Ana Maria Iencarelli
sábado, 25 de outubro de 2025
Um Serial Estuprador: o Negacionismo e o Aparelhamento de Instituições. Parte I
Um Serial Estuprador: o Negacionismo e o Aparelhamento de Instituições.
Parte I.
As aparências enganam. Uma parte dos enganados, levados pela exímia habilidade de dissimulação do predador. Outra parte, por opção pela omissão diante de um crime complexo, a violência sexual contra vulneráveis. Aquela porção da sociedade que afirma “botar a mão no fogo” para defender um psicopata que posa de ilibado. Essa é uma competência essencial do predador sexual: enganar todos. Colecionar “troféus” de credibilidade, arrastando a família, os técnicos, e os agentes de Justiça, lhe proporciona uma sensação de êxtase.
O professor de Direito de Família, que exercia até a coordenação do mestrado do Instituição de ensino do Ministério Público, foi denunciado, até agora, por 16 alunas e jovens. Seu modus operandi incluía a sedução, período em que se fazia de príncipe fofo, a condução para um apartamento seu, talvez preparado, para a fase seguinte. Fechada a porta, as meninas/alunas do curso de Direito, eram dopadas, fortemente dopadas. Assim não tinham nem como dizer o “não”. Tornavam-se pré cadáveres, completamente inertes, eram fortemente espancadas e estupradas com violência. Há 12 anos ele repetia esse mesmo modus operandi em busca de um gozo que não era o sexual.
Existe na literatura psicanalítica, atribuída a Freud, o conceito de Pulsão de Apoderamento. Essa pulsão, diversa da pulsão de vida e da pulsão de morte, é não sexual, é a primeira e se constitui em obstáculo para a Empatia e a Compaixão. Seu derivado principal é a crueldade.
Venho insistindo para pensarmos o estupro de vulnerável como não sexual, apesar de se encenar no campo sexual. A prova do que afirmo é que não há nenhuma sensualidade no corpo de um bebê de 2 meses, por exemplo, contrariando o desvio feito por pessoas que querem culpabilizar as meninas púberes ou as adolescentes, como se isso fosse a única faixa etária violada. O Negacionismo, mais uma vez, aparece porque temos meninos sendo estuprados por seus genitores, sem que haja conexão com a homossexualidade desses genitores, todos casados, com filhos, e assim querem continuar. Tanto o menino, e mais ainda o bebê não provocam atração sexual em seu genitor. E os bebês são explorados pelo trabalho sexual escravo a que são submetidos para a produção de vídeos vendidos na internet. O mercado desse apoderamento é muito fértil.
Mas, com a onda de conservadorismo fundamentalista, mergulhamos em águas turvas de moralismos rasos, que têm sido usados para favorecer predadores. O Aparelhamento de Instituições, estratégico para esse propósito da defesa de criminosos, presta serviço com o acobertamento de crimes de incesto. Instituições que deveriam ser de Proteção, usam de distorções de conceitos de pseudociência para desqualificar a voz da vítima. A Palavra da criança é, na retórica, de muita importância. Mas técnicos caíram na invenção de “falsas memórias” para o que a criança relata. Não importa a ausência de comprovação científica, nem a ausência de bom senso. Uma criança de 4 anos que descreve um ato libidinoso praticado pelo genitor, com detalhes, referências ao ambiente onde acontecia, desenha a cena, brinca com os bonecos repetindo palavras e gestos bem encaixados ao ato que relata, é logo descredibilizada como se fossem apenas “falsas memórias”, implantadas pela mãe. Como se isso fosse possível. O desprezo pela realidade do desenvolvimento cognitivo é uma afronta a quem estuda de maneira responsável. A memorização de zero a 11 anos só se dá por raciocínio concreto. Os peritos e peritas deveriam saber. Apenas, e tão somente através dos sentidos, visão, audição, olfato, paladar e tato, a criança vai, gradualmente, descobrindo o mundo. Somente pela vivência. Para uma mãe efetuar essa implantação com palavras seria impossível. Se a criança não experimentou, não vai memorizar. Os atos de abusos sexuais contra a criança conjugam alguns sentidos para que possa haver memorização. Ou seja, é necessário que a criança escute palavras de ordem, que sinta o contato em suas partes íntimas, ou que tenha a experiência do tato ao pegar nas partes íntimas do adulto, que veja, que sinta o cheiro ou o gosto. Não tem como decorar palavras que não fazem parte de seu acervo verbal, só porque a mãe mandou. Assim ela mesma embarcaria na primeira vez que o examinador lhe perguntasse “como? Me explica melhor”.
Mas, é o que mais se lê nos laudos de crianças que contam suas experiências com a dominação exercida e acobertada por falsas alegações de pseudociência. Há algumas semanas um ex-deputado e médico foi preso por denúncia desse crime, que está cada vez mais raro nas páginas da justiça. Todos os genitores acusados alegam que a mãe da criança é louca, e alienadora. Mas, esse médico que foi acusado de ter atentado contra sua filha de 2 anos, já foi, “devidamente”, solto. Os bebês, que nem falam, quando manifestam rejeição pelo seu estuprador, a mãe é acusada de alienação parental, (como???), e o bebê é entregue ao genitor. Assim também, aos 2 anos ela não vai ser considerada, mesmo que use qualquer outra via de comunicação para dizer. As provas de materialidade nem sempre existem porque esse tipo de criminoso é meticuloso em não deixar vestígios. Mas quando a materialidade acontece, também é desqualificada e transformada em justificações absurdas, e ainda saem puxando jurisprudências. São abundantes e inescrupulosas: uma fissura anal em um bebê de 10 meses é desidratada de seu teor como sendo resultante de masturbação feita pelo próprio bebê. Além da ausência total desse comportamento, nunca antes observado por ninguém, seria, absolutamente, impossível o bebê manipular seu ânus quando ainda não aconteceu o crescimento dos membros superiores. Os bracinhos nessa idade são curtos, mal chegam para circundar a cabeça. Mas a realidade fisiológica não tem importância. Lançam uma masturbação e induzem o juiz ao erro. Sem lógica, e desidratando conceitos científicos que se tornam verdadeiras armas contra vulneráveis. Esta não é uma exclusividade dessa área. Outros crimes, alguns sociais, têm sido respaldados nesse percurso para seus cometimentos. Lembram?
O Aparelhamento também inclui a sonegação total de notícia. Um serial estuprador, professor de Direito de Família, é tão perigoso e devastador quanto a estudante de Direito que já está em todos os noticiários de grandes mídias abertas como uma “serial killer”. Por que ela sai em tudo e o Professor de Direito, presidente de um Instituto Nacional de Defesa de Direito de Família, só foi divulgado logo nos primeiros dias em poucas mídias virtuais? Acho que só uma única, e parou. Será que podemos entender onde anda o Poder? E o Princípio do Melhor Interesse da Criança? E a Lei Maria da Penha?
Quando vamos fundar a Cultura do Respeito às Leis em lugar dos Aparelhamentos que ocultam predadores? Quando vamos banir a Cultura do Estupro?
Ainda sobre o "Setembro Amarelo", mais um ponto.
Ainda sobre o “Setembro Amarelo”, mais um ponto.
Como todos sabem essa é uma maneira de dar um toque de Política Pública, dedicar o olhar para necessidades sociais para estimular todos a darem atenção aos problemas emergenciais. Existe o rosa do cuidado da mama, o azul do cuidado com a próstata, o laranja com o cuidado com a proteção da criança frente ao abuso e exploração sexual, por exemplo. A prevenção do suicídio ficou com o amarelo. Isso quer dizer que nesses meses concentramos todos em torno do motivo associado à cor.
Ocorre que já abordamos esse tema do setembro amarelo. Referimos uma situação de tentativa de suicídio compulsiva promovida por alucinações proprioceptivas, sensação de insetos caminhando pela pele que levam ao desespero. No caso referido, o paciente estava convencido, alucinação produz esse convencimento, que havia baratas caminhando em seu rosto, e entrando pelos olhos. A agonia chegou ao insuportável e ele passou a se bater com a cabeça e a tentar arrancar os olhos, no intuito de matar as baratas. Fraturou ossos do rosto e do tórax, chegou à exaustão, foi recolhido por uma patrulha à Emergência do Hospital Psiquiátrico de reconhecimento público como o local adequado. Foi internado, claro, mas teve alta no dia seguinte quando houve a troca do plantão. E nem foi chamada a família para levá-lo. Foi autorizado a sair pela porta naquele estado, porque pouquíssimo havia mudado em seu estado físico e nem mental.
Volto ao tema porque não sou contra a Reforma Psiquiátrica que trouxe um entendimento humanizado sobre os hospitais psiquiátricos, tão facilmente transformados em depósitos de doentes, que só tinham a cronificação como caminho, acrescido do abandono familiar. Refiro-me ao radicalismo de acabar com a internação, tão indispensável em situações severas. Não é possível se iludir com a possibilidade da família manter um doente grave com “amor e carinho”. O colapso da mente não reconhece amor nem carinho. Bater, violentamente, com as costelas e o rosto contra um carro, provocando fraturas de vários ossos, querer arrancar os olhos fora a ponto de ter sangramento importante, não é passível da intervenção verbal de ninguém, menos ainda de uma mãe. O que restou para ela foi buscar uma Instituição privada para interná-lo, são poucas já que a lei é para não internar mais, arrumar um transporte especial, como requer esse momento do paciente. Endividamento provável. Mais um problema.
Ele estava se suicidando. A tentativa de suicídio está no protocolo da necessidade de internação, porque precisamos como sociedade zelar pela vida dele. Qualquer paciente que der entrada numa emergência de Hospital Geral que tenha atentado contra sua vida, é do Protocolo que seja transferido logo que estabilizado para a internação psiquiátrica.
No entanto, vemos que o banimento da internação psiquiátrica como garantia de vida do paciente tem sido radicalizado, em momentos cruciais. Longe de mim, muito longe, não reconhecer o benefício dos novos institutos. A chegada dos CAPS, Centro de Atendimento Psicossocial, dando suporte à população com vulnerabilidade social, abrangendo o acompanhamento para além das crises, orientando as famílias, buscando uma funcionalidade tangível para o paciente, é mais uma “estrela” do SUS. Por vezes, também há ajuda do CREAS, Centro de Referência Especializado de Assistência Social, que traz orientação e assistência familiar.
Poucos dias depois desse lamentável episódio de tentativa de suicídio, me foi pedida ajuda para um paciente com diagnóstico de esquizofrenia, em surto, agitado e perseguido, que a família não encontrava lugar para internar. Expliquei sobre a política antimanicomial vigente, não conhecia o paciente, mas a família me informou que sua mãe também tem o mesmo diagnóstico e é uma sobrinha, prima do paciente quem dá o suporte para os dois. A família levou para a mesma Emergência Psiquiátrica, de Referência.
No dia seguinte, liguei para saber se tinha dado tudo certo. Ouvi que foi aquilo que tinha prevenido, o médico conversou um pouco com o paciente, medicou e decidiu que não precisava internar, e mandou para casa. Foram. Às 4 horas da manhã ele acordou e pulou pela janela.
Ficaram as culpas e aquelas perguntas que começam pelo “e se”. São esses rigores, para esvaziar a internação, que deveriam ser considerados. Alguns apontariam um erro do avaliador. Discordo. Não havia ideação suicida explícita. Havia um mal-estar psíquico insuportável, que, possivelmente, como ocorre com frequência ele mesmo o paciente, escondeu do médico. Isso é comum, o paciente reúne todas as forças para dar a impressão que não está tão desorganizado como estão falando. É preciso ter uma longa experiência para captar essa tentativa de melhorar que o paciente busca. Matar as baratas ou acabar com um enorme e perturbador mal-estar psíquico pode levar ao suicídio.
Pode ser que esses sejam os únicos casos, que sejam a exceção. As exceções da política antimanicomial. Penso, no entanto, que a vida não é uma exceção para seu dono. E isso não é uma denúncia, é um convite à reflexão. Houve uma Resolução, não lembro o número, do STF que até fevereiro de 2025, todos os Manicômios Judiciários deveriam ser extintos, fazendo parte da Reforma Antimanicomial. Vale ressaltar que essas Instituições são detenções de doentes mentais, assim considerados, que cometeram crimes de homicídio, por exemplo, movidos pelo distúrbio psíquico. A vontade jurídica é fechar as portas, e tratar ambulatorialmente. Penso que pode ser ruim para a sociedade que já acumula uma densidade de psicopatas por metro quadrado, que é muito grande.
Mas, parece-me que neste momento de severa desorganização mental, a única coisa que pode, e deve, ser oferecida ao paciente é a internação que garanta sua vida. Pular essa etapa, por conta de uma ideologia, é muito arriscado.
Ainda sobre o Setembro Amarelo
Ainda sobre o Setembro Amarelo, o Suicídio.
Em Setembro concentramos nossos olhares para esse ato tão provocador, tão enigmático, tão desconcertante. Quando alguém atenta com êxito contra a própria vida, resta sempre a pergunta: por que? E temos dificuldade de seguir sem a resposta. Nunca saberemos. Suportar esse nunca saber é, por vezes, insuportável. E começamos a dar as nossas explicações que nunca serão abalizadas. Mas tentamos nos convencer que “temos razão, foi por causa daquilo” A impotência incomoda demais.
Estamos refletindo sobre o suicídio planejado, e decidido por motivos que não alcançamos. Faz-se necessário que coloquemos à disposição a escuta, a ajuda amiga ou profissional, com solidariedade e empatia para tentar demover uma ideação suicida. Instituições de escuta e atendimento à distância devem ser bem amparadas, e os voluntários bem cuidados para que cuidem.
Infelizmente, só agradecemos, aos voluntários dessa escuta tão difícil. Não vejo uma Política Pública de Cuidado que alimente e sustente esses ouvintes especializados nessa quase Arte. Aplaudimos. Só.
Gostaria de trazer uma questão que tange o suicídio tentado por outro motivo e uma Política Pública que desampara, completamente, aqueles que tentam matar a dor que está matando. Refiro-me aqui aos pacientes psiquiátricos que entram em surto com alucinações proprioceptivas. Essas são alucinações que fazem o paciente acreditar que existem bichos, insetos, cobras, caminhando pela sua pele. Esse tipo de alucinação é frequente em usuários de álcool, nos estados de delirium tremens, em usuários de cocaína, e em algumas esquizofrenias.
Os episódios de alucinações proprioceptivas levam o paciente ao desespero. Acompanhei há pouco tempo, mais uma vez, um ataque de baratas que entravam pelos olhos, que promoveram uma tentativa de suicídio. O paciente correu pela rua, entre os carros, batia, compulsivamente com a cabeça contra os carros, tentou ser atropelado, fraturou alguns ossos da face, 3 costelas, provocou hemorragias nos olhos. Foi levado pela polícia que o socorreu à Emergência de um Hospital Público. Atendido, “atendido”, Raio X que constataram as fraturas, estancada a hemorragia dos olhos, e liberado, sem acompanhamento de ninguém. Sua mãe entrou no circuito e procurou uma internação psiquiátrica. Em Clínicas particulares, havia exigências do tipo não receber com lesões físicas. Como assim? Não estudaram esse quadro? Foi conseguida uma vaga no Hospital Psiquiátrico Público, que o internou, mas, deu alta no dia seguinte. Sim! Deu alta em 30 horas. Pasmem! Sem a presença de nenhum familiar. Quem sabe o novo plantonista, seguindo à risca a determinação da Política Antimanicomial, tenha desconsiderado os hematomas, o inchaço dos ossos quebrados, e menos ainda as baratas. Sabemos que quem executa a Política é um humano, então...E ele saiu a pé rodando pela cidade até que chegou em casa à noite. Recomeçava a saga de buscar uma internação particular.
Este é um ponto a ser pensado. A Política Antimanicomial imagina que a importância da “família” do paciente abarca essas situações. O STF já determinou que se fechassem todos os leitos psiquiátricos seguindo o discurso de abandono, pela família, de pacientes psiquiátricos nos hospitais. Não estou defendendo os depósitos desses pacientes, sabemos de casos que o paciente passou o resto da vida morando no hospital. Mas será que não haveria um trabalho a ser realizado por assistente social e equipe médica, que orientasse e desse respaldo às famílias para que elas, junto com a equipe psiquiátrica, pudessem prestar a assistência que o paciente precisa? Alguém, baluarte da Política Antimanicomial, já viveu uma situação desse tipo dentro da família? Uma família não consegue arcar sozinha no cuidado da doença mental de um de seus membros. É até poético dizer que a família tem que cuidar do paciente, mas alguém já verificou o que é causado por um paciente psiquiátrico, em surto, numa comunidade, num prédio? E do mesmo jeito que ele atenta contra a própria vida quando têm alucinações proprioceptivas, ele atenta contra a vida do outro quando está tendo um delírio persecutório. A doença mental não respeita Direitos do Outro, nem do próprio. Se respeitasse não seria diagnosticada, haveria adequação à sociedade do entorno.
Fecham-se os leitos psiquiátricos em nome de inserir o paciente em sua família, mas nada é feito para habilitar, o possível, essa família para contê-lo sem que cometa um crime. É muito bonito, mas é desumano, é cruel, se deixar um paciente entregue a seus delírios e alucinações em nome de evitar que sua família não o recupere mais de uma necessária internação. Não podemos esquecer que a internação é uma proteção para o portador de doença.
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
As Aparências Enganam, Um Serial Estuprador Parte IV
As Aparências Enganam, Um Serial Estuprador
Parte IV
Uma pergunta não quer calar: por que nenhuma palavra sobre o caso do Professor de Direito de Família acusado de estupros em série? Por que? Será que o Instituto Nacional a que ele pertencia e do qual era Presidente da Seção de seu Estado, tem tamanha força para impedir que a sociedade perca a oportunidade de tomar conhecimento de, pelo menos um exemplo, de dissimulação bem sucedida por uns 12 anos. Não podemos precisar o tempo, e menos ainda o número de vítimas, desse êxito do professor. Talvez desde sempre. Talvez sejam centenas.
Alguns pensariam que é o “segredo de justiça” que determina a preservação de professor e vítimas que vai proteger cada vítima. Mas por que há desigualdade nessa regra? Essa semana foi ampla a divulgação das imagens de uma “serial killer”. É uma raridade ser uma assassina em série, sabemos, mas esta estudante de Direito, curso que ocupa espaço midiático ultimamente. Talvez, justamente, por ser mulher? Mas a ausência total de preservação, sugere que há diferenças e privilégios. Segredo de Justiça para uns, exposição aberta para outros, ou outras.
Importante para toda a Sociedade saber quais pessoas são capazes de cometer atrocidades, suas fotos serão divulgadas. No Estado de Alagoas agora é Lei. No Estado vizinho de Pernambuco, uma mulher que levava a filha criança no banco de trás do carro, foi parada numa blitz e o PM a levou para um “quartinho” no Posto da PM e a estuprou. Com a anuência silenciosa de seus colegas. Mas o corporativismo seguiu. Quando foi à delegacia denunciar, a colocaram em contato com a Corregedoria, que lhe mostrou fotos dos policiais possíveis do cometimento do crime, ela reconheceu seu agressor. Mas nada foi feito, ou comprometido com ela. Apenas a retirada desses policiais do serviço das ruas, passando para o setor administrativo. E deixando a vítima desamparada. Ou alguém teria sossego, sabendo que seu agressor, e companheiros, têm toda a possibilidade de achar e silenciar a denunciante. Quem estupra, mata. Vestido de Policial Militar, em exercício de seu trabalho, fiscalizar as vias públicas para promover a segurança pública, usando uma instalação do Posto da Polícia Militar, é demonstrativo do tão à vontade está para realizar sua crueldade. Impunidade garantida em escalas.
Assim também o desembargador de Estado do Sul, que, numa audiência de caso de Estupro de Vulnerável, menina de 12 anos, resolve fazer discurso para expor sua avaliação das mulheres: “a mulherada está louca, só está querendo um elogio, uma piscada de olho, elas é que estão assediando, atacando”. Foi gravado em áudio e vídeo. E ele desinibido. Já tinha sido denunciado por assediar suas secretárias de gabinete, razão pela qual há uma regra entre elas, nunca ficar sozinha com o desembargador, só o atendem em dupla, depois que, inclusive, uma vez que tinha pedido um livro no alto da estante, a moça que subiu para pegar levou uma mordida no glúteo. As denúncias chegaram ao CNJ, o Conselho Nacional de Justiça. E, seguia julgando, em 2ª Instância. Julgando? O discurso da “mulherada” assediadora, tarada, quando havia uma menina de 12 anos estuprada, pedindo proteção.
É muito difícil lidar com um psicopata. Refiro-me não ao genérico que hoje foi disseminado como definição para os portadores de distúrbios mentais. O psicopata é o perverso que não sente empatia, não tem compaixão e tem seu gozo supremo na dominação que esmaga o outro. É o prazer pela aniquilação do outro. Não é sexual. É uma busca incessante de Poder cada vez mais absoluto. A Pulsão de Apoderamento é compulsiva, se repete sempre no mesmo modus operandi.
É espantoso como agentes peritos e peritas afirmam que aquele homem não abusou a criança. E isso é aceito. Quando é uma denúncia feita pela mãe, lhe é pedido que apresente provas materiais. Mas a voz masculina prescinde de comprovação. A lei de alienação parental que dá respaldo aos genitores que praticam violência sexual ou física, é uma lei testosterona que convence a perícia de que não houve abuso. Como se pode afirmar isso?
Aliás, um crime que não é provado não quer dizer que ele não tenha acontecido. Ou o criminoso é muito competente, ou os avaliadores e suas avaliações são precários e falhos. Afinal, quem matou P.C. Farias e sua namorada? A resposta à época, foi que uma matou o outro, ao mesmo tempo, ele matou a namorada e a namorada o matou. Então, se não se provou a autoria do assassinato dos dois, isso quer dizer que P.C. Farias e a namorada não morreram? Não houve crime, então? Essa é uma ilógica maneira de avaliar e induzir o julgamento, frequente nas violências contra mulheres e crianças.
E as aparências continuam gozando de grande credibilidade.
domingo, 12 de outubro de 2025
As Aparências Enganam, um Serial Estuprador.
Parte III
Quem vê cara não vê coração. Quem vê cara não vê abuso.
Continuando a pensar sobre o professor de Direito de Família, coordenador do Curso de Mestrado, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família no seu Estado, era notório o “bom relacionamento” desse professor com promotores, juízes e desembargadores, o que ele fazia questão de registrar e publicar. Talvez como forma de intimidação para silenciar suas vítimas. Também fazia dobradinha com uma influente psicóloga, perita judicial, que dita inverdades com maquiagem de afirmações comprovadas, o que nunca o foram, e ministra cursos para habilitar técnicos a perseguirem mães que ousem denunciar genitores abusadores. Essa moça espalhou, sem cerimônia, que é um exagero dizer que fazer sexo oral na criança é estupro, negando assim o Conceito Jurídico de Estupro de Vulnerável que abrange qualquer, qualquer, ato de lascívia praticado contra a criança, incluindo até as práticas que não tocam o corpo da criança como os vouyerismos. Exemplo, assistir filme pornográfico com a criança. É considerado Estupro de Vulnerável. Como uma “lambida na p.p.ca”, na linguagem chula da moça, publicitada por ela mesma, não é? E nos links que enredam, ela foi madrinha de casamento do referido professor de Direito de Família que ainda está preso. Não sabemos por quanto tempo ainda. As brechas da Lei, soltam esses indivíduos com frequência.
Assim foi com um ex-deputado, que elenca vários títulos de ex, que foi preso sob acusação de Estupro de Vulnerável contra sua criança de 2 anos de idade. Não é difícil supor, supor, que a alegação de sua defesa deve ter sido que a criança não fala ainda e “logo” “é mentira da mãe por vingança”, “por ressentimento de ter sido trocada por outra”, falas prontas ditadas pelo Instituto de Direito de Família, que acredita que toda mulher é vingativa. Essas pessoas que detêm o Poder nas Varas de Família e induzem os Juízes ao erro, seguem à risca o guru e inventor do termo alienação parental, Gardner, chegam a interpretar a mitologia grega para uma justificação, sem justificativa, que mães alienadoras são mães devoradoras, Medeias que devoram seus filhos por vingança.
Assim, até mesmo as provas materiais são desqualificadas. Afirmam absurdos como a explicação de fissuras anais causadas pela própria criança, esquecendo-se que a criança não teve ainda o alongamento dos membros superiores, os braços, para alcançar o ânus, e que essa não é uma zona erógena nessa fase do desenvolvimento. Mas, nada disso importa. É uma alienadora.
Mas, e as responsabilizações pelas arbitrariedades cometidas e as induções a resultado de violência continuada, patrocinadas por um Serial Estuprador? Os abusadores intrafamiliares são estupradores continuados. Não houve um abuso. As práticas são em série, nenhum abuso é ato isolado. Cada vez que uma criança descreve um abuso, isso quer dizer que só agora ela conseguiu falar do que vem acontecendo há médio e longo prazo. É um crime múltiplo, repetido.
Quando voltamos a falar de Estupro de Vulnerável contra criança é porque o Professor de Direito, Serial Estuprador de alunas usava a hierarquia como arma para submeter suas vítimas/alunas à violência sexual que tanto lhe era buscada. É igual ao genitor, o lugar de hierarquia garante a submissão. O Marquês de Sade sentiria inveja.
Nesse ponto retorno também à minha tese sobre o Prazer pelo Poder Absoluto, encenado, e apenas encenado, no campo sexual. Encontrei no texto do Antônio Trevisan, publicado na Revista Cult de Setembro 2025, a fundamentação do tesão pela crueldade. Transcrevo: “Longe de reconstituirmos a trajetória psicanalítica da crueldade, vamos nos concentrar em uma de suas faces menos exploradas – e talvez ainda pouco reconhecidas: a da crueldade em sua forma não sexual. Uma dimensão que não se confunde com a pulsão de morte e que remete à esquecida pulsão de apoderamento, verdadeiro ponto cego da teoria e da clínica”. A crueldade proporciona um prazer específico, não sexual. E, sendo repetida, ela não tem conexão com o sistema de culpa, não passa pelo crivo de avaliação e de pontuações. Todos temos vestígios de crueldade que ficam no nível de um desabafo, de um desejo motivado pela crueldade praticada por um outro. Mas que logo desperta o corolário de valores Éticos e Morais, e murcha por ali mesmo.
No entanto, há indivíduos que elegem uma área para destilar sua crueldade, mantendo a pose de “bons moços”. Assim acontece com os Estupradores de Vulneráveis. Mesmo que sejam delicados em suas práticas, que primem por não deixar marcas visíveis, a crueldade é o propósito.
Precisamos assumir a responsabilidade profissional incluindo o uso da hierarquia como arma para imobilizar a vítima de estupro. Ressaltando ainda que também é crueldade fazer uso do conhecimento teórico ou do título profissional na distorção e na banalização de crimes, numa hierarquia cruel de indução ao erro. Usar a autoridade do conhecimento. Pela distorção, é um ato de crueldade. Promove o mesmo tipo de Prazer do Poder que os atos libidinosos que são ocultos. Negar a gravidade da crueldade de uma “lambida” numa criança de 2 ou 3 anos, é minimizar e acobertar um estupro de vulnerável.
Psicopatas são 5% da população. Não acredito nesse índice, quantos são ocultos? Quantos não chegam aos registros nem policiais e menos ainda judiciais. E, ainda mais, gozam de grande prestígio nos grupos sociais que circulam, incluindo a família extensa, porque são tidos como “ilibados”. Essa é uma exímia habilidade do psicopata. Dissimular com maestria. A Justiça é presa fácil para um “bom psicopata”. Os Juízes imaginam que foram ungidos, que têm o dom divino para fazer a leitura da bondade e da idoneidade pelos olhos do criminoso. “Eu olhei bem nos olhinhos dele e vi que é pessoa ilibada”, escreveu o Juiz em sua sentença de 70 páginas. Precisou de muitas linhas para sustentar a defesa do criminoso. Pretender-se um leitor de olhos como se fosse uma leitura de código de barras, é um perigo para toda a sociedade.
As Aparências Enganam, um Serial Estuprador.
Parte II
E o Serial Estuprador teve medidas restritivas e tornozeleira. Mas, ainda bem, que a Delegada encarregada do inquérito, entendeu que ele precisava ser preso. Ela pensou nas vítimas que não iam denunciá-lo enquanto ele estivesse livre. Essa é a situação mais comum: a vítima fica acuada, intimidada, recebendo ameaças do predador e muitas vezes, das Instituições que levam títulos de “protetoras”, só título.
O professor de Direito de Família está preso. E agora que as denúncias não param de chegar à Delegacia, as Instituições que o abrigavam, garantindo legitimidade, prestígio, autoridade técnica, tentam se desvencilhar do fato de o terem em alto em seus quadros. É incrível. Mas insistem em dizer que não tinham nada a ver com as suas práticas macabras e bárbaras. Trabalharam juntos por mais de uma década, eram compadres e comadres sociais também, mas apressam-se em dizer que “as mães”, estigma das pessoas que ousam denunciar os estupros de vulneráveis intrafamiliares, portanto, incestuosos, ousam “tentar macular” a reputação ilibada de criminosos sexuais. Mas, seguem dobrando a aposta de que as mães são loucas, afirmando que as Instituições às quais pertencem, continuam “ilibadas”, se esquivando de se pronunciar claramente contra as práticas criminosas que se avizinhavam, e estavam no “deep solo” em que todos pisavam.
O Serial Estuprador seguiu altivo, investido de sua postura arrogante, sem algemas, para a prisão temporária, para que outras vítimas possam se encorajar para ir até a Delegacia. Tenho certeza que algumas delas, mesmo com sua prisão e depois com sua condenação, não farão a denúncia do estupro brutal sofrido. A dor de uma mandíbula deslocada ou fraturada, de inúmeros hematomas, de um corte na região vaginal que precisou ser suturado e permanecer em hospitalização, não permite que se experimente a segurança de ir relatar para a Polícia e, tomara, para a Justiça. O professor se mostrou muito poderoso, absoluto, para todas as suas vítimas. E excedia esse gozo de Poder ao dopar as alunas e outras moças, para ter um pedaço de carne que não reagia a nada. Nunca saberemos sobre suas ferramentas, seus instrumentos de tortura, os concretos. Só imaginamos por esse simulacro de Necrofilia o primitivismo e a barbárie de sua mente que planejava e executava sequencialmente esse ritual ultra perverso.
Assistir um vídeo do colunista Paulo Germano que, brilhantemente, falou sobre o que chamou de “vitrine de caça”, montada por professores para “pegar” alunas. E, precisamente, entre outras coisas que apontam para sua lucidez Ética, chama atenção para o uso da hierarquia por criminosos sexuais. As vítimas do referido professor tinham essa assimetria com a figura de autoridade, a autoridade de conhecimento e a autoridade da retaliação nas notas do curso. Já vimos isso há algum tempo atrás com um tal João, líder religioso, outra hierarquia muito usada por predadores, dos pequenos aos severos. Aquele João foi denunciado por anos a fio por uma filha a quem abusava, e que nada era considerado de suas queixas. Foi necessário que uma mulher estrangeira fizesse uma denúncia de fora para dentro e uma instituição séria de defesa de mulheres vítimas de violência, se dedicasse na insistência das muitas denúncias que não atravessavam a blindagem do predador.
Com a Maria da Penha também foi necessário que a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenasse o Brasil pela omissão na proteção daquela mulher que entre outros atentados intrafamiliares, tomou um tiro que a levou para a cadeira de rodas para sempre. E, dentro da condenação ao país, havia a exigência de uma Lei de Proteção de Combate à violência contra as Mulheres brasileiras. Foi assim que construímos a Lei Maria da Penha.
No entanto, temos consciência que a existência de uma Lei, por melhor que ela seja, como no caso, não é suficiente para que homens violentos e inescrupulosos, precisamos demolir essa cultura do estupro como prazer masculino. Os índices de Feminicídio crescem em progressão geométrica, apesar da Lei. Quantas mulheres são assassinadas com a Medida Protetiva de Urgência nas mãos. E quantas são espancadas até a morte depois que um juiz revoga sua Medida Protetiva, sob o argumento de que o indivíduo violento já “melhorou”. Deveria haver cobrança de Responsabilização para os agentes que cometem erros tão grosseiros, ou os que induzem aos erros grosseiros com laudos psicológicos vendidos.
Os homens podem ser bons e não deixam de ser homens, não perdem, ao contrário, ganham masculinidade. E as mulheres/mães não são loucas quando buscam proteção para um filho ou filha, obedecendo ao Art. 13 do ECA. A denúncia de suspeita ou confirmação de crime contra a criança, é obrigatória.
O uso da hierarquia numa pretensa conquista amorosa, a torna uma trapaça, como falou o colunista, uma arma violenta. Não precisa de muitos neurônios para localizar o prazer maior do professor de Direito de Família. Como venho refletindo, apesar dos estupros, o que inclui todos os comportamentos lascivos, inclusive sexo oral numa criança, há uma profissional que minimiza essa prática afirmando que não é nada, se efetivarem no campo sexual, o Prazer buscado pelo estuprador é o do Poder. É com a sensação gloriosa e recheada de onipotência, que inclui enganar a todos com uma postura “ilibada”, que leva ao Gozo Supremo. Essa sensação de ser superior aos pobres mortais, ludibriados debaixo do nariz, é o saldo do estupro. Para o predador, o regozijo total.
No caso do Professor de Direito de Família, função de liderança e de formação de profissionais, advogado renomado, fica a suspeita de que, talvez, houvesse um “clubinho de estupradores”. Afinal levar cenas dessa magnitude para seus pares, seria mais uma condecoração, entre tantas que já recebia. Ele já defendia abertamente, uma tese, que pais violentos e abusadores deveriam permanecer em “convivência normal” com seus filhos vítimas. Ao que era, é, seguido pelos seus correligionários em credo desse tipo de Direito de Família. Em causa própria? Em causas próprias? Uma Seita de desqualificação da mulher e das crianças. Tudo sob os auspícios da justiça e de defensores do Direito de Família? Quando teremos Responsabilizações?
As Aparências Enganam, um Serial Estuprador.
Parte I
Eles são vários. Estão por toda parte. Desafiam nossa capacidade de avaliação do caráter do outro. E nos ganham com facilidade nesse desafio.
Este, em pauta, era um professor de Direito de Universidade Pública, professor e coordenador de Instituição de Ensino do Ministério Público, na graduação e no mestrado. Ocupava o cargo mais alto de um Instituto Nacional de Defesa de Direitos no seu Estado, tinha retórica feminista, mas desde que a mulher que defendia como pessoa que tem que ter autonomia de seus desejos, não tivesse a ousadia de denunciar um homem por violência doméstica ou abuso sexual intrafamiliar.
Esse referido advogado, tido como autoridade jurídica pela sua produção autoral assinando livros, 18, e artigos sobre Direito de Família, e pela legitimação contínua realizada pelo Tribunal de Justiça de seu Estado a esse serial estuprador, permitiu que ele executasse seu ocultismo predador, por, pelo menos 12 anos. A primeira denúncia de estupro foi anônima, a Polícia se debruçou, e logo eram 4, depois 6 vítimas. Elas não se conheciam, muitas alunas do professor famoso e reverenciado, mas contavam as violências sexuais de maneira muito parecida. A notícia vazou, os vazamentos são providenciais porque o “segredo de justiça”, longe de preservar a vítima, protege, especialmente, o agressor, que sabe bem quem vitimou, e segue oculto nos trilhos da indulgência judicial. As mulheres são todas loucas, rancorosas, e portadoras de um buquê de diagnósticos, mesmo que incompatíveis entre si. Portanto, o segredo de justiça beneficia o predador, e torna a vítima mais vulnerável, porquanto instiga o ódio do predador. E não há nenhuma garantia de proteção por MPU, Medida Protetiva de Urgência, porque não são respeitadas. Quantos Feminicídios são cometidos na vigência de MPU!
Com o vazamento o número de vítimas dobrou. E não para de crescer. Somam 12 vítimas agora, enquanto estou escrevendo. Quando este artigo chegar no público, tenho certeza que já terão aparecido mais mulheres/meninas que, dopadas, foram estupradas com uma violência estúpida.
No Poder de um corpo inerte, um pedaço de carne que não consegue nem dizer que não é não, o moço de rosto angelical se travestia em criatura sub-animal, para depois dos crimes se reformatar em “humano”, rearrumando em sua dissimulação professor. Usava a hierarquia misturada à enorme sedução para obter o domínio absoluto do seu abate.
Necessário se faz nesse ponto, trazer o forte indício de uma tendência a práticas de necrofilia. Enorme a proximidade. Ao dopar fortemente a menina/mulher o predador passava a manipular uma espécie de pré cadáver. Uma experiência sexual violenta necrófila, que, ao final do efeito dos medicamentos administrados, ainda lhe rendia a sensação prazerosa e poderosa de ressuscitação daquele corpo saído da morte. As marcas, hematomas, lacerações, impressões de esganamento, estão impressas por todo o corpo, mas o medo, o pavor, a intimidação, paralisam e paralisaram essas vítimas. Para elas, restou o silêncio, o quadro de estresse pós traumático, os sintomas decorrentes das fobias instaladas pelos traumas, a falência social e afetiva permanente, e, certamente, algumas delas nunca, nunca, vão se pronunciar. Essa caixa preta ficará trancada para sempre.
O predador em série mantinha um ritual macabro repetitivo, que faria inveja até ao Marquês de Sade. Com intenso poder de sedução e de persuasão, expert em dissimulação, de fala mansa, delicada, mas retilínea na entonação, ele estava exposto aos pares, e ao entorno social. Curioso que ninguém nunca tenha percebido nem mesmo essa característica, a fala monocórdica. Onde fica a emoção? O hipercontrole assumia sempre sua comunicação.
De retórica, enganosamente, feminista, defende a autonomia de desejo da mulher, mas radical defensor da lei de alienação parental que promove a Privação Materna Judicial, retirando a criança do convívio com a mãe e a entregando ao genitor abusador ou violento, esse advogado defendia a manutenção do convívio e da guarda compartilhada quando os genitores forem, comprovadamente, agressores, apoiando-se apenas em ausência de conhecimento do que prejudica uma criança. A negação da Ciência está traduzida em uma frase sua: “a Ciência é um diálogo”. Então, é negociada?
Mas, não vamos falar de pontos que poderiam ter sido considerados para compreensão dessa criatura que vivia com um clone, diametralmente, oposto. Sabemos que esses tipos são meticulosamente cuidadosos em não deixar vestígios. Os abusadores de crianças são assim. Os crimes sexuais contra vulneráveis são crimes quase perfeitos.
No entanto, me chamou a atenção a fala de uma menina/mulher que disse ter falado, ter pedido ajuda várias, várias, vezes, e não foi escutada. E completou que pediu ajuda para essas pessoas que estão protegendo o serial estuprador agora. Já o estavam protegendo. A cumplicidade entre poderosos anula qualquer esboço de valores humanos.
Cabe aqui um questionamento sobre a excelente Lei Maria da Penha que contempla 5 formas de violência contra a mudar. Uma delas, a violência psicológica. Mas como sonhar com uma legislação sobre essa violência que causa danos severos, dá lastro à tortura psicológica, quando diante desse caso, por exemplo, vamos ver essas 12 meninas/mulheres serem descredibilizadas, serem taxadas como loucas, e mais um monte de diagnósticos psiquiátricos sem fundamentação de avaliação por profissional gabaritado, pois esses diagnósticos são dados por pessoas sem formação competente? Será que a palavra dessas vítimas, e das outras que ainda virão, será considerada?
Enquanto as vítimas são, frequentemente, desacreditadas, lembremos da Mariana Ferrer, da escritora Helena Lahis, e tantas outras, um juiz escreve: “olhei bem nos olhinhos dele e vi que era uma pessoa ilibada, a psicóloga da criança deve ser cassada pelo seu Conselho porque acreditou no menino. Não houve abuso sexual”.
Como?
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