A
IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO MATERNO-INFANTIL
Freud e o complexo de Édipo aos 4 anos,
Melanie Klein e o seio bom e o seio mau, Anna Freud e os mecanismos de defesa
do ego, Winnicott e a necessidade da mãe suficientemente boa, Lacan e a
importância do vínculo mãe-bebê, Spitz e o hospitalismo, Margarth Mahler e a
dependência absoluta e relativa do bebê, Bion, Piaget e o desenvolvimento
cognitivo, Margarth Ribblee o abandono da mãe, Harlowe a necessidade de
aconchego da mãe, Bowlby e a teoria do apego, Racamier e a relação mãe-bebê,
Soulé e a psicopatologia do bebê, são apenas alguns dos autores consagrados
pela competência e pelo pensamento científico. Todos aqui citados,
psicanalistas, em sua maioria, fisiologista, psicólogo, todos estes e mais
inúmeros outros, estudaram e escreveram sobre a relação mãe-bebê e o processo
da formação do primeiro vínculo afetivo humano, o vínculo essencial. Seria
enfadonho descrever todas as teorias. A razão é bastante óbvia. A criança
quando nasce já tem uma sintonia com o corpo que se alimentou e habitou por nove
meses. Assim os estudos ultrassonográficos mostram a maneira do bebê tentar conhecer
os estímulos externos, como a posição do conforto seguro, a calma que assegura
do carinho da mão da mãe. São muitos os vídeos familiares em que se pode
observar o momento em que o bebê, ao nascer, é colocado em cima da mãe, minutos
depois do nascimento, como param de chorar e como mostram resistência em sair
do contato com ela. Alguns chegam a “pedir” para não serem retirados do aconchego
do corpo da mãe. O único conhecimento que já temos ao nascer é o corpo da mãe.
O mundo todo novo e hostil se não houver
o bom filtro feito pela mãe, é assustador. Mas, é a mãe que percebe primeiro a
vulnerabilidade, a fragilidade, a dependência daquele ser, e se oferece para
cuidar dele. É a mãe que desenvolve o primeiro vínculo afetivo, essencial
durante toda a infância. Este vínculo afetivo, mãe-bebê, garante a
sobrevivência do bebê. Os bebês humanos nascem com necessidade dos dois
alimentos que não lhe deixam morrer: o nutriente, o leite materno, e o afeto.
Harlow demonstrou esta importância do
afeto/aconchego com uma experiência com chipanzés órfãos, que chegavam a
contrariar a lei natural da preservação da espécie, e se recusavam a se
alimentar numa mamadeira encaixada em uma armação/mãe de arame, para permanecer
no colo aconchegante da armação lãs e trapos/ mãe.
Spitz, médico pediatra, observou que as
crianças internadas em sua enfermaria num Hospital de Paris, cujas mães os
abandonavam, entravam num quadro físico de ausência, de desprendimento pelos
estímulos externos, perdiam a fala, perdiam as aquisições motoras, recusavam o
alimento, e finalmente, entravam num quadro de caquexia, tendo alguns sido
levados à morte, apesar de estarem dentro de um Hospital. A falta da mãe
matava. Spitz experimentou, e teve sucesso, destacar uma única enfermeira para
cuidar e conversar com carinho com as crianças que iniciavam este quadro que
ele definiu como Hospitalismo. A substituição da mãe por uma outra mulher que
lhe fava uma atenção especial, um afeto, passou a salvar as crianças que eram
abandonadas pela mãe.
Hoje, o que me espanta, depois de 43
anos de profissão, é ver a função da mãe ser desqualificada. Há uma pressão,
talvez mesmo uma distorção desta evidência. Sem este vínculo mãe-bebê, que se
estende por toda até a segunda infância, nenhum de nós, nem mulheres/mães, nem
homens/pais, estaríamos tentando ser mãe, ser pai, função importante, mas,
sinto muito, complementar.
Mas, o pai hoje é visto como tão
essencial que uma criança não sobrevive sem o convívio com ele. De onde veio
esta teoria? Em que estudos científicos está baseada? E, o mais curioso, é que
só os pais que tiveram algum tipo de acusação de violação de Direitos da
Criança, no caso filho ou filha, que reivindicam este convívio, querendo
inverter com uma falsa acusação à mãe que transforma o cuidado e a proteção dela
em Alienação Parental.
A imagem, emblemática deste vínculo
afetivo, nos mostra olhar, o olho do bebê que é recebido e reinvestido no olho
da mãe. O olhar no olho da mãe é a semente da capacitação de empatia. Faz parte
do vínculo mãe-bebê, que se desenvolverá e se ampliará por toda a infância.
Nenhum comentário:
Postar um comentário