12
anos de estupros de crianças, advogado, professora, creche:
NOSSA
CEGUEIRA DELIBERADA.
É incrível esta hedionda notícia! Há,
pelo menos 12 anos, uma professora aliciava crianças de uma creche em Duque de
Caxias, no Rio de Janeiro, para servir ao seu colega de perversão, um advogado,
casado, pai de 2 filhos, sócio de um escritório no centro do Rio.
Não vou cair na bobagem de tentar
explicar este comportamento subanimal da pedofilia. Não há sentido possível,
não se explica pela sexualidade. O prazer de um pedófilo está na Síndrome do
Pequeno Poder. Este é o único objetivo deste comportamento perverso. Sentir-se
poderoso em subjugar um vulnerável, indefeso, impotente, incapaz de lhe negar
esta potência, a do poder absoluto. E enganar a todos como parecendo uma pessoa
acima de qualquer suspeita, característica de todos os pedófilos. Nada, além
disso. Prazer sexual está ausente nesta perversão, aparecendo apenas na criança
que tem sensações prazerosas provocadas intencionalmente pelos pedófilos, para
amordaçá-la com a culpa.
Gostaria de perguntar algumas coisas.
1 - Como se passaram DOZE
ANOS de pedofilia sendo usadas crianças pequenas de uma creche?
2 – Como esta
professora abusava frequentemente destas crianças dentro da creche? Com fotos e
atos libidinosos.
3 – Como esta
professora saía com uma criança escolhida para levar para o advogado? O outro
pedófilo.
4 – Como estas crianças
entravam em motéis?
5 – Como havia um farto
material fotográfico, em vídeos, até calcinha na casa do advogado?
6 – Será que nenhuma
destas crianças nunca falou nada para ninguém? Será que a eficácia da
professora e do advogado em calar estas crianças foi tão completa por 12 anos?
7 – Por que as
denúncias de pedofilia intrafamiliar não dão em nada?
8 – Como uma denúncia
anônima é tão fácil de ser averiguada, mas 12 anos depois?
9 – Por que a
investigação policial é tão desqualificada nos processos judiciais?
Começando pela última pergunta o
impecável trabalho da Delegada da DECAV, Cristiana Bento, a presteza da ação, o
cumprimento da lei de proteção a vulneráveis, são irretocáveis. Sabendo de sua
competência e dedicação séria, não temos dúvida sobre as respostas do inquérito
que ela irá promover.
O horror não está circunscrito à
pedofilia praticada por estas duas pessoas. O horror se estende a todos do entorno
destas crianças. Moedas de troca foram usadas. Além do vil metal pago pelo
advogado à professora, é evidente que a conjugação da carência de todos os
tipos destas crianças, associada ao medo pelas intimidações e ameaças, e aos “presentes”
oferecidos às vítimas, tão comuns nesta prática de pedofilia. Balas chocolates
e sorvetes, certamente, regaram estes inúmeros episódios de perversão.
Presentes também devem ter sido usados para o pacto do segredo. O silêncio das
crianças, meninos e meninas, assim comprado. O silêncio dos adultos, trocado
pelo não ter trabalho, raiz da omissão escolhida.
Mas, onde estavam as pessoas do entorno?
O pessoal da creche, as famílias destas crianças, a família do advogado que
tinha a casa recheada de material produzido com os estupros praticados, as pessoas
nas redes sociais, onde estavam? Por que ninguém deu crédito às revelações que,
tenho certeza, de alguma forma foram feitas por algumas destas crianças? Fiquei
com a impressão que deve ter sido a menina, a de 2007, que hoje com 18 anos fez
a denúncia anônima, porque é preciso crescer para ter coragem de denunciar. Mas
já surgiu na investigação uma criança de 10 anos em 2004.
As mães têm uma mania de recomendar, em
tom de perigo, que sua criança não aceite nenhuma bala ou doce de pessoa
estranha. Mas não completa o alerta, não esclarece sobre o perigo, e, quando
esta criança está fazendo brincadeiras de conteúdo sexual fora de sua faixa
etária e de seu conhecimento, esta mesma mãe, finge para ela mesma que não está
vendo nem escutando a comunicação da criança, porque ela, mãe, prefere ficar
com a aparência “acima de qualquer suspeita” do pedófilo.
As crianças falam em brincadeiras e
muitas vezes verbalmente, com todas as letras. Mas os adultos surdos, todos,
preferem correr para a cegueira deliberada. Nada mais
cômodo do que “macaquinho não vê, macaquinho não ouve, macaquinho não fala!” Este
é um crime que estamos cometendo. Quando entramos na área da pedofilia
intrafamiliar incestuosa a cegueira deliberada se amplia. As denúncias de abuso
sexual praticado pelo pai em filhos e filhas é, imediatamente, que é travestido
em Alienação Parental da mãe. Pai é pai, diz o calo social vazio de
fundamentação, é o argumento pífio. Pai é função, não é título. Protegido o
pedófilo pela inversão em vítima, é a mãe que passa a ser a sentenciada com a
perda da guarda do filho ou filha, entregue para o pai abusador, e é condenada
a pagar multas cada vez que abre a boca para reclamar da injustiça e da desproteção
da criança abusada. São inúmeros estes roteiros judiciais, hoje dogmatizados,
totalmente nefastos para a criança. No afã de contemplar a ideia de família, é
descumprido o Princípio do Melhor Interesse da Criança. Numerosos Operadores de
Justiça, encantados com o conceito sem comprovação científica da dogmática
Alienação Parental, criado por Richard Gardner, que defendia a pedofilia como sendo
uma prática normal do elenco da sexualidade humana, que beneficiaria a
procriação estimulando a criança, escolhem a foto cenográfica de “família feliz”.
Este é um caso emblemático. Como
acreditar que nenhuma criança nunca tenha se referido à saída da creche, como
acreditar que nenhuma criança nunca se referiu ao ambiente, absolutamente
estranho, escuro dos motéis, como acreditar que nenhum desconforto corporal,
machucado, ou “dodói” nunca tenha sido relatado, como acreditar que nenhum
menino ou menina tenha se referido a um “tio” que lhe deu um presente? Sem
escuta de qualidade, sem olhar cuidadoso, resta à criança vítima de abuso
sexual cumprir o pacto do silencia acordado com seu algoz. Este é o cuidado que
temos com nossas crianças. Sem qualidade. Esta é a responsabilidade que
dispensamos a elas. Sem qualidade. A ausência da responsabilidade empática
promoverá danos irreversíveis.
Jogadas ao abandono intrafamiliar, é o
pedófilo que lhes dá importância. É muito provável que o processo de
identificação, fundamental pilar da formação da personalidade, se faça tendo o
pedófilo e a perversão como modelos para ela.
A criança, mesmo tendo o título de “Sujeito de Direito”, não tem crédito. O
despreparo para a escuta abrange pessoas em todas as funções sociais e afetivas,
família, professores, profissionais de saúde, instituições, operadores de
justiça, que no aperto, correm para a exigência de materialidade, saída de
praxe nos abusos intrafamiliares. Mas, se é um crime às escuras? A cegueira
deliberada é o estupro culposo de todos que se aliam aos pedófilos. Muitos e
muitos entre nós. E, está assassinando milhares de crianças.
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