Violência
contra a Mulher e a Criança. As várias formas cada vez mais naturalizadas.
Parte XI
Temos uma sensação de proteção introjetada
na nossa mente que aparece quando pensamos ou buscamos as Instituições
denominadas nesse propósito. Mais ainda quando imaginamos uma psicóloga que
está incumbida, judicialmente, de fazer um laudo. No gênero feminino, assim
escrito, deliberadamente, é ampla maioria.
No entanto, há uma sequência de
procedimentos abusivos que são praticados. Laudos são feitos à distância. À
distância completa. Não por causa da pandemia. Aparecem nos autos, laudos
chamados de psicossociais, escritos sem que a psicóloga nuca tenha visto ou
falado com a mãe ou a criança. Outros, onde a mãe “ganha” mais dois filhos, por
exemplo, com nomes e idades, quando ela tem um filho único. Outros ainda que
trazem a descrição fraudada de uma entrevista. A Criança relata que o pai a
obrigava a masturbá-lo e enfiava o dedo ensaboado em seu ânus, ao que a
psicóloga responde que “isso é coisa normal entre homens, você não pode é
contar para sua mãe”, (sic). Mas no laudo a psicóloga nada relata, dizendo que
a criança interagiu muito bem com o pai, que conversou e quer voltar a conviver
com o pai. Claro, que essas entrevistas são realizadas em acareação,
e é demandado à criança que ela faça uma sustentação do que ela falou para a
mãe dela. Mas, muitas vezes é pedido que ela mostre ao vivo, não vale por cima
da roupa, deve enfiar a mãozinha por dentro da roupa para mostrar bem a queixa
que fez apontando o pai como o autor. Isso tudo em acareação. Tortura?
A lei 13.431/2017, Lei da Escuta Especial,
é descumprida, sumariamente. Continua a ser praticada a inquirição com
acareação, que duvida e tenta pegar a Criança em contradição, sem nenhum
respeito pelo estado emocional dela. Este é um ponto importante. O estado
emocional. Espera-se que psicólogas saibam que emoções traumáticas, como é o
abuso sexual incestuoso, nem sempre são visíveis, palpáveis ou concretas. Mas
se a Criança não chora e berra ao ver o pai suspeito do abuso, ou da violência
física, logo aparece um Sofisma: então não houve abuso ou violência.
Desconhecem as Doutas Psicólogas que o pai é alguém que a criança ama e
obedece, e que ela, a Criança, não tem ainda um sistema Moral ou de Ética que
cause, sequer, algum constrangimento. Somente, medo.
Além desse comportamento inquiridor, que
persegue toda a fala da Criança, querendo provar uma mentira, a psicóloga
perita judicial, muitas vezes, ao iniciar a entrevista, tira a roupa da
Criança, que tem que permanecer de calcinha ou cueca apenas. Ela procura
gravadores ocultos. Essa tem sido uma maneira de provar o que se passou dentro
da sala. A Voz da Criança não tem nenhum crédito. Então ela precisa inutilizar
uma possível gravação, como ocorreu a referida acima. Como se sente uma Criança
que é despida por uma estranha, e assim tem que permanecer, considerando-se
ainda que ela relata um abuso sexual sofrido?
Assim como as palavras, também os desenhos
quando são indicativos de abuso, são jogados na cestinha de lixo pela
psicóloga. Sonegar palavras, desenhos, brincadeiras, encenações, tudo em nome
da reafirmação de que tudo faz parte da tese, acientífica, da implantação de
falsas memórias, feita pela mãe para como os tais atos de alienação parental
contra o genitor. É corrente publicitar que a Criança é mentirosa. Intrigante
ver que falsas memórias e mentiras só existem nos casos de abuso sexual
intrafamiliar. Quando o abusador é alguém da escola, do transporte ou um
vizinho, o relato da Criança é acreditado. Seria diferente?
A gana pela desqualificação da voz da
Criança é tamanha que há poucos dias vimos uma famosa “perita” ilustrando sua
aula em Curso de “capacitação” para psicólogos se tornarem peritos judiciais,
debochando ao apresentar as figuras de Crianças com um enorme nariz de Pinóquio,
enquanto afirmava que “Criança mente, mente, mente”.
São violações em cascata. Quando a
Psicologia é usada como uma arma, ela mutila a Criança. E esta mutilação é, na
maioria das vezes, permanente, posto que a Criança está em desenvolvimento, sua
credulidade nos adultos é inerente à sua condição de vulnerabilidade. Portanto,
manipular, distorcer, fraudar, uma dor tão doída, imprime uma sequela afetiva e
social devastadora.
A Teoria e a Técnica são pervertidas e, de
proposta de tratamento, passam ao propósito do adoecimento psíquico. Em momento
de Extremo Estresse, alguém pratica perversidades na invisibilidade garantida
pela legalidade. Muitas leis não são uma questão de Justiça. São uma questão de
Poder. Basta um grupo de interessados e um bom lobby, e está pronta a cobertura
judicial de um comportamento inaceitável. A Exploração pela Colonização era
legal. O Comércio Internacional de Escravos, era legal. O Apartheid era legal.
O Holocausto era legal. E, afinal, temos a lei de alienação parental,
neologismo cunhado por um médico pedófilo que defendia a pedofilia, por
escrito, lei que pune com a retirada da Guarda e a consequente Privação Materna
Judicial a Mulher/Mãe que ousar denunciar um Homem por crimes contra a
Criança.
Tirar a roupa de uma Criança para retirar
possíveis pontos de gravação, que deveriam ser obrigatórios para que
fossem comprováveis as afirmações dos laudos, é uma violação à integridade
física e psicológica da Criança. Como reza a Lei 13.431/2017, descumprida, traz
uma mudança de paradigma: da inquirição para a Escuta, o acolhimento à Criança
vítima. Interessante ver que conhecidas psicólogas, totalmente, aderidas à
acareação com inquirição, ao sentirem o vento da Revogação da lei de alienação
parental deformante em seu propósito, já começam a se intitular experts na
Escuta Especial.
Lamentável, muito, que tenhamos perdido a
honestidade profissional, trocada pela comercialização de favores. Não consigo
mais ter a ingenuidade de pensar que é por despreparo, por desconhecimento, que
não há compaixão com Crianças, bebês, púberes, adolescentes. Eles comunicam o
que sofrem, e são, severamente, punidos sendo entregues a seus abusadores.
O Estado que abriga esses profissionais intocáveis
é responsável por este desastre humano. Nós todos, também.
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