segunda-feira, 28 de abril de 2025

Pedofilia não é sexual. É o Prazer do Poder. Parte I

Pedofilia não é sexual. É o Prazer do Poder. Parte I Temos insistido para que o equívoco do entendimento da prática da pedofilia seja excluído do campo da sexualidade. O fato de se passar nesse campo não confere ao praticante essa localização psíquica. Parece-nos, cada vez mais, que tratar a pedofilia como fazendo parte da sexualidade do pedófilo, é um equívoco que nos leva a gastar tempo e elocubrações que não fecham a conta. A fantasia de que o pedófilo é um tarado, um ser hiperssexualizado, é um erro. Empiricamente, pelos anos de experiência em contato com essa ordem de pessoa, posso assegurar que o pedófilo é, até mesmo, pouco sexualizado enquanto adulto. Sua preferência pelas “brincadeiras”, que são, por vezes, imensamente inusitadas, inimagináveis, é bastante notória. No entanto, a crueldade está sempre presente em meio aos atos que pretendem ser “lúdicos’ para fazer parte do mundo da criança. É uma crueldade sofisticada, quase sempre de grande ambiguidade, para confundir a criança e para ser já uma primeira defesa no caso de haver alguma suspeita ou mesmo flagrante. “É brincadeirinha”, “é cosquinha”, “ele/ela gosta, não é?”, ao que a criança confusa responde que sim. O Prazer do Poder de dominação absoluta de uma presa frágil, vulnerável, que não tem como dizer “não”, que na grande maioria dos casos, é alguém que ela ama e obedece, rende um saldo de sensação de imperador total. Essa é uma atividade que, apesar de se passar no campo da sexualidade, a excitação é mental, operada por esse Gozo de Poder. É por isso que a pseudo solução da castração química de nada adiantaria. Não é uma questão hormonal. E, a menos que fossem amputadas todas as partes de fricção, as pontiagudas, (do pênis a todos os dedos, as orelhas, nariz, língua, cotovelo, joelho, e, completando, os olhos), o que é totalmente impossível do ponto de vista jurídico. Até mesmo a simples administração de hormônios inibidores do impulso sexual, de modo compulsório, não pode ser executada. Mas isso não é à toa quando é lançado como a grande solução, e propagado como um livramento do problema da pedofilia. O entusiasmo que é comunicado, engana a grande população, como se pudéssemos pular a fogueira da maldade dos abusos. É muito difícil sim lidar com esse desvio de caráter. A população prefere se iludir com a promessa da castração química, com campanhas que pretendem ensinar a criança dizer que “não é não” para um adulto que a seduz e a ameaça, ou ainda, com campanhas que culpam os pais pela não verificação dos celulares e computadores das crianças e adolescentes. Falta o principal: o combate à Cultura do Estupro e a fundação da Cultura do Respeito ao Corpo da Criança, à sua Dignidade. A fundamental Educação para desconstruir o machismo estrutural, a insensibilidade ao feminino, está em atraso. O cuidado educativo é um trabalho para décadas. Não é razoável carregar os ombros das crianças e adolescentes com mais uma mochila pesada, a pretensa “prevenção” dos abusos sexuais. Missão impossível e angustiante para ela. A disparidade de tamanho, e, portanto, de força física e força de persuasão para a dominação, é a regra geral e primeira que garante essa superioridade do agressor sobre a sua vítima. Cobrar da criança que deveria ter gritado ou corrido, é mais um abuso que provoca um isolamento, empurrando-a no poço da sensação de incompreensão do seu medo. Como se lhe fosse interditado sentir medo do grande. O equivalente a falar para meninos que homem não chora, no precário modelo masculinista de educação. Também não é razoável culpar os pais pelo aliciamento de crianças e adolescentes pela pornografia infanto-juvenil. Evidente que existem pais negligentes, irresponsáveis, que abandonam os filhos dentro da família, da própria casa. Esses devem ser, legalmente, responsabilizados. Mas não são todos. E aqui reside um ponto importantíssimo da pornografia infantil internacional. A indústria doméstica/familiar da exploração do trabalho sexual análogo ao trabalho escravo de bebês de zero a 3 anos, está na internet, e, também, na deep web. Bebês não navegam nas redes de computação, bebês não marcam encontros com aliciadores que se passaram por adolescentes, bebês não enganam os pais dizendo que estão indo fazer um trabalho escolar em grupo e vão se encontrar com um pedófilo para ganhar um celular novo, ou um tênis “maneiro”. E os bebês estão protagonizando quantidade de vídeos pornográficos, em seus quartos, em seus banhos, em seus berços. E ainda, bebês não recebem desconhecidos para gravar vídeos sexuais. Essa é uma situação tipificada de exploração de trabalho sexual escravo. Não é difícil concluir que esses vídeos são feitos por um familiar muito próximo. E ainda, é ainda mais difícil de uma mãe descobrir que seu bebê está sendo estuprado pelo genitor, com registro em vídeo e venda na internet. Se quando a criança e/ou adolescente relata, com detalhes, quando há provas de materialidade, tudo é transformado em alienação parental da mãe e falsas memórias da criança, imaginemos o que aconteceria se uma mãe pegar uma fralda com vestígio de sêmen. Louca², (louca ao quadrado). A impunidade do criminoso está mais do que garantida. No próximo artigo vamos convidar a todos ao desafio do convencimento que um genitor estupra seu bebê porque é muito sexualizado, porque o bebê é, irresistivelmente, sensual, com aquele corpinho dentro do modelo de atrativo sexual, vigente no meio social. Aquele corpo tipo tronquinho descoordenado é o que instala um “clima”? A dra. Ana Beatriz Barbosa, psiquiatra, traz esse dado dos vídeos de bebês comercializados, corroborado pela fala de Delegada do Polícia Federal. O link é https://www.intagram.com/reel/DGWHzsXvklH/?igsh=MTN1dnRzeGJIYmZ1cA==>