanhas. É preciso que sejam multiplicadas à exaustão. Essa desunião/competição feminina não é originária das mulheres. ela é estrutural, um tentáculo do machismo. Enquanto os homens se defendem até quando não se conhecem, as mulheres se arranham tanto mais quanto mais se conhecem. Enquanto eles se unem se protegendo uns aos outros, elas se dividem se expondo umas às outras. Se você quer enfraquecer um grupo, promova sua fragmentação. É uma estratégia dos que mantêm o Poder. E aqui, não seria diferente. Sabemos que não haveria opressor se não houvessem oprimidos que se juntam a ele. A Psicanálise, Anna Freud, explica bem essa atitude com o entendimento do Mecanismo de Defesa do Ego, chamado "identificação com o agressor". Depois, o estudo sobre a Síndrome de Estocolmo veio desvendar aquela mudança de atitude daquele que é torturado e que passa para o lado do seu torturador, aliando-se a ele. Por vezes, relações pseudo-amorosas surgem para embalar essa ilusão do Poder desfeito pela aliança que apareceu. No âmbito doméstico, parece-me que a configuração instalada é a hostilidade velada ou explícita, ou em graduações entre esses dois pontos, onde o homem, ex de uma e atual da outra, fomenta essa encrenca porque isso o mantem numa posição privilegiada, patrocinada pelas duas mulheres. Posição muito confortável, aliás. Administra, de tempos em tempos, uma violência vicária, nomeando uma ou outra na "procuração" para executá-la. No entanto, não devemos esquecer que a madrasta repaginada tem ainda uma reserva para atingir a mãe, quando ela a sente inalcançável. A Criança. Se alguém quer atingir uma mulher/mãe, use sua cria como veículo de agressividade. Assim, tomamos conhecimento dos muitos, muitos episódios de violência praticados pela madrasta repaginada. Elas cometem todo tipo de violência, da física à psicológica, passando até pela sexual para agradar o genitor que tem taras com a criança. A misoginia entre as mulheres é extensa e, aparentemente, incompreensível. Mas, é incontestável o número enorme de Mulheres em Postos Públicos, atacando outras mulheres através de preconceitos, de falsas afirmações. Precisamos lançar luz sobre o machismo das mulheres. É estrutural, e de difícil acesso. Estamos, apenas, iniciando uma reorganização humanitária onde homens, mulheres, e outros, todos, terão garantias de Direitos. Ainda um desejo incipiente diante de tanto fundamentalismo secular. O machismo é um gerador de ilusões de Poder, baseado no controle e opressão do outro mais vulnerável. Ele está em todos os segmentos de todos os grupos humanos. E Crianças, as mulheres, os lgbtqia+, os idosos, os indígenas, os pobres/pretos/periféricos, enfim, todos os desamparados são atrativos para essa ilusão de Poder esmagador. As Milícias Psicológicas são exímias lobistas de distorções que confundem muitas. Esse desejo de Poder é almejado pelos mais fracos, pelos medrosos. Encontramos muitas mulheres/madrastas que se identificam com essa posição machista e exercem, assim, a violência contra a Criança. Escondem-se atrás da falácia da disciplina e batem nas Crianças, intimidando-as para que não relatem para a mãe. A Madrasta repaginada precisa honrar o privilégio de uma substituição afetiva, da responsabilidade de acolher uma Criança que sofre aquela separação, ou está com a mãe ou está com o pai custa caro para ela. É leviano achar e publicitar que ter duas casas é melhor para a criança. Basta se imaginar mudando de casa sem parar que vamos ter uma leve percepção do transtorno que é se tornar mochileiro na infância. Ter duas casas é não ter nenhuma. Precisamos de muitas boadrastas! Precisamos pensar a Mulher em sua essência, e não como chocadeira de um dono que se vale dessa posição social e submete mais uma mulher, a madrasta, a seus caprichos predadores. PS. Não estamos generalizando. Como existem justos na Justiça, também há Homens feministas, e Mulheres que honram sua função na vida.

quinta-feira, 18 de julho de 2024

A Madrasta repaginada Parte I

A Madrasta repaginada Parte I Há muito venho querendo me debruçar sobre esta figura espaçosa das formações familiares atuais. Mais uma vez afirmo que não estou generalizando, como não generalizo sobre o perfil dos pais, muitos superam a questão genética e se tornam pais, exercendo muito bem sua função de responsabilidade afetiva. Também as madrastas que observaremos aqui, não são unanimidade. Existem ótimas madrastas, diria, ótimas boadrastas. Comecemos por contextualizar. Longe das figuras antigas, a madrasta atual não vem para preencher um lugar que ficou vazio em definitivo, não há viuvez, não há orfandade. Portanto, a Madrasta atual vem em duplicidade com a figura materna que continua, e agora é condenada à guarda compartilhada, ou seja, a relação entre o pai e a mãe é exigida judicialmente, que prossiga com toda a proximidade. Em nome da “parentalidade permanente”, imagina-se, imagina-se, que a conjugalidade foi extinta por completo. A madrasta, que está chegando num grupo já formado e com um histórico de vivências conjuntas, precisa garantir seu espaço. A competição é dobrada, a ex e a criança, ou as crianças, que ocupam muito espaço e muito tempo do seu novo amor. Diria mesmo, que guardadas as devidas proporções, a situação triangular e quadrangular se aproxima da posição de amante. É de difícil administração. Não podemos pensar que são todos muito bem psicanalizados, amadurecidos, ou tratados com comprimidinhos que acalmam. Evidentemente, que as emoções e os sentimentos acontecem e se pronunciam, de uma maneira ou de outra, ou dirigidos à criança, ou à mãe, ou à madrasta, ou, até, ao varão. E vice-versa. Mas, não podemos esquecer que as emoções já estão judicializadas. Então, a espontaneidade já foi. O “bom comportamento” é o argumento almejado. Todos temem todos. Mas as emoções, as raivas, as críticas desqualificantes continuam. De onde surgiu a idealização de que a parentalidade supera frustrações afetivas e construções de novas relações de conjugalidade, não conseguimos localizar. Uma harmonia utópica. Se fosse possível, o casal não teria se separado. Também não sabemos de onde surgiu a falsa afirmação que ter duas casas é melhor para a criança. Sabemos que é difícil mesmo manter essa presença dos dois pais no dia a dia da criança. Por objetivo, ela passa a ter convivência com um na ausência do outro. A menos que seja exigido um novo regime de relação conjugal a três ou a quatro, o que me parece ser bem mais complicado ainda. Por outro lado, precisamos também lançar um olhar observatório sobre essa repaginação da madrasta. Saída dos Contos de Fada, por viuvez e orfandade, a madrasta carregava a característica, quase sempre, da maldade, da perversidade em relação a sua enteada, a seus enteados. Como no Conto da Branca de Neve, por exemplo, a madrasta entrava em competição pela beleza e pela juventude, para não permitir que o amado dividisse o olhar de admiração e afeto com a filha. Talvez pudéssemos pensar que essa competição, atualmente, se concentra na representação que a criança imprime enquanto uma presença da mãe. Uma competidora fantasmada mas, concretizada na criança. O que promove dificuldades na construção de sua relação afetiva saudável direta com a criança. Por outro lado, exige-se da criança que ela se relacione bem e de imediato com a nova “tia”. Aliás, uma denominação errada, que deveria ser evitada. Não raro, encontramos uma pressão sobre a criança para que chame a madrasta de “mãe”, o que é pior ainda. Esta é uma prática incentivada pela madrasta que tem determinado perfil, que chega se apossando de um pacote pronto. Não gestou, não amamentou, não ficou acordada noites e noites, e “recebe” um filho, uma filha pronta, já desfraldada, até. Essas são madrastas que, por vezes, fazem pacto de acobertamento de comportamentos abusivos, negligentes, inadequados, dos pais em troca dessa subtração do filho ou filha da outra mulher. A madrasta tem uma posição espinhosa, é verdade. Mas a madrasta dos Contos de Fada tem sido vista em maquiagem nova, mas com a mesma veia de maldade. Quando vê a criança como um empecilho para sua relação amorosa, hostiliza, agride, maltrata o pequeno. Quando tem ambição de pular etapas para alcançar uma maternidade sem dores, ela se apodera da criança, e muitas vezes manipula o marido/namorado para afastar e desqualificar a mãe. O curioso é que também patrocinada pelas Milícias Psicológicas, a madrasta ganhou nos processos de Família um status igual ao da mãe. A Criança precisa de boadrasta, alguém que seja maternal mas não queira ser sua mãe. Que seja acolhedora nesse momento tão sofrido da separação. Precisamos também nos convencer que um regime de guarda compartilhada não apaga as dores, divisões e frustrações da separação dos pais. Não adianta dividir a vida da Criança em duas.

As Milícias Psicológicas contra a Criança e a Mulher. Parte III

As Milícias Psicológicas contra a Criança e a Mulher Parte III As Milícias Psicológicas, como todas as Milícias, são compostas por elementos que se arvoram donos da lei, usam a opressão como arma, opressão que, nesse caso em pauta, se faz por palavras. As intimidações, no âmbito fora do doméstico, as ameaças e as penalidades são comunicadas em laudos, em manifestações escritas, em sentenças. Misturando fragmentos de termos técnicos com um enxerto de interpretações rasas e infundadas, está pronto o argumento maldoso que passa a ser a “regra dogmática”. As palavras se tornam armas e os pedaços distorcidos de termos técnicos são fuzis automáticos com silenciador. Aniquilam Mulheres e Crianças. Se conseguimos ter uma Lei de Proteção para a Criança vítima de violência sexual, o negacionismo ganha espaço e a desqualifica. Afinal, a Criança é vista pelas pessoas que deveriam averiguar essa suspeita de violência, como um fantoche da mãe, um papagaio que repete o que a mãe manda dizer, uma marionete de ventrículo. Encontramos até quem se pronuncia postando que “não devemos levar a criança tão a sério”, referindo-se aos relatos das Crianças. Não foi um ambulante de calçada que pronunciou essa frase, com todo respeito aos que precisam se virar assim para poder se alimentar. São ataques letais à Dignidade da Criança. Sim, ela tem Dignidade. Mas tem sido aviltada por esse modus operandi miliciano. A “avaliação psicossocial”, algumas vezes estendida para “avaliação biopsicossocial”, onde não se acha nada de biológico ou médico, porque até os Exames de Corpo de Delito feitos em Instituições Públicas, quando o médico legista indica que houve conjunção carnal adversa, uma psicóloga judicial esvazia e diz que ele foi precipitado pois precisaria ter visto várias vezes para completar assim o Formulário que é Padrão do Instituto Médico Legal. E este “argumento raso”, inadequado, invasivo na área de sua não competência, é aceito e o Exame de Corpo de Delito com positividade para violência sexual, é desprezado no processo. A extensão das Milícias Psicológicas é de sua própria determinação. Assim continuam a ser realizadas essas “avaliações psicossociais” por meses a fio, com acareação, em total revitimização. A questão é que a Lei da Escuta Especial, Lei 13.431/2017, fundamentada em nova Metodologia, estudada e pesquisada pela Childhood Brasil por 4 anos, partiu desse mesmo ponto: a Revitimização que precisa ser evitada. Assim, a Metodologia, que muda o paradigma de investigação para acolhimento, escuta, tem no registro audiovisual a garantia do respeito à dor da Criança que sofre violência sexual, principalmente, quando ela é intrafamiliar. Continuar praticando a avaliação psicossocial é a desobediência à Lei 13.431/2017, que tem no seu enunciado que fica determinado que toda Criança só pode ser escutada dentro da Metodologia dessa Lei. Evidentemente, que acareação, nem pensar. Para camuflar, camaleão é exímio dissimulador, espalhou-se que a Escuta Especial está sendo praticada. Uma mistura nociva que traz de volta a sala de espelhos, traiçoeira atitude técnica que engana a Criança, dando aos agentes da justiça, aos advogados da parte do genitor/agressor, e o próprio genitor/agressor a “direção” do que se torna, disfarçadamente, a inquirição retrógrada e massacrante. Essa é uma mistura que tem por objetivo a deformação da Escuta acolhedora da criança. Deforma, completamente, a postura técnica ao introduzir perguntas de pessoas que estão, misteriosamente, atrás de uma parede de espelho, quebrando, assim, a segurança e o acolhimento da Criança traumatizada pela violência incestuosa. Essa é a lógica miliciana: não precisa revogar a Lei da Escuta, respeitosa. Basta manipulá-la, deformá-la, promovendo uma confusão de ideias misturadas ao bel prazer, destruindo assim seu objetivo protetor. Essa é uma confusão, Escuta Especial e Depoimento Sem Dano, muito garantido para a manutenção da impunidade. Outro resultado exitoso das Milícias Psicológicas é o que se refere à crença de que o genitor é essencial ao desenvolvimento da Criança. Num país em que há milhões que não têm nem o nome no papel da Certidão de Nascimento, porque eles não assumiram a paternidade desde a primeira notícia da gravidez, e que nenhuma Vara de Família vai atrás para chamar à responsabilidade, lançar essa crença é paradoxal. Claro que o pai, digo o pai, exercendo sua função de pai, é muito importante porquanto promotor de desenvolvimento saudável. Mas genitor que reclama somente depois que é suspeito de cometer agressão contra a Criança, muitas vezes com evidências de inadequações , de negligência a doenças de dependências químicas, não pode ser considerado pai. No entanto, temos sentenças determinando Guarda Compartilhada a partir do nascimento do bebê. Sim. Todas as manhãs com o genitor, desde o 1º dia de vida. Sabemos que surgem várias perguntas sobre como viabilizar a vida de um recém nascido, partindo a rotina dele no meio do dia. Quem nunca teve o privilégio de acompanhar um filho, talvez imagine que existe um dia, um horário, uma organização cronológica nos primeiros dias, primeiras semanas, e até primeiros meses de uma Criança. Também a outra crença, extensão da anterior, que determina que a visitação assistida não faz mal para a Criança que foi estuprada ou espancada. Há uma certa desconfiança sobre a veracidade dos relatos da Criança, do registro da Escuta Especial, quando a sorte bate à porta e ela acontece, mas aquela crença sobre o “direito do pai”, amparado na frase equivocada de que “pai é pai”, induzem ao erro de praticar uma revitimização continuada, muito maléfica e predadora. A Criança fica sendo obrigada a se aproximar daquele que lhe mete medo. Existem agentes de justiça que acreditam, tem sempre uma linha de credo, que ela vai se acostumando e que não tem perigo porque ela está acompanhada então não vai ser estuprada. Deletam da mente que apenas a visão de seu estuprador reativa toda a cena sexual repetida por inúmeras vezes. Ou alguém tem a ilusão que o tratamento para quem tem medo de barata é trancar a pessoa num quartinho com dezenas de baratas para ela se acostumar? Milícias Psicológicas são compostas por pessoas sem escrúpulos, sem caráter, e plenas de perversão. A marca d’água dessas milícias está em todas essas e outras maldades intencionais. Precisamos identificá-la para promover a boa Proteção Integral da Criança, hoje desacreditada, desqualificada, oprimida, atacada em sua Dignidade pelas Milícias Psicológicas.