ONDE ESTÃO OS DIREITOS DAS CRIANÇAS?
Livro publicado em 1992, intitulado
“True and false accusations of child sex abuse”, o autor afirmou que as
mulheres eram meros objetos, recetáculos do sémen do homem, e que as
parafilias, incluindo a pedofilia, estão ao serviço do exercício da máquina
sexual para a procriação da espécie humana. Afirmava o autor: “A pedofilia é
uma prática generalizada e aceite entre literalmente biliões de pessoas”. E
negava os danos sofridos pelas crianças vítimas de abuso sexual, dizendo que
o abuso sexual não é, em si mesmo, negativo para as crianças, mas é a
sociedade que o torna traumatizante. Fica bem patente nestas palavras a
ideologia sexista do autor, completamente desatualizada e primária, e a total
incompreensão do sofrimento das crianças vítimas de abuso sexual.
O resultado da aplicação das suas
ideias no mundo judiciário não podia ter sido mais compensador para estas
teses, que induzem os profissionais, encarregados da avaliação das famílias,
e os tribunais, a desvalorizar as alegações de violência doméstica e de abuso
sexual. Temos casos de regimes de visitas forçados das crianças ao agressor,
durante a pendência de processos-crime, nos quais foi aplicada medida de
coação de afastamento da vítima e nos quais está em causa a segurança da
criança e da mãe. Pior ainda: casos de entrega da guarda de crianças a pais
condenados por violência doméstica.
True and false accusations of child
sex abuse - autor: Richard Gardner: criador da Síndrome da Alienação Parental.
A ideologia de Gardner, juntamente
com a crença na co-parentalidade, tão generalizada nos tribunais de família,
transformou-se numa separação entre os processos cíveis e os processos-crime,
em que o discurso oficial é: «o que se passa no processo-crime nada tem a ver
com o processo cível»; «pai é pai» e tem direitos. Perante queixas de abuso
sexual diz-se à mãe e à criança, quando ouvida em tribunal: «seja o que for
que se tenha passado, há que esquecer»!
POR: CLARA SOTOMAYOR
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário