Jantando com Nélida.
Minha resposta foi não,
eu não tinha ainda programação para a sexta-feira, na boca do carnaval. Fomos.
Éramos quatro mulheres. Nélida queria homenagear a Dra. Simone, pessoa
especial, rara diria. A casa e seu aconchego, estava toda preparada, mas no
natural. É sempre assim. Gravetinho proibido de participar, é muito
autoritário, não aprecia visitas e tem uma D.R. permanente com a Susy. Ela, por
sua vez, no colo da Karla, nos recepcionava à porta, uma
fofa muito elegante, no vestidinho e na expressão de afeto. Jantou conosco em
sua mesinha, pertinho dos pés de Nélida.
Nélida nos recebeu na
sua espontaneidade, simples e, naturalmente, requintada. Além da mesa linda,
dos pratos familiares da casa, da bebida na boa medida, Nélida nos brindou com
muitas histórias, às vezes pedia ajuda a Karla, acervo vivo preciso, atenta,
sempre a socorria pontuando ou trazendo detalhes das histórias, ou nas dúvidas.
Trazia mais riqueza com toda a delicadeza. Pessoa especial. Nélida deteve-se
muito na Galícia. Voltou algumas vezes àquela fazenda. Dos 10 aos 12 anos,
viveu lá, encontro de suas raízes. Olhar aquela mulher que nos fez imaginar uma
menina que arava a terra. Uma viagem inesquecível. Simone, a homenageada com
carinho raro de gratidão, Isabel, Virgínia, eu. Nós nos animamos e contamos
nossas histórias de vida. A diversidade daquele grupo veio de par com um fio condutor, uma
dolorosa relação afetiva. Todas, temos. Parece que mulheres são sujeitas a esta
dor e superação. Nélida brilhava ainda mais os olhinhos. A contadora de histórias acordou com toda a sua força. A cada curva da vida
década uma, ela perguntava com uma curiosidade tão genuína, livre e séria,
parecia que estava trabalhando. Muitas viagens ela nos trouxe, mas, para mim, a
Galícia, foi o ponto mais importante da noite de diversos prazeres.
Nélida arou a terra por
dois anos e nunca mais parou de arar nossa imaginação com suas letrinhas.
Obrigada, Nélida,
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