DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Faz-se necessário pensar no desenvolvimento
cognitivo humano porquanto alvo de tantos equívocos. A inteligência é um
conceito muito complexo que tem de um lado os estudiosos que a entendem como
tendo um caráter genérico (fator g de Spearman), e de outro, os estudiosos que
lhe atribuem um caráter pessoal em sua definição. (Thurstone).
A
criança nasce com seu desenvolvimento muito incompleto. Um mamífero superior é
capaz de se por de pé e começar a andar e procurar seu alimento, o leite
materno, em 20 minutos. Nós humanos necessitamos dos cuidados especiais, os
cuidados maternos nos primeiros anos de vida, A mãe é a figura de referência
para a criança até os 7/8 anos, mais ou menos, porque a ligação mãe-bebê é
visceral. Concebido em seu útero, sua primeira morada por 09 meses, alimentado
em seu seio para lhe garantir sustento de nutriente e afeto, o bebê é capaz de
reconhecer a voz da mãe nas primeiras semanas e de se acalmar ao ser colocado
contra seu corpo sentindo e reconhecendo, organicamente, a pulsação de seu
batimento cardíaco. Esta condição biológica favorece a intimidade entre mãe e
filho. Por isto, é a mãe sua figura de referencial.
A teoria de J. Piaget sobre o
desenvolvimento cognitivo é a mais elaborada que se tem. Em torno dos 2/3 meses
o bebê tem muitos espasmos psicomotores. Ao mexer suas mãos de modo
descoordenado, ele acaba por esbarrar em algum objeto, é comum que seja um
brinquedo colocado ali no seu berço ou carrinho para fazer barulho e
distraí-lo. Este barulho produzido por acaso será ouvido por ele, que passa a
querer repetir a ação. Diz-se então que este é o nascimento da inteligência: a
intencionalidade.
Por
ensaio e erro o bebê vai aprimorando seus movimentos e conseguindo cada vez
mais o resultado que deseja. A experiência é a base de todo o desenvolvimento
cognitivo.
A primeira
fase é o período sensório-motor, de 0 a 18 meses, o funcionamento é puramente
empírico, as aquisições se sucedem por repetição e depois por combinação de
movimentos. É a intencionalidade experimentada nos movimentos, originalmente,
espasmódicos que atesta o nascimento da inteligência. Repetir o movimento para
obter determinada sensação, tátil, auditiva ou visual.
O período pré-operatório, dos 18 meses
aos 07 anos, quando o raciocínio é pré-lógico, quando a verdade concreta não é
capaz de considerar duas variantes ao mesmo tempo. Neste período as crianças seguem
ao pé da letra o que seus sentidos lhe fornecem de informações, não conseguem
ponderar ou flexionar, pau é pau e pedra é pedra.
O período
Operatório, segundo Piaget, está dividido em estágio das Operações Concretas,
dos 6/7 anos aos 12 anos, e estágio das Operações formais, a partir dos 12
anos, conseguindo atingir o pensamento lógico com o raciocínio hipotético-
dedutivo em torno dos 14 anos.
Portanto, a criança passa sua infância
até os 12 anos funcionando em raciocínio concreto. O que lhe é dito só se torna
um conhecimento se for experimentado por ela. A partir desta idade ela começa a ser capaz de
prescindir do concreto e ingressa, gradualmente, no período das Operações Abstratas.
para completar seu desenvolvimento cognitivo em torno dos 15/16 anos, quando
está capacitada a ter um pensamento lógico, a realizar um raciocínio hipotético
dedutivo com metodologia cognitiva.
Sobre
o desenvolvimento da capacidade de memória:
A memória segue, assim como a aquisição
da linguagem, o desenvolvimento cognitivo. A memória, e a linguagem, são
baseadas no funcionamento do pensamento concreto. Não se retém por muito tempo
na infância um discurso decorado, porque ele carece da lógica concreta.
A
memória é outro conceito também complexo porque ela não se refere ao simples
armazenamento das informações. Ela faz parte desta grande engrenagem, e
permeia, e é permeada pelos elementos cognitivos e linguísticos, em parcerias
inseparáveis, em ambiência de afeto. E seu desenvolvimento, nutrido pelo afeto,
depende do cognitivo e do linguístico, ocorrendo de par com estes dois outros
vetores. É este desenvolvimento conjunto que vai lhe conferir maior quantidade
e melhor qualidade de acervo. Ela, a memória, está submetida às emoções e aos
afetos, tanto no seu armazenamento quanto no seu resgate.
Assim ela pode sofrer variações em
função dos mecanismos de defesa do ego, sendo o seu principal, o recalcamento.
Este mecanismo, o recalcamento, é amplamente usado pela mente da criança nas
situações traumáticas, para garantir a sobrevivência da mente.
A memória tem um funcionamento que vai
adquirindo organização ao longo da infância. Nos primeiros anos, dos 03 aos
10/12 anos, as operações mnêmicas vão se tornando cada vez mais precisas. Para
isso a organização no armazenamento/resgate precisa ser repetida à exaustão.
Durante toda a infância este processo é prioritário porque é preciso adquirir
uma boa memória para as exigências da aprendizagem escolar e a aprendizagem experiencial
para a vida. Por isso, as falsas memórias na infância não têm também como se
instalar se não há um conhecimento experimental.
O esquecimento, sob a forma de recalcamento, mecanismo de defesa do ego, entra em ação para evitar a morte psíquica quando o trauma é muito intenso. O
esquecimento/recalcamento é grave, e muito comum quando a criança não é acreditada
e permanece sofrendo um trauma cumulativo (continuado).
A criança é competente na distinção
entre fantasia e realidade. Ela não tem vergonha de brincar com a fantasia, tem
muita facilidade em entrar no seu mundo imaginário, mas sabe exatamente porque
está sob seu comando, mas, diferencia sem nenhuma dificuldade o que é real e o
que é fantasia.
Esta oficina articulada, que usa
ferramentas e sistemas linguísticos, mnêmicos, nutridos em solução afetiva, irá
completar seu desenvolvimento cognitivo em torno dos 15/16 anos, quando está
capacitada a ter um pensamento lógico, a realizar um raciocínio hipotético dedutivo
com metodologia. Hipóteses de qualquer destes campos humanos podem ser pensadas
e respondidas, até com o não sei consciente.
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