ONDE ESTÃO OS DIREITOS DAS CRIANÇAS?
De onde vieram estes conceitos de
«síndrome de alienação parental» ou de «alienação parental», que tanto
sucesso têm feito na criação de uma imagem diabolizada das mulheres, em
especial, daquelas que lutam para defenderem os seus filhos de situações de
violência doméstica ou de abuso sexual? O criador da «síndrome da alienação
parental» foi um médico psiquiatra norte-americano, que identificou um
conjunto de sintomas que classificou como síndroma de alienação parental,
para defender em tribunal, como perito, pais acusados de abuso sexual dos
seus filhos, em processos de guarda de crianças, construindo a ideia de que
as mães mentem para cortar a relação da criança com o outro progenitor e para
obter vantagens nos processos de divórcio.
Ao trabalho de Richard Gardner
nunca foi reconhecida validade científica. As conclusões dos seus estudos
foram deduzidas de amostras populacionais reduzidas, compostas pelos seus
clientes, e baseavam-se nas impressões pessoais do autor sobre as alegações
daqueles, sem incluir grupos de controlo, comparação dos dados com outras
investigações anteriores sobre o tema nem avaliação da taxa de erro da teoria
e das suas consequências. Os livros e artigos de Richard Gardner foram
auto-publicados e nunca foram objeto de revisão pelos seus pares, como se
exige para que um trabalho de investigação tenha validade científica. É
importante esclarecer, também, o desfasamento do seu discurso sobre as
mulheres e as crianças em relação à ciência e às conceções da sociedade.
POR: CLARA SOTTOMAYOR
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