A
VIOLÊNCIA DA CONIVÊNCIA
A câmera do metrô de São Paulo nos
mostrou mais uma vez um comportamento subanimal. Um homem é morto a pontapés e
socos na cabeça por dois homens jovens. A barbárie, novamente, se faz em toda a
sua crueldade.
A cena é, infelizmente, emblemática da,
igualmente, crueldade da indiferença com o outro. Temos ali um homem que foi
espancado até a morte por ter sido cidadão, por ter sido solidário ao pedir
para que os dois rapazes não maltratassem uma pessoa. Atitude que, em meio ao
mar de indiferença, se torna heroica. Tornou-se heroísmo dar limite da regra
social de convivência, com direito à condenação sumária sob torturante
espancamento. O que mias me choca é a plateia. Diriam alguns, é o medo. Sim, o
medo. Diria eu, é a banalização da violência. A sociedade só reage diante do
carro de polícia com os criminosos presos lá dentro. Neste momento que tem a
polícia para contê-la, entra em fúria. São as mesmas pessoas que foram
testemunhas silenciosas e apáticas do crime de violência brutal.
Quero fazer aqui uma afirmação de grande
gravidade: é assim também no bullying, no ciberbullying e no abuso sexual
intrafamiliar. Testemunhas são inúmeras, mas silenciosas, porquanto, coniventes
com o crime contra a criança. São alunos-testemunhas nas escolas, são virtuais amigos-testemunhas,
e o pior, são familiares –testemunhas que escolhem a cegueira deliberada, e são
coniventes com o crime continuado.
Por que nos tornamos tão violentos? A
conivência silenciosa é uma violência praticada pela família, pelos Operadores
de Justiça, pela sociedade de faz de conta que somos.
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