sábado, 27 de dezembro de 2025

Feminicídios em explosão, quem autoriza? Parte I

Feminicídios em explosão, quem autoriza? Parte I Nós. Toda a sociedade autoriza e se dobra à Misoginia, o preconceito de base, o preconceito estrutural, por ação ou omissão, e, entre a ação e a omissão, existe a ação camuflada de cegueira. Aliás, já escrevemos sobre a “cegueira deliberada” nas Varas de Família, apontada há mais de 15 anos por Desembargadora que em seu Artigo “Incesto e o Mito da família feliz”, na pág. 176, “a cegueira da Justiça”’, de seu livro Incesto e Alienação parental – Realidades que a Justiça insiste em não ver, onde ela também discorre em subtítulos sobre “a lei do silêncio”, “a face oculta do incesto”, “a farsa da alienação parental”, temas muito bem abordados pela autora. Sei que vão estranhar a descoberta da posição do pensamento exposto à época, que pulou para o lado oposto do terreno. Sempre recebo observações me perguntando se não estou enganada. Esta é uma questão que guardo uma grande curiosidade, eu também. Um interessante ponto a ser estudado. Precisamos saber se esse tipo de mudança, por exemplo, induz o judiciário a seguir na “cegueira” como está afirmado no livro, onde é acrescentado que “a Justiça acaba sendo conivente com o infrator, culpabilizando a vítima”, Pág. 176. Afirma ainda a autora que a justiça, não aceitando a voz da criança em fragmentos “coerentes com as situações e os comportamentos envolvidos, legitima o incesto. A impunidade reforça a invisibilidade do incesto, chegando a legalizá-lo.” Estamos falando de violência sexual de criança porque ela faz parte do tipo de Feminicídio Continuado. Manter, ininterruptamente, uma mulher sob forte pressão, usando uma lei que foi inventada para defender genitores acusados de pedofilia, sem respaldo científico nenhum, é uma forma torturante de Feminicídio lento e invisibilizado. Essa era uma das torturas experimentadas nos laboratórios humanos, desenvolvidos pelos nazistas, para medir a capacidade da mãe aguentar a privação de seu filho que lhe era retirado, similar à inversão de guarda por “busca e apreensão”, atual e legalizada, em episódio traumático, porquanto a criança sai “presa” no colo de um policial armado. Não há nenhuma dúvida que esta prática judicial é traumática para a criança. Repercutindo, evidentemente, na mãe, que, por vezes, recebem respingos da truculência que age contra seu desespero ao ver a criança, muitas vezes, muito pequena, em lactação, mas nada é suficiente para deter o ódio que alimenta esse procedimento. Não se sabe nada sobre essas crianças. A omissão do Estado, outro subtítulo também do citado livro, não acompanha a criança nesse período de pós trauma severo. Afinal, todos sabemos das sequelas da Privação Materna que causa severos quadros psicopatológicos, amplamente estudados pela Psicologia. Não há nenhum Protocolo a ser seguido, nenhum acompanhamento psicossocial, nenhuma avaliação psiquiátrica da criança. Não se tem notícia nenhuma de seu comportamento, de comorbidades, de seu desempenho escolar, de seu desenvolvimento. Nada. É como se fosse consagrado: está com o pai, então pronto. Não se conhece os efeitos da falta total da mãe, imposta judicialmente, e nem da convivência com o genitor, na maioria dos casos suspeito de estupro de vulnerável. A justificação é sempre que os comportamentos lascivos não restauram provados. Claro. Esse é um crime quase perfeito. Os estupradores não deixam rastro, são meticulosos. Mas crime não provado não é afirmação de inocência. Pode ser metodologia com fragilidade ou pode ser devido à grande competência do autor. Assim também, todo esse sofrimento da mãe, este podemos ver porque temos acesso, diferente da criança que passa a se sentir, completamente, desamparada, vai operando um Feminicídio Continuado. E quando a mãe morre, no atestado de óbito está escrito AVC, ou infarte, ou uma neoplasia fulminante, por exemplo, mascarando a real causa. A despeito da tortura dos nazistas, nem todos os organismos aguentam por 10, 15, 20 anos viver sob o medo, o insulto, e o terror, contínuos. No próximo artigo, abordaremos um outro tipo de Feminicídio, igualmente devastador. A Maternidade concentra um ímã de ódio que aumenta as estatísticas. Com tiros, faca, fogo, socos e pontapés, jogar pela janela do 10º andar, com machadinha, pela ferragem do carro arrastando o atropelamento, as formas estão cada vez mais cruéis. Não basta desfigurar o rosto, é preciso desfigurar o corpo todo. A consagrada impunidade desidrata as leis vigentes. Lei tem, mas... Um homem espanca e mata sua namorada, a coloca no carro e vai até a delegacia. Apresenta-se ao delegado que ouve sua confissão e o libera. Mas ao chegar no seu carro, lembra do corpo da moça. Sem hesitar, retira-o e deixa-o na calçada da delegacia. E, sem ser incomodado, vai para casa. Não é roteiro de filme de terror. É terror na vida real.

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